Evento visa contribuir na capacitação dos professores que atuam nas redes de educação de form a assegurar o caráter laico do Estado (Foto: Alexandre Dornelas/UFJF)

Evento visa contribuir na capacitação dos professores que atuam nas redes de educação, de forma a assegurar o caráter laico do Estado (Foto: Alexandre Dornelas/UFJF)

“Estamos rompendo com o estereótipo de que a academia não se mistura com a realidade social e prática”. Essa foi uma das observações feitas pela professora Elisa Rodrigues, coordenadora geral do I Simpósio de Religião e Educação: diálogos entre teorias e práticas”, que teve início nesta sexta-feira, 13. Além da presença de pesquisadores da área, o evento realizado no Instituto de Ciências Humanas (ICH) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) contou com a presença de professores e professoras da rede pública e privada.

De acordo com Elisa, para trabalhar com religião nas escolas é fundamental que o professor tenha domínio do assunto e conte com instrumentos teóricos-metodológicos. “É possível haver uma imparcialidade desde que se tenha uma formação. Quando não há, o professor fala da sua própria experiência. Se for uma pessoa religiosa, vai acabar dando maior ênfase no que faz parte da sua própria crença, resultando em problemas de incompreensão e intolerância”. Além disso, a professora ressaltou a importância do diálogo e do respeito às diversidades religiosas.

No ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou o ensino religioso confessional nas escolas públicas. Ou seja, as escolas podem seguir os ensinamentos de uma religião específica. No entanto, o Simpósio visa contribuir na capacitação dos professores que atuam nas redes de ensino de forma a assegurar o caráter laico do Estado.

O evento contou com a mesa de abertura “Novas abordagens da religião na escola: Diálogo entre teorias e práticas”. A mesa teve a presença dos professores Andréia Silveira e Arnaldo Huff, da UFJF, e do professor do Grupo de Pesquisa de Educação e Religião (GPER), Sérgio Junqueira.

Junqueira deu início ao debate e comentou sobre a essência da comunicação e da linguagem no ensino religioso. Para o professor, a linguagem permite a ressignificação de diferentes campos, fazendo com que exista a distinção da conversa na visão religiosa e escolar. “Quando se fala a partir da religião, existe o intuito de querer que o indivíduo conheça a perspectiva por meio de determinada crença. Quando se fala a partir da escola e do conhecimento desse fenômeno social, há a colaboração para o entendimento das diferenças numa relação de convivência”. Junqueira ressaltou que o ambiente escolar não é um espaço para julgar os pensamentos, mas sim fazer com que o aluno compreenda os discursos religiosos e as diferentes tradições.

Já Huff abordou a relação entre religião e ensino religioso – como catequese e como ensino de valores. Ele também comentou sobre a intolerância religiosa e as consequências do crescimento do conservadorismo. Segundo o professor, a relação entre religião e educação é fundamental, mas deve ser trabalhada de modo que seja positiva para a sociedade. “A educação tem dois papéis: ou ela vai apequenar as pessoas diante das opiniões que são dadas ou vai possibilitar que as pessoas pensem na tolerância e num espaço democrático que seja respeitoso e fraterno”, declarou.

O Simpósio contou ainda com minicursos, com finalidade de dar ferramentas para os professores trabalharem na prática com conceitos, sistemas e discursos religiosos. O Simpósio continua neste sábado. A programação pode ser conferida no site do evento.

Outras informações
I Simpósio de Religião e Educação: diálogos entre teorias e práticas

ensinoreligioso.ufjf@gmail.com