(Foto: Assis Horta)

Registros de famílias e pobres operários das fábricas, em sua maioria negros e mestiços, são destaques na obra do fotógrafo (Foto: Assis Horta/Acervo Pessoal)

Contribuir para que o trabalho do fotógrafo brasileiro, Assis Horta, seja reconhecido no meio acadêmico. Esse foi o objetivo do mestrando Cleber Soares da Silva, que defendeu a dissertação intitulada “O olhar de Assis Horta: Tradição e dignidade em retratos de operários”, no Programa de Pós-graduação em Artes, Cultura e Linguagens.

Horta foi um dos mais produtivos e importantes profissionais do patrimônio histórico nacional. Seu levantamento fotográfico de Diamantina (MG), feito no final da década de 1930, serviu de base para instruir o processo de tombamento da cidade, em 1938, e para a obtenção do título de Patrimônio Cultural da Humanidade, em 1999, concedido pela Unesco.

Além do trabalho pioneiro desenvolvido para o Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), Horta teve importante atuação como fotógrafo em sua cidade natal. “Entre seus clientes de todas as classes sociais, destacam-se os pobres operários das fábricas, em sua maioria negros e mestiços, fotografados em poses que remetem à tradição dos retratos oitocentistas. São esses registros fotográficos o assunto principal da minha dissertação”, conta Silva.

Para desenvolvimento da pesquisa, o acadêmico realizou uma entrevista com o fotógrafo, – à época com 99 anos – e seus filhos; consultou materiais primários como cartas e depoimentos de Horta; documentos e correspondência entre o fotógrafo e seus chefes do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

Além da contribuição da pesquisa em “lançar um olhar” sobre o profissional e suas fotografias, o mestrando realizou um levantamento biográfico e documental. “No caso específico dos retratos das décadas de 1930/1940, além de dignidade, podemos observar naquelas imagens de trabalhadores – nos olhares às vezes tímidos outras vezes orgulhosos –, a certeza de que eram sujeitos de seus próprios retratos, não mais seres objetificados e explorados como nas fotografias, de negros escravos e ex-escravos, feitas desde a segunda metade do século XIX até os primeiros anos do século XX. A dignidade vista nas fotografias e o tratamento dado pelo fotógrafo aos clientes pobres é destacada na dissertação”.

Em termos culturais, da SIlva destaca que a obra de Assis Horta se torna referência como um levantamento fotográfico transversal que mapeou, quase que sociologicamente, a população operária do norte de Minas Gerais entre as décadas de 1930 e 1940. “O acervo desse fotógrafo, em especial suas fotografias de estúdio, agora mais conhecido, comporá obrigatoriamente o material de referência para estudos das áreas sociais e artísticas que tenham a região do Vale do Jequitinhonha, sua população e suas tradições como tema”.

Contato:
Cléber Soares da Silva (mestrando): clebersoares@dotzdesign.com.br
Profª. Drª. Raquel Quinet de Andrade Pifano (orientadora): raquinet.rqp@gmail.com  

Banca Examinadora:
Raquel Quinet de Andrade Pifano (UFJF)
Luís Alberto Rocha Melo (UFJF)
Ana Maria Mauad de Sousa Andrade Essus (UFF)

Outras Informações:
(32) 2102-3362 – Programa de Pós-Graduação em Artes, Cultura e Linguagens