Pesquisadora da UFJF visitou colégio e demonstrou como a ciência faz parte do cotidiano dos estudantes (Foto: Twin Alvarenga)

Pesquisadora da UFJF visitou colégio e demonstrou como a ciência faz parte do cotidiano dos estudantes (Foto: Twin Alvarenga)

Os estudantes do 7° e 8° ano do Colégio Equipe aprenderam, na manhã desta terça-feira, 24, que mesmo aquilo que seus olhos não vêem, o coração sente — pelo menos, no que se trata de alimentação. Em mais uma palestra integrante do projeto “A ciência que fazemos”, que busca a aproximação entre os cientistas da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e as escolas da região, a professora do Departamento de Física, Maria José Bell, visitou o colégio e demonstrou informações que sua área de conhecimento oferece, especialmente em relação à qualidade do leite que consumimos e suas alterações.

O intuito da palestra é levar para os alunos, de uma forma leve, a relação entre a ciência aplicada e sua relação com coisas que estão presentes em nosso dia a dia. Maria José focou sua apresentação em demonstrações relativas à física de alimentos, abordando as questões sobre o leite — que, além de ser um dos seus focos de estudo, também está ativamente presente no cotidiano dos estudantes.

Em sua introdução, a pesquisa conversou sobre novidades acerca das pesquisas científicas usando, por exemplo, o celular e suas novas funcionalidades e tecnologias, aproveitando essa deixa para tratar de assuntos como a física e a mecânica quântica, que se encontram “dentro” do celular; uma tecnologia aplicada atual também recorrente para os alunos.

Experimentos
O método científico e a pesquisa foram tratados pela professora relacionando-os com o leite, contando como é possível estudar o produto através do microscópio, com técnicas físicas e medição de massa e volume, que compõem o conceito de densidade. Como este ainda é um tópico pouco abordado dentro da sala de aula para os alunos do 7° e 8° ano, a professora realizou uma atividade após a palestra, que consistia em um experimento no qual os alunos realizavam a medida de volume de massa do leite para, assim, descobrir se o produto está dentro de suas especificações — ou seja, obedecendo a um padrão de qualidade, que é 1,02g/ml — e se pode ser considerado um padrão aceitável para o consumo. Assim, os alunos puderam descobrir qual leite estava aguado (abaixo do padrão) e qual leite estava adulterado (acima do padrão).

Visita faz parte do projeto "A ciência que fazemos" (Foto: Twin Alvarenga)

Visita faz parte do projeto “A ciência que fazemos” (Foto: Twin Alvarenga)

Cientista é excêntrico?
Para Maria José, o perfil excêntrico que é atribuído à imagem de cientistas contribui para que esse tipo de pensamento se torne fixo no imaginário da sociedade. “Sou uma pessoa normal, converso, não tenho cabelo branco esquisito. O cientista de hoje é uma pessoa comum que trabalha em equipe, não tem essa questão de trabalhar sozinho. Em todo lugar que eu vejo, são grupos de pessoas trabalhando em torno de um assunto”, exemplifica. “Então, o que fiz foi tentar desmistificar esse fato e me tornar mais próxima deles. ”

Os alunos do Colégio Equipe demonstraram um grande interesse pela área científica, observado através do entusiasmo e da participação que desenvolveram durante a realização do experimento orientado pela professora — durante o qual utilizaram balanças para a medição das massas dos leites e ampolas para colher o material analisado — e também, pela vontade e ansiedade em baixar o game “Eis a questão”, desenvolvido pela Universidade, que se trata de um jogo de perguntas e respostas, sobre materiais colhidos dentro da própria UFJF, que, ao ser completado, ainda indica ao estudante qual a área de conhecimento que ele mais se identifica.

Estudantes interessados
A participação dos jovens foi um ponto alto durante a palestra. Como o leite é algo presente em seu cotidiano, muitos contaram suas experiências com o alimento — como, por exemplo, relatos de quem toma o leite vindo direto da fazenda ou quem é alérgico ao leite ou é intolerante à lactose. A professora aproveitou a conversa como gancho para explicar para os alunos como são feitos todos os processos de cuidado com o leite, como, a retirada da lactose, substituindo por açúcar tradicional na composição do alimento, para benefício daqueles que são intolerantes.

Os estudantes também relataram grande interesse e conhecimento pelas áreas das ciências. O aluno do 8° ano, Lucas Alexandre, de 14 anos, conta que quer cursar medicina e que acredita que cientistas são capazes de ajudar no pensamento crítico da sociedade, tentando buscar o próximo nível de todos os assuntos, “pensando sempre à frente”.

A aluna Sara Singulani, de 13 anos, também do 8º ano, gosta de ciência pois se interessa em conhecer como acontecem atividades naturais do corpo humano, como respirar, comer e falar. Sara afirma que quer ser médica ou bióloga e, segundo ela, os cientistas são importantes por se interessarem em saber como acontecem vários fenômenos, sendo pessoas “interessadas em conhecer e saber”.

O projeto “A ciência que fazemos” ocorre durante toda essa semana em escolas públicas e privadas de Juiz de Fora, levando o saber e práticas científicas para a realidade de crianças e adolescentes.