Os avanços e os caminhos ainda por percorrer para o diagnóstico e a prevenção do autismo foram um dos temas debatidos na palestra “Transtorno do Espectro Autista: onde estamos, para onde vamos”, ministrada por Carmem Gottfried, professora associada da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), nesta segunda-feira, 22, na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). O evento faz parte do II Simpósio de Neuro&Ciência, que termina nesta terça-feira, 23, no auditório do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

(Foto: Gustavo Tempone/UFJF)

Carmem Gottfried, da UFRGS, ministrou a palestra “Transtorno do Espectro Autista: onde estamos, para onde vamos” (Foto: Gustavo Tempone/UFJF)

Estimativas apontam que uma em cada cem crianças nascem com autismo no Brasil. Não foi encontrada uma cura para o transtorno. Além das pesquisas com pacientes, modelos animais também são utilizados pelos cientistas com a possibilidade de testes de indução e reversão de sintomas. “Com os modelos animais, já temos estratégias onde conseguimos induzir comportamento do tipo autista e prevenir o surgimento desse comportamentos. E a indução e prevenção em modelos nos dá a chance de finalmente chegar no alvo. Como está sendo o gatilho do autismo, o que desencadeia o autismo, que alteração acontece. Então os avanços que temos hoje são através de modelos animais, indução, prevenção e reversão dos sintomas”, afirma Carmem Gottfried.

A professora e membro fundadora do Grupo de Estudos Translacionais em Transtorno do Espectro Autista (Gettea), na UFRGS, destaca o uso do ácido valproico em modelos animais. A substância presente em remédios antiepilépticos, se for absorvida em mulheres grávidas, pode aumentar em até sete vezes a chance de a criança ter autismo. “Nós administramos ácido valproico nos modelos animais e conseguimos reproduzir comportamento do tipo autista. Então, a gente consegue olhar lá no embrião para ver o que mudou após a exposição a esse medicamento. A gente ainda não conseguiu chegar no momento em que o ácido valproico promove o gatilho. Esse momento ainda a gente precisa compreender melhor”, conta a professora.

Além dos avanços que a pesquisa científica pode promover visando a melhora na vida de pessoas com autismo e a prevenção do transtorno, na avaliação de Carmem Gottfried, é fundamental que a sociedade entenda como funciona a mente de quem tem autismo. “São pessoas que pensam diferente. Mas se o entorno compreende como eles pensam, eles vão poder se inserir. Não se deve tratá-los como uma criança problema, como um adulto excêntrico. Mas sim como um encéfalo que trabalha diferente e que pode ser incluído no momento em que a gente compreende isso.”

A programação do II Simpósio de Neuro&Ciência segue até esta terça-feira, 23, com debates sobre temas como avanços em relação à Doença de Parkinson, variabilidade da frequência cardíaca e o uso de drogas no ponto de vista científico e no social.  

O simpósio é promovido pelo Laboratório de Neurofisiologia Cognitiva (LabNeuro).

Outras informações:
(32) 2102-3211 – Laboratório de Neurofisiologia Cognitiva (LabNeuro)