Congresso Neurologia Neurocirurgia

Palestra “Abordagem Clínica e Neurocirúrgica do AVC” focou em causas e tratamentos (Foto: Luiz Carlos Lima/UFJF)

As causas e os tratamentos do acidente vascular cerebral (AVC) foram alguns dos temas relacionados ao cérebro discutidos no II Congresso de Neurologia e Neurocirurgia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). A palestra “Abordagem Clínica e Neurocirúrgica do AVC” foi ministrada nessa sexta-feira, 5, pelos professores Leopoldo Antônio Pires e Carlos Eduardo Amaral, da Faculdade de Medicina.

O AVC acontece quando há uma diminuição da função cerebral, causada por interrupção da circulação de sangue no cérebro ou hemorragia. A doença é uma das principais causas de morte no Brasil e no mundo e tem um peso social grande, porque também pode deixar sequelas, na maioria das vezes definitivas.

“Segundo estimativas, 90% dos casos de AVC podem ser evitados, principalmente tratando-se os fatores de risco. O principal é a hipertensão arterial, seguido por diabetes, tabagismo, obesidade, sedentarismo, uso de drogas, principalmente a cocaína e o crack. É uma doença com múltiplas etiologias, mas o mais importante é que são doenças tratáveis”, afirma o professor Leopoldo Antônio Pires.

Ao contrário do que muita gente pensa, o acidente vascular cerebral pode acontecer em qualquer idade. Mais jovens estão tendo a doença devido a maus hábitos. Segundo o professor Leopoldo Pires, o tratamento do paciente após o derrame teve avanços nos últimos anos, mas ainda esbarra em um fator fundamental: o tempo.

“Ultimamente, o AVC tem tratamento de fase aguda. Mas, no mundo, só de 3% a 5% das pessoas têm acesso. O principal problema é tempo. Porque o tratamento venoso só é definitivo até 4 horas e meia após o início do quadro. Perde-se muito tempo com transportes, em aguardar consultas. E ao perder tempo, você perde cérebro. Outro problema é que no Brasil, as unidades de tratamento de AVC ainda são raras.”

Neurocirurgia se torna aliada no tratamento

Pacientes vítimas de AVC têm contato com auxílio cirúrgico cada vez mais expressivo. De acordo com o professor Carlos Eduardo Amaral, até pouco tempo, esse tratamento era principalmente clínico, com uso de medicamentos ministrados por um neurologista. “Nos últimos quatro, cinco anos, principalmente a partir de 2015, a abordagem cirúrgica para tirar coágulos de dentro do vaso e desobstruir o cérebro ganhou importância e evidência na literatura. Então, a exemplo da cardiologia, a neurocirurgia, está começando a assumir o atendimento inicial do paciente que teve AVC”.

Outro complicador relacionado ao acidente vascular cerebral está na dificuldade dos pacientes em identificar sintomas de derrame. Ao contrário do infarto, os sinais de AVC não são tão difundidos. “As pessoas não sabem identificar. Uma dor de cabeça súbita, a mão parar de mexer, a fala que começa a alterar, a visão dupla, dormência em metade do corpo, tudo isso pode ser um AVC. E o ideal é que se procure um serviço médico o mais rápido possível para o tratamento ser o adequado”, indica o professor Carlos Amaral.

A programação do II Congresso de Neurologia e Neurocirurgia da UFJF segue até este sábado. O evento é realizado pela Liga Acadêmica de Neurocirurgia. Confira a lista completa de atividades no link.