Plágio vai desde uso de frases sem citação, paráfrases sem fonte ao excesso da replicação de conteúdo próprio

Plágio vai desde uso de frases sem citação, paráfrases sem fonte ao excesso da replicação de conteúdo próprio

Ao escrever artigo acadêmico, trabalho de conclusão de curso ou outra pesquisa, o autor deve tomar cuidado para não cometer plágio, que pode ser mais comum e tênue do que se imagina. A detectação da prática, no Brasil, já levou à recusa de artigos e à perda de titulação do pesquisador.

O plágio mais grotesco é a cópia integral de um trabalho, mas há a versão parcial ou com tópicos sutis, que podem ser detectados por programas e sites (veja abaixo).  No plágio, o texto é, em geral, uma mistura com cópias de parágrafos e frases de outros autores ou de ideias e conceitos parafraseados sem a citação da fonte original. Quadros, tabelas e imagens copiadas sem a correta indicação da fonte ou autorização também se encaixam nesse exemplo.

Como evitar
Conforme o professor do Mestrado Profissional em Educação Matemática da UFJF Marco Aurélio Kistemann, para que o plágio não ocorra, o estudante deve solicitar orientação de professores e pesquisadores mais experientes. “A escrita de um texto científico decorre de pesquisas prévias em várias fontes, primárias ou não, de confirmação dessas fontes e do exercício de escrita.  Nesse sentido, ser orientado por quem já aprendeu a escrever e citar corretamente faz parte do percurso que possibilitará a gênese de pesquisadores éticos e responsáveis por produzir pesquisas originais ou derivadas de outras.”

Participar de palestras, ler cartilhas, tutoriais e acessar sites sobre os prejuízos de pesquisas copiadas são outros métodos que podem auxiliar. A leitura constante, o exercício da escrita e a avaliação frequente entre os pares também contribuem para produções autorais.

A partir das orientações, o autor deve seguir as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). A UFJF tem uma página destinada a esclarecer dúvidas a respeito da formatação de citações e referências. 

Dicas rápidas para evitar plágio _ Arte Paula Januzzi / UFJF

Dicas rápidas para evitar plágio

Autoplágio
Outro tipo de plágio que tem ganhado discussão é a cópia de conteúdo publicado pelo próprio autor. Um exemplo é usar artigo enviado para uma revista científica e depois reescrevê-lo para ser apresentado em um congresso.

Há ainda, conforme o professor, a produção “salame”, quando se usa trechos de um artigo e os distribui em outros trabalhos. “Essa modalidade ainda vem sendo apurada pelas agências e somente quando é detectada, o autor recebe parecer solicitando mudanças no texto.”

O autoplágio pode visar “aumentar o número de artigos publicados, buscando maior visibilidade na comunidade científica e obter financiamentos para pesquisas”, segundo Kistemann. Há ainda, conforme o docente, invenção ou manipulação de dados para forçar um resultado.

Ética e violação
Na UFJF, não há sanção disciplinar ao plágio prevista especificamente no Regimento Acadêmico da Graduação. Mas há o risco de punição. Cada programa de pós-graduação e unidade acadêmica possui orientações sobre o uso apropriado de normas e metodologias científicas. Constatado o caso, o falsário pode ser enquadrado no crime de violação ao direito autoral, no artigo 184 do Código Penal brasileiro.

“Há que se estabelecer diálogos orientadores sobre o quê, como e por que ser ético na escrita científica”

“Em termos éticos, plagiar constitui-se como uma transgressão grave das normas de conduta científicas, confirmando a desonestidade intelectual para se acumular artigos publicados e prestígio na sociedade científica”, ressalta o professor Marco Aurélio.

“Em suma, é necessário uma revisão do próprio sistema que, muitas vezes contribui ao eleger somente o número de artigos publicados – sob o viés quantitativo -, para a concessão de bolsas e benefícios financeiros para realização de pesquisas. O viés qualitativo também deve ser considerado, bem como, outras produções poderiam compor o quadro para concessões.”

Programas
Existem diversas ferramentas, entre sites e programas gratuitos e pagos, que podem descobrir se alguma parte do trabalho foi plagiada, como Turnitin, Plagius,  iThenticate, Plagiarism detect, Ephorus, Jplag,  Farejador de Plágio e DOC Cop.

Conforme o site, há trabalhos cadastrados em mais de 12 idiomas, detectam o plágio mesmo que o trabalho original esteja em língua estrangeira, e em diferentes formatos como arquivos de Word (doc), PDF e HTML.

Palestra

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Professor Marco Aurélio Kistemann apresentou exemplos de plágio em palestra (Foto: Iago Medeiros/UFJF)

O plágio foi o foco da palestra que o professor da UFJF Marco Aurélio Kistemann proferiu na última quinta-feira, 4. Sob o título “A produção de textos acadêmicos: o plágio”, a apresentação ocorreu, às 18h, no Anfiteatro do Departamento de Matemática, no Instituto de Ciências Exatas, como parte da série de seminários do Mestrado Profissional em Educação Matemática. 

No evento, o professor listou características do texto científico, distinções entre o que é considerado plágio e o que não é, seus diferentes tipos, deu orientações e exemplos que ganharam repercussão. “Às vezes por falta de tempo ou de orientação, o autor não consegue elaborar um trabalho tão rico quanto desejava, mas ainda assim o texto é autoral. Há que se estabelecer diálogos orientadores sobre o quê, como e por que ser ético na escrita científica com nossos pares e orientandos.”

Leia a cobertura da palestra. 

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