De acordo com Kistemann,  para evitarem de praticar o plágio, os produtores deveriam ser conscientizados de que a propriedade intelectual e autoria de textos, imagens e gráficos são assegurados por lei e códigos civis e penais, e violá-los é antiético e um crime. (Foto: Iago de Medeiros)

De acordo com Kistemann, para evitarem de praticar o plágio, os produtores deveriam ser conscientizados de que a propriedade intelectual e autoria de textos, imagens e gráficos são assegurados por lei e códigos civis e penais, sendo que violá-los é antiético e um crime. (Foto: Iago de Medeiros)

No filme “O nome da rosa”, baseado na obra literária homônima de Umberto Eco, é retratada a atividade dos monges copistas medievais, que desenhavam múltiplas vezes os manuscritos da época, de forma que todos ficassem idênticos. Embora pareça arcaica a ideia de copiar textos sem atribuir a eles a autoria original, isto pode ocorrer na produção acadêmica e, nestes casos, não são citações e sim plágios. O professor do Departamento de Matemática e do Mestrado Profissional em Educação Matemática da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Marco Aurélio Kistemann Júnior, ministrou a conferência “A produção de textos acadêmicos: o plágio”, no Anfiteatro de Matemática, para estudantes, descrevendo melhor como se dá a cópia de textos e ideias no ambiente acadêmico, sem referenciar as fontes.

“Os produtores de textos acadêmicos podem copiar livremente, desde que a fonte seja devidamente identificada de acordo com as normas ABNT. A citação feita adequada e apropriadamente é sempre bem vinda, o problema é quando se omite a fonte”, destacou o professor Marco Aurélio. Vários casos de cassações de títulos no Brasil e no exterior foram apresentados pelo docente, bem como os principais problemas que decorrem da prática de plagiar, como a manipulação de dados de pesquisas e desobediência a regras éticas e institucionais.

Ele trouxe também dados de pesquisas realizadas por estudiosos e por veículos informativos junto a docentes de instituições de ensino superior, que verificaram que o plágio ocorre de maneiras distintas. A cópia de conteúdos pode ser integral, parcial, conceitual ou, em alguns casos, o plagiador copia um texto de sua própria autoria, replicando-o totalmente, adicionando novos trechos ou então fracionando a publicação dos resultados obtidos por sua pesquisa. “Para muitos pesquisadores brasileiros, o autoplágio tem sido um mecanismo de sobrevivência à cobrança de termos uma quantidade alta de produções científicas publicadas para angariarmos verbas para pesquisas, qualificação para lecionarmos em programas de  pós-graduação e até mesmo prêmios e gratificações”, afirmou o professor.

De acordo com Kistemann,  para evitarem de praticar o plágio, os produtores deveriam ser conscientizados de que a propriedade intelectual e autoria de textos, imagens e gráficos são assegurados por lei e códigos civis e penais, e violá-los é antiético e um crime.  Ele enfatizou ainda que o uso de softwares, a pesquisa de trechos em sites de busca e a criação de comissões para verificar a autoria dos textos podem reduzir as ocorrências de plágio e que as instituições, pesquisadores, editores de revistas e periódicos científicos precisam estimular o uso da criatividade por parte dos escritores. “Escrever com as próprias palavras é o correto a se fazer, após ler, fichar, resumir o texto, use a criatividade para redigir o seu. Se for usar trechos do material que leu, indique o autor, independente do local onde encontrou: Internet, filme, ou livro.”

Para compreender um pouco mais sobre as complicações que o plágio pode acarretar, o professor indicou o filme “As palavras”, dos diretores Brian Klugman e Lee Sternthal, lançado em 2012, com o ator Bradley Cooper no papel principal. E o livro “Como escrever uma tese”, de Umberto Eco, que ensina como desenvolver uma pesquisa, abordando em um de seus capítulos o plágio e as questões relacionadas a ele.