dissertação de mestrado Comunicação

Luiz Otávio ressaltou que a pesquisa estabeleceu relações do Mumblecore com outros gêneros, como o Neo-Realismo Italiano e o Dogma 95 (foto: Jade Uchoas/UFJF)

O mestrando Luiz Otávio Vieira Pereira, do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Juiz de Fora (PPGCOM/UFJF), defendeu nesta quinta-feira, 16, a dissertação “Mumblecore: perspectivas dialógicas para o cinema em mídia digital.

A pesquisa tem como foco um gênero cinematográfico pouco difundido no Brasil, o mumblecore, que conta com uma expressão mais forte no cenário norte-americano, onde se originou. Seu nome é normalmente traduzido no português como “resmungando”, uma referência ao que se costuma ouvir nas obras, caracterizadas pela qualidade do áudio inferior. As produções do gênero são comumente realizadas com orçamentos baixos e profissionais menos conhecidos no mercado cinematográfico que, por vezes, se revezam em suas funções.

O orientador do estudo, professor Carlos Pernisa Júnior, traça um breve histórico do movimento: “No início, era mais restrito, hoje alguns (do movimento) já entraram para a indústria hollywoodiana, o que não era a intenção inicial. São quase todos em início de carreira.” O revezamento de funções é outra característica importante apontada pelo orientador como marca do mumblecore: “A produção é colaborativa. Às vezes, alguém é diretor em um filme, e roteirista de outro. E também pode atuar em um outro filme.”

Com base em um levantamento das obras do mumblecore, a grande maioria norte-americana e dos anos 2000, e em referência bibliográfica sobre movimentos cinematográficos anteriores, a pesquisa estabeleceu relações deste com outros gêneros, como o Neo-Realismo Italiano e o Dogma 95. Os movimentos são parte do que o professor Pernisa Júnior atribui como “cinemas de fluxo, mais levados pela imagem”.

Segundo o mestrando, a pesquisa possibilitou “uma análise sobre as transformações da narrativa cinematográfica, sobretudo a partir da chegada da tecnologia digital, resultando em um hibridismo que democratiza o sistema de produção ao mesmo tempo em que valoriza novas formas de significação.”

O acadêmico relata que encontrou dificuldades para acessar estes filmes no Brasil, que foram exibidos somente em uma amostra no ano de 2011, em São Paulo. O mestrando acredita que o trabalho teve como principal proposta “analisar as particularidades da mise-en-scène construída por essa geração de cineastas em específico a fim de tentar compreender de maneira mais ampla certa tendência do cinema contemporâneo.” Partindo daí, a definição de que neste movimento há “uma desconstrução narrativa que valoriza o fragmento em detrimento de qualquer hierarquia representacional.” complementa o pesquisador.

Contato:

Prof. Dr. Carlos Pernisa Júnior (Orientador):
carlos.pernisa@ufjf.edu.br

Luiz Otávio Vieira Pereira (Mestrando):
talgufi@yahoo.com.br

Banca Examinadora:

Carlos Pernisa Júnior (UFJF)
Érika Savernini (UFJF)
Marco Aurélio Reis (Unesa e UAB)

Outras informações: (32) 2102-3616 – Programa de Pós-Graduação em Comunicação