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Juliana Macário compôs a mesa do evento que marcou a retomada da Intecoop, na última sexta-feira, durante o 1º Seminário Regional Integrado de Agroecologia, Apicultura e Economia Solidária (foto: Alexandre Dornelas/UFJF)

A Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (Intecoop) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) oficializou sua reabertura durante o 1º Seminário Regional Integrado de Agroecologia, Apicultura e Economia Solidária, realizado na última sexta feira, 25. A inauguração marca a retomada imediata das atividades do órgão junto à comunidade, assessorando grupos de trabalhadores solidários a aprimorar sua organização e seus processos.

Desativado há 5 anos, o órgão foi formado por um grupo de professores que tinha como objeto de pesquisa o contexto do trabalho. Agora, voltando ao funcionamento, a Intecoop vai ser estruturada em núcleos, dedicados a atender demandas específicas das cooperativas, como: comunicação; contabilidade; formação em economia solidária; planejamento e gestão; e captação de recursos para elaboração de projetos.

Coordenada pela pró-reitora adjunta de Extensão, professora Luciana Holtz, e pela consultora de políticas públicas em economia solidária, Juliana Macário, a incubadora conta com uma equipe composta por professores, técnicos e bolsistas da graduação. Além desse grupo, a intenção da Pró-reitoria de Extensão é mobilizar antigos colaboradores da Intecoop e demais membros da comunidade acadêmica para contribuírem com as atividades.

“A Intecoop é um espaço muito importante por possibilitar a articulação de docentes, técnicos e estudantes das mais diversas áreas, no esforço de organizar os conhecimentos produzidos na Universidade e direcioná-los aos grupos de trabalho autogestionários. É um espaço de mobilização desse conhecimento para atender a um segmento da população que está excluído do mercado de trabalho ou que já vem exercendo formas de economia solidária e autogestionária, para ter acesso a esse direito fundamental que é o trabalho”, explicou a pró-reitora de Extensão, Ana Lívia Coimbra.

Atualmente, a incubadora atende a cinco cooperativas. A coordenadora Juliana Macário explica que, a partir do contato inicial entre as cooperativas e a Intecoop, sediada na Faculdade de Letras da UFJF, é criado o plano de estruturação, levando em conta as demandas dos grupos de trabalhadores. De acordo com Juliana, a assessoria é construída em diálogo com os conhecimentos prévios dos colaboradores das cooperativas.

“Na maioria das vezes, os trabalhadores que nos procuram já têm um conhecimento prático sobre sua atividade fim. Então, nossa assessoria é focada no auxílio para estruturar a gestão, contribuindo com conhecimentos jurídicos, administrativos e contábeis. Quando há a necessidade de uma capacitação prática dos trabalhadores, buscamos a ajuda de outros colaboradores e parceiros. Como as cooperativas são autogestionárias, nosso diálogo é linear. Trabalhamos para fortalecer suas estruturas com os conhecimentos da Universidade, mas sem deixar de aproveitar os conhecimentos trazidos por elas”, finalizou Juliana.

Economia Cooperativa

O conceito de economia cooperativa surgiu no Brasil em meados da década de 1990 no contexto do fortalecimento da Sociedade Civil Organizada com a redemocratização do país. Essa prática oferece às pessoas excluídas do mercado formal uma alternativa à CLT e ao trabalho hierarquizado.

Diferenciando-se dos demais tipos de associação de trabalhadores, as cooperativas de trabalho solidário não visam o lucro, mas a geração de renda para os trabalhadores de forma autônoma e se baseiam em alguns princípios fundamentais, como a solidariedade (distribuição igualitária das remunerações), democracia na tomada de decisões e comércio justo.

O jornalista Luiz Felipe Falcão foi bolsista na área de comunicação da Intecoop entre os anos de 2003 e 2006. Ele acrescenta que os benefícios da economia solidária atuam, também, no âmbito social: “Nesse período econômico que a gente vive, ver que o movimento de economia cooperativa pode ser retomado como uma alternativa é um novo fôlego. Ver as pessoas conquistando autonomia, empoderamento, auto-estima, é muito interessante. Economia solidária traz trabalho e renda, sim, mas contribuir para que o trabalhador se entenda, também, como cidadão, talvez seja o principal legado desse projeto.”