Encerrando a 5ª Jornada de Divulgação Científica, a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) recebeu neste domingo, 23, a mostra de experimentos realizados por alunos de diversos cursos da Universidade, seguindo o tema “Ciência alimentando o Brasil”, da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. A proposta do evento, que é parte do projeto Ciência na Praça, foi aproximar a população dos conhecimentos técnicos a respeito da produção e do consumo saudável de alimentos.
Até pipoca é ciência
Durante a semana, os estandes estiveram na Praça Antônio Carlos e na Praça Cívica, oferecendo orientações sobre uma dieta equilibrada e realizando atividades lúdicas com as pessoas que passavam pelo local. Entre os experimentos apresentados, o “De onde vem a pipoca” foi um dos que mais chamou a atenção. O prato típico dos cinemas — unanimemente apreciado, mas de origem misteriosa para muitos — surge da mudança química que ocorre quando o grão de milho é aquecido. A alta temperatura faz a água no interior do grânulo se dissipar, e o amido armazenado ali rompe a película que reveste o milho, formando a tão conhecida estrutura da pipoca.
Utilizando essa iguaria como exemplo, os palestrantes explicaram como, utilizando um teste simples e facilmente reproduzido em qualquer casa, é possível evitar algumas fraudes em alimentos. Ao aplicar o álcool iodado sobre um alimento, se a mistura ficar azul, é um indício de que esse produto contém amido. Esse experimento pode ser utilizado para evitar marcas que adulteram o leite, por exemplo, diluindo-o em água e adicionando amido para dar consistência à bebida, ou, para os mais boêmios, conferir a procedência do uísque; versões falsificadas do mesmo frequentemente misturam o suco do malte com álcool iodado, devido à similaridade das cores dos dois líquidos. Na dúvida, derramar um pouco do uísque sobre um biscoito ou uma pipoca: se continuar no tom âmbar, beba com moderação; azul indica uma pesada ressaca no dia seguinte.
Além do campus da Universidade
Os organizadores do evento estimam que, entre os dias 18 e 22, a exposição tenha recebido cerca de duas mil pessoas. Para o responsável pela realização da Jornada e diretor do Centro de Ciências da UFJF, Elói Teixeira, o saldo final foi muito positivo. “O ‘Ciência alimentando o Brasil’ é um tema muito amplo, que pode ser interpretado tanto no sentido da alimentação propriamente dita, como também no sentido da ciência sendo responsável pelo desenvolvimento do país.”
O diretor explica que as experiências expostas foram produzidos por alunos da UFJF, tanto os do campus de Juiz de Fora quanto do campus de Governador Valadares. “Trouxemos experimentos falando sobre amido, ferro, gordura, além de algumas coisas interativas de física e outros brinquedos com fundo científico, que as crianças podem reproduzir em casa. Nós acreditamos que esse é o caminho para aproximar as pessoas desse conhecimento: saindo dos muros da Universidade e mostrando que a ciência é uma coisa acessível e divertida. Foi uma primeira experiência fora do campus que deu muito certo.”
Envolvimento do público
Foi a primeira vez que Jorge participou da Jornada, e foi acompanhado do filho, Lúcio, de sete anos. Depois de ver um anúncio na TV sobre o evento, ambos foram ao Campus e passaram por todos os experimentos. Lúcio preferiu a caixa circular repleta de gravuras de cavalos, em diferentes posições, que, quando girada da a impressão de movimento. “Nós costumamos fazer esse de papel”, contou o pai. “Hoje, ele viu um diferente. É uma oportunidade bacana para ele, ver algumas novidades e acabar aprendendo.”
Uma situação que chamou minha atenção foi um senhor em situação de rua que (…) pegou uma revista que estávamos distribuindo e passou horas lendo aquele material. (…) Às vezes, falta só um pouquinho de incentivo para aproximar a sociedade daquilo que acontece em sala de aula.
O aluno de Engenharia da UFJF, Fernando Teixeira, esteve entre os expositores ao longo dessa semana. Para ele, a Jornada foi uma oportunidade de levar o conhecimento produzido na Universidade de volta para a comunidade. “Nós vimos muito interesse das pessoas que passavam pela praça. Algumas que estavam trabalhando ao redor vinham dar uma olhada para trazer os filhos depois. Outras, sem muita escolaridade, ficaram fascinadas com os experimentos. Uma situação que chamou minha atenção foi um senhor em situação de rua que, depois de dar uma volta entre todos os estandes, pegou uma revista que estávamos distribuindo e passou horas lendo aquele material. Isso mostra que, às vezes, falta só um pouquinho de incentivo para aproximar a sociedade daquilo que acontece em sala de aula. O objetivo da sociedade é esse: criar alternativas para uma sociedade melhor.”