(Foto: Alexandre Dornelas)

Professora da Faced, Angelica Cosenza, demonstrou como determinados grupos mais vulneráveis são mais prejudicados mais com a degradação do espaço social (Foto: Alexandre Dornelas)

A 39ª Semana de Biologia da UFJF contou, nesta terça-feira, 18, com a palestra “Educação ambiental no enfrentamento de injustiças ambientais contemporâneas”, da professora da Faculdade de Educação (Faced), Angélica Cosenza. A explanação focou problemas identificados pelo Grupo de Educação Ambiental da Faced nas obras iniciais da BR-440, destinada a ligar a BR-040 à BR-267, cruzando a cidade alta e passando pela Represa São Pedro. De acordo com Angélica, diversos prejuízos recaíram de maneira mais aguda sobre os moradores dos grupos mais vulnerabilizados do bairro São Pedro.

“Injustiças sociais ocorrem quando determinados grupos sociais sofrem uma degradação do espaço social de forma desproporcional em relação aos demais. No São Pedro, percebemos que as áreas mais afetadas pelas obras da BR-440 foram aquelas onde vivem as pessoas mais vulneráveis socialmente e economicamente. Comunidades com menos oportunidades de participação nas decisões que envolvem a degradação do espaço e a remoção de moradores, por exemplo.”

Segundo Angélica, é comum que injustiças ambientais sejam cometidas em casos de ação humana no meio ambiente, principalmente em zonas de sacrifício: comunidades pobres e étnico-raciais, onde os riscos e degradações seriam mais eminentes. Ela exemplifica essas zonas, com desastres naturais ocorridos pelo país.

“Temos os casos de intoxicação crônica por arsênio pela Mineradora de Paracatu, no Norte de Minas Gerais, que atinge uma comunidade pobre; os impactos das construções da Hidrelétrica de Irapé, no Rio Jequitinhonha, que terminaram com comunidades carentes de sete cidades, retiradas de seus locais de vida e levadas para regiões sem água potável; os alunos da Escola Pontal do Buriti, em Goiás, que foram banhados por agrotóxicos destinados ao agronegócio de soja e ainda buscam por indenizações; além do racismo ambiental que marca a tragédia de Mariana.” Estudo da Rede Brasileira de Injustiça Ambiental aponta que 84,5% das vítimas do rompimento da Barragem do Fundão, da mineradora Samarco (Vale/BHP Billiton) eram negras.

Educação ambiental como enfrentamento
Para Angélica, a educação ambiental é uma ferramenta de enfrentamento das injustiças ambientais. Em sua palestra, a professora apontou ações que foram realizadas na Escola da Lagoa, no bairro São Pedro, pelo Grupo de Educação Ambiental da Faced, que geraram planos de aula, debates e jogos educativos. “O discurso desenvolvimentista de que a BR-440 vai trazer bons frutos, gerar empregos e urbanização, é muito fomentado pelos interessados nas obras. Por isso, nós que defendemos a justiça ambiental precisamos aprimorar práticas educativas que dêem força ao discurso contrário, que é aquele das comunidades injustiçadas.”

A Semana
A 39ª Semana de Biologia vai até o dia 21 de outubro e tem como tema “Desastres ambientais: qual o custo do equilíbrio?” A programação conta com cursos e palestras ministrados por pesquisadores de diversas instituições do país, como a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade Federal do Rio Grande (UFRG).