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Crianças e mães prometeram voltar em outro dia dessa semana para dar mais apoio aos paratletas olímpicos (foto: Ricardo Bedendo/UFJF)

 

No terceiro dia de treinamento na Universidade Federal de Juiz de Fora, os atletas paralímpicos canadenses praticaram exercícios leves de lançamentos de dardo e de disco, arremesso de peso, corrida de 100m e corrida com cadeira de rodas. No entanto, a grande novidade do dia foi a presença de algumas crianças, acompanhadas das mães, que aproveitaram o intervalo entre as aulas de natação e de futebol na Faculdade de Educação Física e Desportos (Faefid) para irem à pista de atletismo.

As crianças, com idade entre 4 e 11 anos, participam de projetos esportivos na Faefid, nos quais elas aprendem várias modalidades como natação, ginástica rítmica, futebol e vôlei. “Eles ficaram muito felizes de estar prestigiando esses atletas que, na verdade, mais do que atletas são heróis”, afirma Marcela Hallack, mãe de João Victor e de Vinícius, que têm 9 e 5 anos . Para Luan Abritto, de 10 anos, é uma experiência muito legal: “os atletas fazem de tudo, correm, lançam martelo e dardos. Eles se superam, e é bom poder dar apoio para eles.” Os atletas adoraram a presença das crianças, conversaram com elas e agradeceram pelo incentivo e carinho recebidos.

Para assistir aos treinos, nos períodos da manhã e da tarde, não é necessário efetuar nenhum cadastro online e a entrada é gratuita e aberta ao público em geral. Para ter acesso à pista é preciso passar pela revista de segurança, na entrada da Faefid.

Um duplo atleta na pista, treinado por um grande medalhista

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Sob o olhar atento do treinador Rick Reelie, o paratleta Jean-Phillipe Maranda deu algumas voltas na pista da Faefid (foto: Ricardo Bedendo/UFJF).

 

Um dos atletas que treinou na pista na tarde desta terça, 30, foi o velocista Jean-Phillipe Maranda, que irá disputar os 100, os 400 e os 800 metros com cadeira de rodas. Porém, antes de sofrer um acidente de carro, em 2007, e ficar paraplégico, Maranda já era atleta, só que na modalidade de levantamento de peso, conseguindo o recorde nacional canadense no esporte, no ano de 2006.

“Depois do acidente eu quis continuar praticando algum esporte, e correr era muito próximo do que eu já sabia fazer no levantamento de peso”, conta Maranda. Em 2010, o atleta conheceu Jean Laroche, treinador paralímpico que o incentivou a testar a corrida com cadeira de rodas.

Sua primeira medalha em uma competição internacional foi em 2015, nos Jogos Parapan-americanos de Toronto, em que ele conquistou o bronze nos 100 metros individuais.  Na prova dos 400 metros, o canadense fez o 4º melhor tempo. “O esporte sempre fez parte da minha vida, não me imagino sem ele”, ressalta o corredor.

Desde 2012, Jean-Phillipe Maranda treina com o medalhista paralímpico Rick Reelie, que ganhou três medalhas de ouro nas Paralimpíadas de Seul 1988, nas modalidades de arremesso de peso, lançamentos de disco e de dardo. Nas Paralímpiadas de Barcelona 1992, Reelie conquistou duas medalhas de ouro e duas de prata, dessa vez na corrida de cadeira de rodas. O ouro paralímpico foi nos 400 e nos 800 metros e a prata nos 1500 e nos 200 metros. Na edição de Sydney 2000, Reelie ficou com a prata nos 800 metros e o bronze nos 5000 metros. Treinando juntos há quatro anos, o medalhista, hoje na posição de técnico, acompanha a evolução de seu aluno: “estou com ele (Jean-Philipe) há quatro anos, vejo a dedicação dele, sei que ele tem muito potencial”, elogiou Reelie.