No terceiro dia de treinamento na Universidade Federal de Juiz de Fora, os atletas paralímpicos canadenses praticaram exercícios leves de lançamentos de dardo e de disco, arremesso de peso, corrida de 100m e corrida com cadeira de rodas. No entanto, a grande novidade do dia foi a presença de algumas crianças, acompanhadas das mães, que aproveitaram o intervalo entre as aulas de natação e de futebol na Faculdade de Educação Física e Desportos (Faefid) para irem à pista de atletismo.
As crianças, com idade entre 4 e 11 anos, participam de projetos esportivos na Faefid, nos quais elas aprendem várias modalidades como natação, ginástica rítmica, futebol e vôlei. “Eles ficaram muito felizes de estar prestigiando esses atletas que, na verdade, mais do que atletas são heróis”, afirma Marcela Hallack, mãe de João Victor e de Vinícius, que têm 9 e 5 anos . Para Luan Abritto, de 10 anos, é uma experiência muito legal: “os atletas fazem de tudo, correm, lançam martelo e dardos. Eles se superam, e é bom poder dar apoio para eles.” Os atletas adoraram a presença das crianças, conversaram com elas e agradeceram pelo incentivo e carinho recebidos.
Para assistir aos treinos, nos períodos da manhã e da tarde, não é necessário efetuar nenhum cadastro online e a entrada é gratuita e aberta ao público em geral. Para ter acesso à pista é preciso passar pela revista de segurança, na entrada da Faefid.
Um duplo atleta na pista, treinado por um grande medalhista
Um dos atletas que treinou na pista na tarde desta terça, 30, foi o velocista Jean-Phillipe Maranda, que irá disputar os 100, os 400 e os 800 metros com cadeira de rodas. Porém, antes de sofrer um acidente de carro, em 2007, e ficar paraplégico, Maranda já era atleta, só que na modalidade de levantamento de peso, conseguindo o recorde nacional canadense no esporte, no ano de 2006.
“Depois do acidente eu quis continuar praticando algum esporte, e correr era muito próximo do que eu já sabia fazer no levantamento de peso”, conta Maranda. Em 2010, o atleta conheceu Jean Laroche, treinador paralímpico que o incentivou a testar a corrida com cadeira de rodas.
Sua primeira medalha em uma competição internacional foi em 2015, nos Jogos Parapan-americanos de Toronto, em que ele conquistou o bronze nos 100 metros individuais. Na prova dos 400 metros, o canadense fez o 4º melhor tempo. “O esporte sempre fez parte da minha vida, não me imagino sem ele”, ressalta o corredor.
Desde 2012, Jean-Phillipe Maranda treina com o medalhista paralímpico Rick Reelie, que ganhou três medalhas de ouro nas Paralimpíadas de Seul 1988, nas modalidades de arremesso de peso, lançamentos de disco e de dardo. Nas Paralímpiadas de Barcelona 1992, Reelie conquistou duas medalhas de ouro e duas de prata, dessa vez na corrida de cadeira de rodas. O ouro paralímpico foi nos 400 e nos 800 metros e a prata nos 1500 e nos 200 metros. Na edição de Sydney 2000, Reelie ficou com a prata nos 800 metros e o bronze nos 5000 metros. Treinando juntos há quatro anos, o medalhista, hoje na posição de técnico, acompanha a evolução de seu aluno: “estou com ele (Jean-Philipe) há quatro anos, vejo a dedicação dele, sei que ele tem muito potencial”, elogiou Reelie.