A prática do diálogo permanente com a comunidade acadêmica, seja para definir propostas relacionadas à política de apoio estudantil, seja para debater, de maneira coletiva, diretrizes para a extensão e para todas as áreas de atuação da Universidade, é uma das marcas que vêm sendo implantadas pela gestão Reconstruir a UFJF. Na última reportagem da série Cem dias, esta prática é detalhada nas ações que vêm sendo implantadas.

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Considerado um ponto-chave para a gestão de Marcus David e Girlene Silva, o relacionamento com os estudantes tem experimentado avanços consideráveis. De acordo com o pró-reitor de Assistência Estudantil e Educação Inclusiva, Marcos Freitas, a ausência de comunicação entre reitoria e corpo discente universitário afastava os alunos das discussões pertinentes à vida acadêmica.

“Percebemos que havia um distanciamento muito grande desta Pró-Reitoria com os estudantes, talvez até fruto dos movimentos que houve, dos conflitos e ocupações. A primeira ação que começamos a desenvolver foi justamente num sentido contrário, ou seja, de aproximação com os alunos. No entendimento desta gestão, o estudante é a figura central, que justifica a essência desta Universidade”, afirma.

Ainda de acordo com o pró-reitor, tal percepção fez florescer ações que dessem voz às reivindicações discentes. O primeiro projeto, fruto dessas discussões, foi a mudança no sistema de petição e concessão de bolsas de apoio estudantil, que passou a vigorar com o sistema de avaliação de fluxo contínuo, pelo qual os discentes podem solicitar o apoio a qualquer momento. “Pelo sistema anterior, acontecia, por exemplo, com que o estudante, no momento de entregar a documentação exigida pelo edital, se esta fosse indeferida, ficasse impedido de tentar o apoio até a vinda do próximo pleito, que geralmente demorava seis meses”, explica.

A partir de oficinas de discussões, que envolveram representantes estudantis dos campi de Juiz de Fora e Governador Valadares, além de membros da Proae, foi proposta a criação de um fórum permanente, com sete representantes indicados pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE) e sete funcionários da Pró-Reitoria, que se reunirão, mensalmente, com o intuito de discutir todas as questões envolvidas na política estudantil da UFJF.

quanto antes o/a estudante entregar a documentação completa, mais rápido poderá ter a sua avaliação concluída para o recebimento das bolsas (Foto: Caique Cahon)

Concessão de bolsas de apoio estudantil passou a vigorar com sistema de fluxo contínuo, onde estudantes podem solicitar a qualquer momento (Foto: Caique Cahon)

“É um colegiado que estará norteando, orientando, discutindo e propondo, de maneira permanente, as ações que os estudantes, conjuntamente aos atores da Proae, colocarão, para que possamos melhorar as políticas de assistência estudantil. Também existem trabalhos que começamos a desenvolver, junto à Diretoria de Ações Afirmativas, no sentido de garantir a diversidade e a pluralidade da Universidade, com respeito e dignidade”, conclui Freitas

Extensão aliada à pesquisa: caminhos para a aplicação e difusão do conhecimento
As diretrizes para a extensão universitária estão sendo ampliadas. A começar pelo processo de retomada do Conselho Setorial de Extensão e Cultura, que estava inativo e deve ser apresentado ao Consu nas próximas semanas, com modelo de regimento debatido de maneira coletiva. “Trabalhar no regimento para reativar o Conselho Setorial significa, de fato, implementar a participação dos docentes, técnicos e estudantes para fortalecer e indicar os caminhos da política de extensão universitária que a UFJF vai assumir, daqui para a frente”, afirma a pró-reitora de Extensão, Ana Lívia Coimbra.

Outra iniciativa que visa ampliar o alcance dos projetos de extensão desenvolvidos pela Universidade é a mudança nos modelos de editais para os projetos, que encontra-se em fase final de discussão, e deve estender as modalidades de trabalho, passando a atender demandas espontâneas, estimuladas e de interlocução entre a extensão e a pesquisa. “Avaliamos que este é um passo seguinte na história da extensão na Universidade, porque teremos a possibilidade de articular a dimensão interventiva com a investigativa e empírica, por meio de projetos de pesquisa stricto sensu.

A Pró-Reitoria está ainda reativando a incubadora tecnológica de cooperativas populares da UFJF, para acompanhar associações e cooperativas populares. E também está articulando o Fórum dos Movimentos Sociais, a fim de apoiar ações políticas dos trabalhadores por meio de ações de extensão.

Segundo a pró-reitora, o objetivo da extensão universitária é dar aplicação prática ao conhecimento produzido pela academia, além de aproximar o universo acadêmico da sociedade, razão pela qual a Universidade existe. “Nesses cem dias, demos os primeiros passos para estabelecer uma nova política de extensão para a UFJF: uma política dialogada, que busca trabalhar com os coletivos em Juiz de Fora e GV da mesma forma, para que consigamos ampliar nossa forma de extensão, com maior participação dos docentes, técnicos e estudantes, e que de fato atenda às necessidades sociais que a extensão deve se direcionar, e ao mesmo tempo se produza conhecimento, por meio da articulação da extensão com a pesquisa e a aplicação na sociedade”, finaliza.

Desafios para muito além dos próximos cem dias

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Para Marcus David e Girlene, gestão busca ouvir as demandas e incentivar a participação de todos nos processos de decisões (Foto: Alexandre Dornelas)

Para o diretor de Imagem Institucional, Márcio Guerra, apesar dos desafios e das dificuldades encontradas, as ações tomadas nestes primeiros cem dias de mandato reiteram a postura aberta e dialógica da gestão com todos os atores sociais atingidos pela Universidade. “A UFJF começa a ter uma outra visibilidade, a partir do compromisso de transparência, que foi firmado com a comunidade, e é desta forma que nós temos procurado agir, com a divulgação mais clara possível da situação financeira e, ao mesmo tempo, dando retorno a tudo o que nos é perguntado. Todas as ações que estamos desenvolvendo vêm tendo um retorno muito grande e acho que isso mostra que estamos apresentando à comunidade interna e externa uma universidade dentro daquilo que nos comprometemos. Nestes primeiros cem dias, acho que conseguimos começar a reconstruir a imagem da UFJF”, afirma.

É o que também pensa o pró-reitor de Infraestrutura e Gestão, Marcos Tanure: “São cem dias de muito trabalho e de muita dedicação. Encontramos muitas situações desinstitucionalizadas e estamos tentando institucionalizar, mas estamos vencendo um pouco mais de três meses com muito empenho. Estamos otimistas com o que vem pela frente, sempre pensando em melhorar ainda mais a qualidade dos serviços prestados pela Universidade”, afirma.

Motivada, a vice-reitora Girlene Silva pede a participação de toda a comunidade na condução dos rumos da Universidade e afirma que a sociedade, como um todo, espera respostas para os novos desafios. “Apesar das dificuldades postas hoje, no nosso país – e com uma repercussão muito grande na UFJF -, espero que possamos reconstruir a Universidade de uma forma coletiva, democrática, com cada um e cada uma dando a sua contribuição, respeitando o lugar do outro, e entendendo que a UFJF é um patrimônio coletivo, que deve respostas à sociedade brasileira”.

O reitor Marcus David reitera: “Queremos ser uma gestão que se presta a ver e ouvir a todas as demandas da Universidade. O caminho é longo, mas a UFJF é forte e, juntos, contando com a participação de todos, somos mais fortes ainda”.

Leia as outras quatro reportagens da Série:

Ouvidoria Especializada e autoconhecimento institucional

Inovação, tecnologia e retomada de tradições culturais

Campus Avançado de GV como prioridade

Transparência e Responsabilidade Fiscal