Sandra Escovedo Selles: “O BNCC da forma que é apresentado hoje enrijece o processo educacional” (Foto: Caíque Cahon)
Com o objetivo de discutir o processo de formulação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), em discussão em nível nacional desde março de 2015, o Programa de Pós-graduação em Educação da Faculdade de Educação (Faced) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) realizou um debate na última quarta-feira, dia 22, com a presença da professora da Universidade Federal Fluminense (UFF), Sandra Escovedo Selles. Pesquisadora da área de currículo e presidente da Associação Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências (Abrapec), Sandra participa como professora e representante da associação científica na discussão sobre a BNCC junto ao Ministério da Educação (MEC).
Durante sua fala no evento, destacou que o importante no momento não é o de se criar uma polarização na discussão da formulação da BNCC. “Eu não estou aqui para dizer ‘sim’ ou ‘não’ para a Base Nacional Comum Curricular, o que eu destaco e trago para a discussão são as implicações que esse documento coloca na realidade da educação básica nacional.” Ela ainda levantou críticas, durante a palestra, com relação a pontos do projeto como a metodologia de formulação e o atrelamento base/avaliação.
Segundo a pesquisadora, o projeto também apresenta deficiências nas questões que se ligam ao papel do professor na educação nacional, já que, com a instauração do mesmo, o processo educacional estaria muito ligado aos processos de avaliação em larga escala. “O BNCC da forma que é apresentado hoje enrijece o processo educacional, porque a vinculação ao documento original dá pouca margem para as variações regionais que são muito presentes em um país nas dimensões brasileiras.”
Ao concluir, Sandra ponderou a importância dos graduandos e dos profissionais da área de Pedagogia dialogarem sobre a BNCC em eventos como o realizado pela Faced. “Por se tratar de um assunto da área de educação stricto sensu, os profissionais de educação têm que pensar sempre nos processos de produção, nas políticas de educação e, principalmente, nos desdobramentos desse assunto para a sua atuação.”
Próximo debate
O próximo encontro a respeito do tema acontecerá no dia 6, às 14h, na Sala de Demonstração, com a professora da Faced e assessora da Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC) no projeto de elaboração da BNCC, Hilda Aparecida Linhares da Silva Micarello.
Membro participante da elaboração da BNCC desde o início, em março de 2015, Hilda discutirá com os membros presentes no evento quais são os benefícios do projeto, além de explicar o processo de formulação para o mesmo.
Segundo ela, o debate se torna fundamental junto à comunidade acadêmica da UFJF porque a Universidade é um grande polo formador de professores, graças aos cursos de licenciatura. “Como esse é um assunto que tem impacto direto sobre a educação básica nacional, a ampla discussão junto aos setores que participam desse processo, como a Universidade, torna-se necessário para tornar o projeto o mais plural possível.”
Em processo de apreciação e discussão nos seminários estaduais desde abril 2016, a segunda versão do documento volta para reformulação do MEC em agosto. Para Hilda, além de promover um ordenamento legal da educação básica no país, a BNCC terá impacto benéfico em outras dimensões da política publica para a educação, como: a formação de professores; a produção de materiais didáticos e tecnologias educacionais; a criação de políticas de avaliação da educação e as políticas de infraestrutura escolar.
BNCC
A BNCC determina que os brasileiros devem estudar na educação básica, da creche até o ensino médio, definindo o papel dos professores e das escolas nos sistemas educacionais, relacionando esses com os alunos e as suas famílias. Também auxilia no esclarecimento dos elementos fundamentais a serem ensinados nas áreas de Matemática, Linguagens, Ciências da Natureza e Humanas.
Saiba mais sobre a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
Outras informações: (32) 2102-3653 (Faculdade de Educação-UFJF)