Presidente da Abrapec, Sandra Selles, abordou a relação das diretrizes políticas com as práticas dos professores (Foto: Twin Alvarenga)

Presidente da Abrapec, Sandra Selles, abordou a relação das diretrizes políticas com as práticas dos professores (Foto: Twin Alvarenga)

Teve início nesta terça, na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), o 3º Encontro Regional de Ensino em Biologia (III Erebio). O evento, que visa abordar questões a respeito da formação e da prática do docente em ciência e biologia, teve como convidada a professora Sandra Escodevo Selles, presidente da Associação Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências (Abrapec). Ela coordenou a mesa de abertura, onde foram problematizadas questões que inquietam os professores, como a relação entre as políticas curriculares e as práticas docentes.

O Erebio é realizado pela Faculdade de Educação da UFJF com a Regional 4 da Associação Brasileira de Ensino em Biologia, e tem como tema “Ser professor de Ciências e Biologia: entre políticas, inquietações, saberes e sensibilidade”. O evento dura três dias e conta com mais de 700 inscritos, mesas de debates e apresentações de mais de 300 trabalhos.

Sandra, que é docente da Universidade Federal Fluminense (UFF), buscou apresentar um ponto de vista abordando as diretrizes políticas e a prática dos professores. “Problematizo um pouco a relação da política com a prática e como os professores se relacionam com isso. Tento em vista que esse evento é organizado por uma associação que congrega professores, como é que eles constroem essa pauta, juntos, coletivamente? Qual o papel que o professor deve tomar nessas questões?”

No meio dessas forças que atuam sobre sua prática, o professor assume um lugar subalterno, ou seja, é tratado como menor em uma linha de hierarquia. Isto, de acordo com Sandra, impossibilita o diálogo entre as partes, o que dificulta pensar em mudanças e melhorias. “Muitas vezes, os professores dizem que as coisas chegam de pára-quedas e que eles apenas têm que obedecer”, explica.

Para isso, a professora questiona como as pesquisas sobre ensino podem contribuir com as políticas curriculares — se é que podem desempenhar essa função —; em que espaços isso pode ser feito; e quais reflexões cabem nessas considerações.

Mariana Cassab, professora da Faculdade de Educação, diretora da regional 4 e uma das organizadoras do III Erebio, destacou a importância do debate a cerca do ensino em ciências e biologia, e dos muitos e complexos desafios que os professores enfrentam. “A intenção é promover debates que toquem a formação do docente, os contextos variados de sua ação profissional, os encontros entre os diversos saberes e sensibilidades de suas práticas e as parcerias que se estabelecem. Nessa linha, esperamos que a coordenação favoreça voz, diálogo, partilha, resistência e ação”, resumiu.

A professora destacou ainda o compromisso de qualificar as ações; a certeza de que o diálogo, a reflexão e a experiência compartilhada potencializam os professores no enfrentamento dos inúmeros desafios que são colocados no cotidiano; e a defesa da universidade e da escola públicas, como locais de resistência e de ação. “Os professores são intelectuais que pensam saberes e práticas. Não somos apenas técnicos que aplicam apostilas, temos atuação”, ressaltou.

Outras informações:

http://www.ufjf.br/erebio/