A pesquisadora da UFJF, Rossana Melo, publicou técnica que contribuirá para avanços no potencial do sistema imunológico

A pesquisadora da UFJF, Rossana Melo, publicou técnica que contribuirá para avanços no potencial do sistema imunológico

Pesquisadora da UFJF, Rossana Melo, em parceria com laboratório de Harvard, publica artigo na “Nature” sobre técnica inédita de microscopia eletrônica com potencial para subsidiar avanços significativos para o entendimento de células do sistema imunológico. A mais antiga e uma das mais importantes revistas científicas do mundo, a “Nature” já publicou descobertas que revolucionaram o mundo, como o Raio X e o buraco na Camada de Ozônio.

Resultado de dez anos de pesquisa, o artigo descreve 34 minuciosos passos para localizar, dentro da célula, moléculas sinalizadoras (citocinas) envolvidas em doenças alérgicas e inflamatórias. A visualização é feita através do uso do microscópio eletrônico, o melhor equipamento existente em termos de resolução, capaz de ampliar uma imagem em centenas de milhares de vezes e identificar estruturas não observadas à microscopia óptica. A diferença se dá principalmente em função de utilizar feixes de elétrons, em vez de luz (óptico), utilizados para atravessar o objeto, definindo-o. Devido ao pequeno tamanho de onda dos elétrons, os resultados das pesquisas que utilizam este equipamento são muito mais precisos, sendo possível detectar detalhes ínfimos das estruturas celulares. A importância desse avanço pode significar resultados substanciais em termos de tratamentos farmacológicos com objetivos terapêuticos.

Grandes estudiosos dedicam anos de pesquisa com o intuito de avançar no domínio dessa tecnologia e na utilização mais sofisticada do equipamento. Para cada proposta de novos processos, publicações de reconhecimento mundial, como o caso da Nature Protocols, exigem que os procedimentos sejam testados e validados em dezenas de pesquisas reconhecidas – ou seja, publicadas em revistas de alto impacto – antes que recebam sua chancela.

Na edição de outubro, a revista mencionada publicou o protocolo para que se obtenha com maior precisão a localização e a visualização do tráfego de moléculas de proteínas, na ordem de nanômetros, dentro da estrutura de células de leucócitos humanos, que compõem o sistema imunológico. A importância da descoberta se dá em função de que, anteriormente, somente era possível saber que tais moléculas, reagindo a determinados estímulos recebidos pelo sistema imune, são secretadas pela célula, mesmo que essa reação não represente exatamente um benefício ao organismo. Porém, com o potencial de visualização descrito tornou possível agir diretamente nos locais intracelulares aonde tais moléculas são produzidas, armazenadas e/ou transportadas e, desta forma, pode-se bloquear sua ação, quando assim interessar ao tratamento.

A técnica é a primeira a identificar tais moléculas, localizando e visualizando seu fluxo de saída da célula quando estimulada. Para isso, o método se utiliza de marcadores de partículas de ouro, de 1.4 nanômetros, conjugadas a anticorpos. O uso de partículas tão diminutas permite o acesso a microestruturas celulares. A microscopia eletrônica, apesar do potencial substancialmente superior à técnica óptica, não permite o uso de corantes para fazer as marcações, pois não é possível distinguir cores, por isso a necessidade de utilizar marcadores feitos com metal.

Dentre as estratégias propostas, alguns passos descritos no protocolo focam na preservação da célula, mantendo a integridade da sua constituição morfológica e química, obtendo, assim, uma análise mais precisa. Um dos procedimentos é a pré-marcação, utilizando os marcadores antes de iniciar o procedimento de preparação da célula para a análise eletrônica. Os métodos combinam também estratégias inéditas para a otimização dessa preparação, diminuindo o tempo de interferência na estrutura – um dos destaques da pesquisa.

Link do artigo

Acompanhe a UFJF nas mídias sociais: Facebook | Twitter | Instagram | YouTube | Soundcloud