Formado em Geologia pela Universidade de São Paulo (USP) e tendo se dedicado, do mestrado ao pós-doutorado, ao estudo sobre solos, Geraldo César Rocha é hoje referência em pesquisas na área. O professor do Departamento de Geociências da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) está lançando seu mais novo livro – “Cannabis e Solo: Uma Introdução” -, que aborda a importância da cannabis para restauração e regeneração do solo. A descoberta é relativamente nova para os acadêmicos da área, e a obra busca trazer essa discussão para o Brasil, reafirmando a importância da descriminalização da planta e da regulação do plantio.
O interesse do autor pelo tema se deu após um longo período acompanhando as políticas públicas de países mais avançados na discussão sobre a contribuição da cannabis em diferentes fatores. Inclinado a contribuir com as pesquisas no cenário brasileiro, Rocha aprofundou a influência da planta dentro de sua área profissional: solos e geologia.
A obra aborda a recuperação dos solos e pontua como a cannabis pode atuar de maneira positiva. “Para a recuperação de solos degradados, temática principal do livro, observa-se o imenso potencial da planta nesse aspecto, além de atuar no aumento da biodiversidade, controle de ervas daninhas e aumento da matéria orgânica do solo, entre outros benefícios”, explica o professor.
No Brasil, o Supremo Tribunal Federal (STF) descriminalizou em 2024 o porte de maconha para uso pessoal. Esse pequeno passo ainda é, na comparação com outros países, considerado relativamente pequeno por especialistas, e as discussões sobre a cannabis caminham, segundo Rocha, de forma lenta. “Já passou da hora de o Brasil debater sem estigmas e preconceitos essa planta, a qual só é vista como maconha, e não como uma importante commodity agrícola que pode gerar renda e empregos em um país atrasado como o nosso”, diz. “A pesquisa científica mostra os benefícios advindos do uso de suas resistentes fibras, do teor alimentício de suas sementes e do uso médico de suas flores e óleos no tratamento de várias enfermidades.”
O livro foi publicado pela editora CRV, especializada no lançamento de livros científicos e literários. As versões impressas e digitais estão à venda no site da editora (editoracrv.com.br). Também é possível encontrar no site da Amazon (amazon.com) as versões Kindle e ebook.
Sinopse
“A cannabis é usada há milênios pela humanidade, seja para aplicações industriais, médicas, religiosas ou hedonísticas. Apesar dessa versatilidade, o vegetal ainda se mostra ambíguo com relação à sua classificação botânica e à sua química. Talvez a mais antiga planta domesticada pelo homem, sua origem provável na Ásia Central se reveste de mistério, apesar de estudos genômicos, fitoquímicos e botânicos já realizados. Mais recentemente, pesquisadores têm constatado o papel da planta na restauração e regeneração de solos degradados, além de sua consideração atual como uma importante commodity agrícola.
Esse livro explora, de maneira introdutória, as várias funções agronômicas e ambientais da cannabis, como: fitorremediadora do solo, ao absorver metais pesados e compostos orgânicos; recuperadora de áreas degradadas, por combater a erosão, descompactar o solo e recuperar sua matéria orgânica; por capturar o carbono e agir como biopesticida; assim como ser agente importante para a biodiversidade e reposição de nutrientes do solo. Apesar de vários países já comercializarem componentes da planta, o Brasil ainda engatinha em discussões estigmatizadas sobre a cannabis.
A obra também discorre sobre os vários usos da planta, além de sintetizar tipos de solos, enfatizando aspectos da degradação pedológica. As considerações finais indicam a urgência e o bom senso sobre a descriminalização, liberação do plantio e regulação da planta no país.”