O dia dois de fevereiro é dedicado à Iemanjá e o Museu de Cultura Popular (MCP) aproveita a data para fazer uma homenagem especial com a exposição “Mar de Iemanjá”. A mostra exibe imagens, oratórios e orações, bem como barcos e jangadas, utensílios ligados ao universo da deusa das águas. As visitas podem ser feitas de segunda a sexta-feira, de 14h às 18h, até o dia 26 de fevereiro, no Forum da Cultura. A entrada é franca.
Vinte e três obras em madeira, cerâmica, metal, tecido e osso de peixe estão em cartaz e ressaltam a importância do culto à Iemanjá na cultura brasileira. “Esse culto se faz principalmente pelo sincretismo religioso, na medida em que na Igreja Católica, por exemplo, Iemanjá tem identidade correspondente à Nossa Senhora de Candeias, Nossa Senhora dos Navegantes, Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora da Piedade e a Virgem Maria. Além dos diversos terreiros [de candomblé e de umbanda] espalhados pelo país”, pontua o prof. José Luiz Ribeiro, supervisor do Forum da Cultura. Para ele, a exposição também é uma oportunidade para que o público possa “orar e pedir proteção a essa santa, eliminando os caminhos escuros da vida”.
Lendas e Mitos
Segundo o historiador Rainer Sousa, Iemanjá é um orixá de grande poder e importância ao ter o seu nome diretamente ligado à origem de várias divindades que compõem o universo religioso afro-brasileiro. Segundo a lenda, do casamento do céu (Obatalá) e a terra (Odudua) nasceu Iemanjá e seu irmão Aganju. Ela passou a representar as águas e Aganju as terras. Da união ocorrida entre ambos nasceram os primeiros orixás a habitarem a terra.
Entre seus filhos, Orungã nutria uma paixão desmedida pela própria mãe, representando na mitologia africana uma posição semelhante a que Édipo Rei ocupa na mitologia clássica. Certo dia, não suportando o próprio desejo, ele aproveitou a ausência de seu pai e tentou violentar Iemanjá. Para evitar que a tragédia fosse consumada ela correu e antes que pudesse ser alcançada por Orungã, acabou caindo e falecendo em decorrência do tombo que sofreu.
O corpo moribundo dilatou-se até dar origem a um grande manancial de águas que brotaram de seus seios. Do seu ventre saíram vários outros orixás que são colocados como seus filhos. Entre eles Xangô, o deus do trovão; Ogum, deus do ferro e das guerras; Oiá, deusa do rio Níger; Oxóssi, o deus dos caçadores.
Por ter dado origem a tantos outros poderosos orixás, Iemanjá tem a sua figura ligada ao signo da maternidade. Sua natureza fértil acaba influenciando na construção de uma imagem em que as medidas do corpo são alargadas para que se reforce a capacidade de gerar a vida dentro de si. Ainda com relação à sua imagem, é considerada o estereótipo da beleza feminina – longos cabelos negros, feições delicadas e corpo escultural.
Em razão de seus poderes natos, Iemanjá é a divindade que exerce domínio sobre todas as águas. Nos rituais brasileiros ela aparece com vários nomes entre os quais se destacam Mãe D’Água, Sereia, Iara, Rainha do Mar e Janaína. Por vezes, apresenta-se como a Iara, metade mulher, metade peixe – as sereias dos candomblés do caboclo.
Em muitos lugares, o culto à Iemanjá ocorre também na passagem de ano, quando os devotos fazem oferendas de velas, espelhos, pentes, flores, sabonetes e perfumes na esperança de que Janaina leve todas as tristezas, problemas e aflições para o fundo do mar e traga dias melhores.
(FONTE: site Brasil Escola – http://www.brasilescola.com/religiao/iemanja.htm)