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“Construção”: Coral da UFJF apresenta espetáculo que homenageia Chico Buarque de Hollanda e seus 60 anos de carreira

Ao todo, serão apresentadas mais de 25 canções de diferentes momentos da trajetória do artista, aliadas a elementos visuais e movimentações cênicas.

É tempo de despedir-nos da dor, para ver o coro passar, cantando coisas de amor. A licença poética é o prenúncio de que o Coral da UFJF sobe mais uma vez aos palcos do Cine-Theatro Central, com sua tradicional apresentação anual que, em 2024, integra o 35º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga. O espetáculo “Construção” traz as potentes vozes do grupo entoando canções de um dos mais brilhantes artistas da música nacional: Chico Buarque de Hollanda. Trata-se de uma verdadeira viagem ao longo dos 60 anos de carreira deste compositor que segue encantando corações, fomentando lutas, marcando vidas e contando a história do que é ser intensamente brasileiro. As apresentações ocorrem nos dias 9 e 10 de novembro (sábado e domingo), a partir das 20h. Os ingressos são gratuitos e podem ser retirados com antecedência no Cine-Theatro Central e no Forum da Cultura da UFJF.

Ana Sukita é a responsável pela direção musical e regência

O trabalho realizado pelo Coral da UFJF traz uma nova dimensão à obra Chico Buarque, combinando elementos teatrais e vocais para criar uma experiência sensorial única. As harmonias do coro, combinadas com a interpretação cênica, evocam as emoções profundas e as reflexões sociais presentes nas obras do artista resultando em mais do que uma homenagem, uma celebração da arte e da resistência cultural.

“Construção” – que traz o nome de um dos discos mais emblemáticos de Chico – foi, de fato, um trabalho erguido por múltiplas mãos. Na concepção, desenvolvimento e divulgação deste projeto, encontra-se uma equipe técnica com vasta experiência, dedicação, amor pela arte e, principalmente, comprometida a entregar uma experiência inesquecível ao público. A cantora e ex-coralista Ana Sukita é a responsável pela direção musical e regência; a cantora Michelle Flores assume a direção artística e preparação vocal dos coralistas, além de integrar o time de sopranos; na direção geral do grupo encontra-se o professor Rodolfo Valverde, do Instituto de Artes e Design da Universidade Federal de Juiz de Fora (IAD/UFJF). Coordenados por este trio, estão os mais de 70 profissionais, entre coralistas, dançarinos, músicos, designers de luz e som, figurinistas, cenógrafos, maquiadores, contrarregras, designers gráficos e jornalistas, que, em uníssono, dão vida a uma verdadeira ode ao romancista musical.

O cuidado e o zelo com a obra sonora de Chico Buarque foram elementos presentes em todo processo de pesquisa, seleção de obras e ensaios do coro, como relata a preparadora vocal, Michelle Flores. “Um espetáculo desse porte só foi possível graças ao empenho de diversas pessoas. Toda nossa equipe técnica foi de fundamental importância para estudos e levantamento de materiais sobre a trajetória desse artista tão importante. Para a escolha das obras, criamos formulários internos e acolhemos sugestões de profissionais envolvidos com música e cultura”, explica ela. Sobre a preparação dos integrantes do grupo, Michelle conta que o processo buscou desenvolver as múltiplas habilidades dos membros. “Os coralistas têm aulas individuais de técnica vocal e participam de ensaios de naipe e ensaio geral ao longo da semana. Essa diversidade de orientação em prol do espetáculo faz com que possamos ter um grupo capaz de apresentar algo musicalmente rico e com boa qualidade técnica. Vale lembrar que somos um coro cênico, então, é sempre necessário ao longo do ano, preparação corporal e ensaios cênicos”, pontua.

Michelle Flores assume a direção artística e preparação vocal dos coralistas

Entre as canções de destaque, está “A banda”, um verdadeiro cortejo que celebra a vida, o amor e a alegria. Junta-se a ela, “Geni e o Zepelim”, em uma montagem diferenciada, explorando ainda mais a essência da canção-manifesto que tece uma forte crítica contra a hipocrisia social, o preconceito e a exploração dos mais vulneráveis. Outro momento que promete tocar fundo os ouvidos e corações dos espectadores é “Cálice”, um verdadeiro hino composto por metáforas religiosas que transmitiam a angústia e o desejo de liberdade contra a ditadura militar brasileira. Reforçando o impacto do artista e sua luta contra um dos períodos mais obscuros de nossa história, também estarão presentes as músicas “Angélica”, homenagem à estilista mineira Zuzu Angel, que travou uma batalha internacional por informações sobre o filho, desaparecido no período militar; e “Apesar de você”, símbolo de resistência contra censura e esperança por dias melhores. O repertório completo conta com mais de 25 músicas, proporcionando uma imersão poética, musical e visual completa.

Ana Sukita foi responsável por alguns dos arranjos que serão apresentados, em um processo desafiador em que foi necessário contemplar todos os naipes do coro com momentos de melodia, possibilitando, conjuntamente, o trabalho de expressão corporal. “Busquei reproduzir vocalmente todos, ou quase todos, os elementos musicais presentes nas composições originais e acrescentar toques especiais que nos permitissem trabalhar a interpretação cênica, já que muitas das letras de Chico contam histórias”, conta ela. “O público pode esperar um show dinâmico, no qual acompanhará uma história se desenvolver através da poesia musical, ora celebrando a alegria e o amor, ora mostrando ou relembrando momentos desventurados, mas a todo instante ‘cutucando’ a sociedade e nos convidando à reflexão. Os espectadores também verão músicos, atores e bailarinos dando ainda mais vida a um roteiro planejado com muito desvelo e dedicação”, acrescenta Sukita.

A regente celebra ainda a presença do grupo no Festival. “Estar entre as atrações de um festival da magnitude do Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga não é só motivo de orgulho para o grupo, uma vez que reafirma o reconhecimento de nossa relevância para a cena musical de Juiz de Fora e de todo o país, como também uma incrível oportunidade de apresentarmos nosso trabalho para um novo público, o que possibilita um intercâmbio de vivências extraordinário”, avalia. “No contexto do festival de música colonial, a presença de Chico Buarque seria extremamente relevante, pois ele traz uma perspectiva crítica e decolonial que contrasta com a visão tradicional e eurocêntrica da música colonial”, conclui.

Na direção cênica do espetáculo está o ator e também coralista Thiago Andrade, que buscou elaborar movimentações que demonstrassem algum tipo de conexão com momentos recentes do país. “Pensar e criar a parte dramática do espetáculo foi como montar um quebra-cabeça em que cada música adiciona uma peça a esse grande retrato do Brasil dos últimos tempos. A ideia foi ‘construir’ em cena quase tudo que o Chico retrata em suas letras: amor, resistência, crítica social. Então, a música e o visual caminham juntos, quase como se fossem um diálogo. Queremos que as pessoas saiam tocadas, como se tivessem vivido essas histórias junto com a gente”, reflete.

O espetáculo “Construção” também é resultado do trabalho coletivo e empenho de todos os colaboradores de diferentes setores da UFJF, como Reitoria, Pró-reitoria de Cultura, Pró-reitoria de Infraestrutura, Pró-reitoria de Gestão e Finanças, Forum da Cultura, CAEd, Fadepe, Cine-Theatro Central e Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga.

 

O artista

Nascido em 19 de junho de 1944, no Rio de Janeiro, Francisco Buarque de Holanda, mais conhecido como Chico Buarque de Holanda, é filho do historiador Sérgio Buarque de Holanda e da pianista Maria Amélia Cesário Alvim.

Chico ganhou destaque como cantor a partir de 1966, quando lançou seu primeiro álbum, ‘Chico Buarque de Hollanda’, e venceu o Festival de Música Popular Brasileira com a música ‘A Banda’, interpretada por ele e Nara Leão.

Tornou-se, definitivamente, um multiartista, com trabalhos realizados como cantor, compositor, violonista, dramaturgo, escritor e ator. Sua trajetória também ficou marcada pela luta em favor da democracia e contra as repressões da ditadura militar no Brasil, fato que, inclusive, o fez autoexilar-se na Itália em 1969. Chico retorna ao país em 1970 e, um ano depois, lança “Construção”, disco com canções que criticavam o regime vigente. Outros discos marcantes na carreira do artista foram “Meus caros amigos’’ (1976), “Vida’’ (1980), “O grande circo místico’’ (1983), “Francisco’’ (1987), “Paratodos’’ (1993). Vale destacar ainda sua produção literária, com peças, livros infantis, romances e poesias que o renderam, em 2018, o Prêmio Camões, maior reconhecimento a um escritor lusófono.

Chico Buarque é um dos maiores ícones da cultura popular brasileira. Sua trajetória é marcada tanto por suas canções de amor, quanto por suas críticas sociais e políticas. Sua obra atravessou décadas e ajudou a moldar a identidade cultural do Brasil, sendo um porta-voz das lutas e esperanças do povo.

 

Coralistas

SOPRANOS: Adélia Soares, Ágata Avelar, Adriana Zimmermann, Helô Paiva, Júlia Salles, Luciene Cataldi, Michelle Flores e Nathalia de Paula.

CONTRALTOS: Bárbara Moraes, Carol Toledo, Heloisa Nascimento, Lisa Leal, Luciana Cardoso, Rita Marques, Samanta Silva e Vera Souza.

TENORES: Danilo Carvalho, Filipe Marques, Léo Aral, Léo Bandeira, Marcelo Quina, Mateus Maier, Renato Nali, Roberth Juliano e Wandley Silvino.

BAIXOS: Evandro Almeida, Glauco Moraes, Leandro Abib, Thiago Andrade, Paulo Avelar, Paulo Vitor Freitas e Raphael Sotto-Maior

 

Ficha Técnica

Direção Geral: Rodolfo Valverde

Direção Musical e Regência: Ana Sukita

Direção Artística e Preparação Vocal: Michelle Flores

Direção de Planejamento e Recursos: Otávio Bittencourt

Direção Criativa: Pablo Abritta

Direção de Motion e Fotógrafo: Pedro Soares

Imagens e Edição: Zé Lameira

Direção de Arte: Lorranny Kirchmayer

Assessoria de comunicação: Felipe Carvalho

Cenografia: Júlia Salles e Sandro Bade

Direção Cênica: Thiago Andrade

Cenotécnica: Rita Marques e Sandro Bade

Figurino e Maquiagem: Júlia Salles

Bolsistas de Cenografia e Figurino: Bárbara Nascimento e Maria Medeiros

Corte e costura de figurinos: Keli Flores e Margarete Bade

Designer de Som e Luz Cênica: Sandro Bade

Coreógrafa: Sibelle Pezarini

Maquiadoras: Amanda Silva, Clarissa Salles, Verônica Fabiana, Joyce Silva e Mabayô

Sonorização e Iluminação: Pina Eventos

Filmagem: Pina Eventos

Buffet: Pina Eventos

Dançarinos: Ágata Avelar, Artur Marasco, David Cirilo, Leandro Martins, Michelle Flores e Sibelle Pezarini.

Músicos: Rafael Scafuto (Violão) e Bruno Targs (Percussão)

Bolsistas do Coral da UFJF: Bárbara Moraes, Bárbara Nascimento, Helô Paiva, Júlia Salles, Maria Medeiros e Wilma Machado.

Contrarregras: Wilma Machado, Márcia Vasconcelos, Nicole Vasconcelos e Otávio Bittencourt.

Apresentador: Otávio Bittencourt

 

Mais sobre o Coral da UFJF

Criado em 1966, o Coral da UFJF é composto por estudantes, ex-alunos, professores e funcionários da instituição, além de membros da comunidade não acadêmica. Seu repertório é eclético, abrangendo peças eruditas de caráter religioso ou profano, músicas populares e do folclore nacional. Vem atuando no âmbito local, nacional e internacional durante todos esses anos, tendo recebido premiações dentro e fora do país. Buscando a interdisciplinaridade, trabalha com outras linguagens artísticas além da música, como a arte cênica e a dança, efetivando a comunicação com o público.

Atualmente o Coral da UFJF conta com a direção musical e regência de Ana Sukita, e direção artística e preparação vocal de Michelle Flores. É vinculado à Pró-reitoria de Cultura (Procult) e tem como sede de seus encontros e ensaios o Forum da Cultura.

 

Outras informações

Cine-Theatro Central – (32) 2102-6329

Praça João Pessoa, S/N – Centro – Juiz de Fora

 

Forum da Cultura – (32) 2102-6306

Rua Santo Antônio, 1112 – Centro – Juiz de Fora