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“Água de pote”: nova exposição no Museu de Cultura Popular reúne diferentes tipos de recipientes criados para armazenar água

A necessidade de preservar a água, mantê-la fresca e salubre para o consumo fez com que a humanidade desenvolvesse diferentes métodos de armazenamento. Um desses, talvez dos mais ancestrais, foi acondicionar o líquido vital em recipientes de barro, cerâmica e porcelana. São alguns exemplares desses objetos que estarão em exibição, a partir da próxima terça-feira, 3 de setembro, na exposição “Água de pote”, presente no Museu de Cultura Popular da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), instalado no Forum da Cultura.

Os visitantes poderão contemplar toda a riqueza de formatos, cores e motivos presentes em utensílios como bilhas, moringas, jarros e cantis, que narram histórias, costumes e tradições populares. Ao todo, são 15 peças, oriundas de diferentes locais do Brasil, entre eles, Turmalina, Monte Sião (MG), Vale do Paraíba e Cunha (SP) e Ilhéus (BA), além de uma obra originária de Portugal.

Se inicialmente tais objetos foram produzidos a fim de manter a água em temperatura agradável para ser consumida, com o desenrolar dos anos, eles incorporaram mais do que a função utilitária, passando a transmitir também os valores oriundos da cultura do povo e território onde são criadas. Ao moldarem cada um dos diversos tipos de receptáculos de água, as artesãs e artesãos dão forma a saberes, colaborando, assim, com a preservação de uma verdadeira herança imaterial.

Um dos destaques da exposição são as cerâmicas provenientes do Vale do Jequitinhonha, região mineira onde fica localizada a cidade de Turmalina. Entre as peças produzidas a partir do barro, estão exemplares das chamadas moringas antropomorfas, que se assemelham à forma humana, e as zoomorfas, que representam animais. Elas são consideradas das mais valiosas expressões de arte popular mineira, sendo, inclusive, oficialmente reconhecidas como patrimônio cultural do estado e referência internacional do artesanato brasileiro.

Visitar a exposição “Água de pote” é como um convite para aqueles dois dedos de prosa com ceramistas repletos de histórias. É passeio por um imagético singular em que cada vasilhame admirado apresenta, por exemplo, figuras das famosas bonecas do Vale, animais como galinhas, vaca e pássaros, e até lendas locais, como é possível conferir, através de uma moringa antropomorfa, que possui três cabeças que estará exibida.

A conservadora e restauradora de bens culturais do Forum da Cultura, Franciane Lúcia, explica que a curadoria da exposição buscou resgatar lembranças comuns a tantas pessoas e recortes da história do país e, que estão intrinsecamente ligados aos objetos apresentados. “Muitas das peças que poderão ser vistas nos rememoram o modo de vida em áreas que convivem com seca prolongada e que precisam desses recipientes para armazenamento e transporte de água em tempos de escassez. Outro aspecto também provocado é o despertar de memórias afetivas trazidas com esses utensílios, pois existe uma sensação, muitas vezes nostálgica, sobre o sabor do barro e pela frescura da água armazenada, proporcionando bem-estar e, em alguns casos, uma sensação de segurança por se saber que naquele pote existe o elemento tão precioso à vida”.

A exposição segue em cartaz até o dia 27 de setembro, com visitações gratuitas e abertas ao público em geral, de segunda a sexta, das 10h às 18h.

 

Museu de Cultura Popular – UFJF

Com um rico acervo de mais de 3 mil peças, o Museu de Cultura Popular é um importante espaço de preservação, resgate e valorização da arte oriunda de expressões e tradições populares.

Entre estatuárias, artefatos indígenas, brinquedos antigos, peças de crenças religiosas e outros diversos itens, das mais distintas origens, o visitante tem a oportunidade de realizar uma verdadeira viagem a outros tempos e locais, muitas vezes desconhecidos. O museu abriga objetos da cultura nacional e também de estrangeiras.

As peças, de natureza singular, aguçam a curiosidade e atuam como pontos de contato entre pessoas e culturas diferentes, propiciando, dessa forma, um intercâmbio extremamente importante para a sociedade.

O Museu, criado em 12 de março de 1965 – data que marcou o centenário do folclorista Lindolfo Gomes –, foi transferido para o espaço do Forum da Cultura em 1973, sendo doado à UFJF em 30 de setembro de 1987. Sua origem está no trabalho do Prof. Wilson de Lima Bastos, que criou o então chamado “Museu do Folclore”, mais tarde renomeado como “Museu de Cultura Popular”.

 

Forum da Cultura

Instalado em um casarão centenário, na rua Santo Antônio, 1112, Centro, o Forum da Cultura é o espaço cultural mais antigo da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Em atividade há mais de cinco décadas, leva à comunidade diversos segmentos de manifestações artísticas, abrindo-se a artistas iniciantes e consagrados para que divulguem seus trabalhos.

 

Endereço e outras informações:

Forum da Cultura
Rua Santo Antônio, 1112 – Centro – Juiz de Fora
www.ufjf.edu.br/forumdacultura
E-mail: forumdacultura@ufjf.br
Instagram: @forumdaculturaufjf
Telefone: (32) 2102-6306