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Nova mostra do Forum da Cultura relembra os costumes e o modo de vida na cidade de Descoberto

A exposição reúne obras criadas a partir do resgate de lembranças da artista Dayse Lamas. O evento de abertura contará com apresentações musicais.

 

Onde as curvas das montanhas se encontram, onde os rios tecem seus contornos e os vales estendem seus mantos… nesses cantos de Minas Gerais, muitas vezes escondidos, estão cravadas preciosas cidades que merecem ser encontradas. Uma delas é o destaque da exposição que entra em cartaz na Galeria de Arte do Forum da Cultura da UFJF a partir da próxima terça-feira, 06 de junho. A mostra “Memórias a Descoberto” traz obras que registram impressões de uma época não tão distante, sobre o modo de vida dessa pequena cidade da Zona da Mata Mineira, gigante na hospitalidade de sua gente, na graciosidade de seus costumes e em suas riquezas imateriais.

Sob a ótica da artista Dayse Lamas, passeamos por uma narrativa poética-visual onde palavras, desenhos, ícones, mapas, cores e símbolos se unem e transformam-se em peças carregadas de história e memórias afetivas. Cenas da infância e adolescência da artista, fortemente marcadas em suas lembranças e que ao mesmo tempo também são comuns a tantos mineiros.

As enfeitadas coroações, o dançar das chamas nas velas das procissões, as festas temáticas, o folclore vivo entre o povo, um banco na praça, o frescor do riacho banhando a pele… tudo é matéria-prima para a criação das obras de Dayse. Ao todo são 24 pranchas com sketches rápidos e pequenos textos com passagens sobre acontecimentos do dia-a-dia, as relações com seus conterrâneos e os momentos vividos em Descoberto.

“Essa exposição fala de um jeito de viver que é comum nas pequenas cidades do Brasil, mas que, ao mesmo tempo, vem sendo engolido pela pressa. Hoje em dia, com a tecnologia, hábitos como assentar na praça e ficar horas conversando sem se distrair com um celular, vão se tornando cada vez mais raros. Costumes tão gostosos que estão se perdendo”, pontua a artista.

Ela destaca ainda que “a temática conversa com a proposta do Forum da Cultura e sua vocação para o que é popular. Apesar de as percepções serem muito individuais (minhas memórias), a intenção adquire uma vastidão quando encontra com a memória do outro que viveu experiências parecidas. A tradição se perpetua e o pertencimento se reforça, pois há muitos Descobertos país afora. Este aqui, das minhas lembranças, está bem assentado entre as lindas montanhas de Minas Gerais”.

A exposição seguiu um caminho inverso ao que habitualmente se tornou lugar-comum, saindo do virtual e ganhando fisicalidade. Inicialmente pensado como um projeto para publicação em um perfil do Instagram, as ideias adquiriram força e tornaram-se demasiadamente intensas para estarem apenas em um feed, ganhando assim, as paredes da galeria do Forum do Cultura.

O processo de criação das peças em exposição seguiu um ritmo muito pessoal e afetivo da artista: “eu estava fazendo um quadro para presentear um conhecido de Descoberto e, a partir daí, comecei a relembrar momentos do meu passado. Aquilo foi criando corpo, comecei a escrever os primeiros textos, desenhar as primeiras ilustrações, juntar as peças, até que me perguntei como iria pendurá-las. Foi então que me veio a ideia de usar um cabide, como se minhas memórias fossem, tal qual, roupas que ficam guardadas no fundo do armário até o dia que você resolve as tirar de lá para passear”, compartilha Dayse.

Outras cidades da região também têm um espaço reservado na exposição. As obras contam com suportes coloridos que possuem mapas desenhados à mão, indicando os nomes de municípios como Rio Novo, Guarani, São João Nepomuceno, Chácara, entre outros. As cores dessas superfícies fazem alusão à imagem e a produtos desses lugares, como por exemplo, o leite, as matas, o chão de terra e o milho. Uma homenagem cheia de carinho a locais que fazem parte do entorno de Juiz de Fora e movimentam a região.

 

O vernissage, gratuito e aberto ao público, ocorre na próxima terça-feira, 06 de junho, a partir das 18h30. Na ocasião, a artista compartilhará mais sobre suas inspirações e o trabalho de concepção da mostra. Além disso, o Diretor do Departamento de Cultura e Turismo de Descoberto, Guilherme Teixeira, que também é cantor e compositor, apresentará uma canção autoral feita em homenagem à cidade.

“Memórias a Descoberto” segue em cartaz até o dia 23 de junho, com visitações de segunda a sexta-feira, das 10h às 19h.

Dayse Lamas foi uma das artistas selecionadas pelo Edital de Ocupação da Galeria de Arte do Forum 2023, cujo resultado foi divulgado no dia 27 de fevereiro.

 

Sobre a artista

 

Apesar de ter nascido em Belo Horizonte, Dayse também é descobertense de coração. A artista morou com seus avós na cidade por aproximadamente quatro anos, antes de se fixar em Juiz de Fora. Nos períodos em que não residiu na localidade, manteve suas conexões através das viagens que realizava para lá, além dos vínculos de nostalgia e ancestralidade existentes.

Dayse é formada em Educação Artística pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Trabalhou como professora em diferentes escolas da rede estadual de ensino e também já realizou outras exposições artísticas, tanto no Forum da Cultura, quanto em espaços da Prefeitura de Juiz de Fora e da Universidade. Atualmente leciona artes na rede particular de educação.

 

Descobrindo Descoberto

 

O município de Descoberto tem sua história ligada à busca pelo ouro no Brasil do século XIX. Com a crise da mineração na área central de Minas Gerais, a região da Zona da Mata, conhecida à época, como “Os Sertões do Leste”, começou a receber expedições em busca de novas jazidas do valioso metal.

Em uma dessas diligências, mineradores vindos da cidade de Mariana encontraram os desejados filões de ouro, atraindo assim, a atenção e a migração de muitas pessoas à região, que passou a ser conhecida como “Descoberta Nova”. Outro nome também presente nos registros históricos relacionados ao território é “Descoberto do Rio Novo”.

A data de 16 de junho de 1824 marca a fundação da cidade e a expansão em seu processo de povoação, também fortemente ligado à presença da Capela do Descoberto do Rio Novo e, posteriormente, à Capela da Santíssima Trindade do Descoberto.

Em 12 de dezembro de 1953 ocorre a emancipação do município, até então, um distrito de São João Nepomuceno.

De acordo com estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Descoberto conta com cerca de 5 mil habitantes. A economia do município apoia-se em atividades como a pecuária e a confecção de artigos de vestuário.

Por suas belezas naturais e tradições locais, a cidade também desponta como um potencial destino para os amantes do turismo rural. A tranquilidade de suas ruas, o verde no entorno das residências, a graciosidade das cachoeiras, a energia dos eventos musicais – e também dos radicais – atendem a todos os gostos e dão o tom desse recanto tipicamente mineiro.

 

Forum da Cultura

 

Instalado em um casarão centenário, na rua Santo Antônio, 1112, Centro, o Forum da Cultura é o espaço cultural mais antigo da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Em atividade há mais de quatro décadas, leva à comunidade diversos segmentos de manifestações artísticas, abrindo-se a artistas iniciantes e consagrados para que divulguem seus trabalhos.

 

Endereço e outras informações:

Forum da Cultura
Rua Santo Antônio, 1112 – Centro – Juiz de Fora
www.ufjf.edu.br/forumdacultura
E-mail: forumdacultura@ufjf.br
Instagram: @forumdaculturaufjf
Telefone: (32) 2102-6306