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Cultura Sertaneja é destaque em nova exposição do Museu de Cultura Popular no Forum da Cultura

Noivos a cavalo, Cerâmica policromada – Caruaru (PE)

Embalados pelo inesquecível luar cantado por Luiz Gonzaga, sob a sombra dos juazeiros eternizados por Graciliano Ramos e tocados pelo calor de um povo trabalhador, o Museu de Cultura Popular da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) recebe “Sertanejos”, a nova exposição em cartaz ao longo do mês de julho no Forum da Cultura. As visitações poderão ser feitas a partir desta quarta-feira, dia 5, até o dia 28, de segunda a sexta, das 10h às 19h. A entrada é gratuita.

A mostra traz diferentes representações dos sertanejos, uma figura tipicamente brasileira, nascida nos rincões dos Sertões e que carrega costumes, histórias e simbolismos fortemente presentes na cultura nacional.

Ao longo da exposição, o público terá a possibilidade de conhecer e admirar mais de 40 peças, oriundas de diferentes estados do Brasil como Alagoas, Pernambuco e São Paulo. Um fato que corrobora com a desmitificação do imaginário de um sertão geograficamente demarcado, questão tão bem pontuada no clássico Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa: “O sertão aceita todos os nomes: aqui é o Gerais, lá é o chapadão, lá acolá é a caatinga”.

Em sua maioria, as peças são confeccionadas em cerâmica, matéria-prima muito utilizada no artesanato nordestino, resultado da modelagem de argila e sua posterior exposição a altas temperaturas. Os trajes típicos, as expressões faciais e traços marcantes, as cores das paisagens semiáridas, os instrumentos musicais… cada escultura à mostra traz esses elementos tão repletos de identidade, regionalidade e beleza peculiar.

Diante da complexidade em categorizar o Sertanejo – e sem ter o objetivo de fazê-lo – a exposição apresenta um recorte desta figura, influenciado pelo conceito popularmente conhecido e construído a partir do século XVIII, por meio de diversas formas de expressões culturais, como a literatura, as artes plásticas, o cinema, entre outras. Trata-se assim, de uma homenagem, um espaço para reflexões sobre a importância de valorizar esta cultura popular e também uma forma de situar em posição de protagonismo, este “personagem” icônico, de significados e conceituações amplas e imensuráveis.

 

Um cordel de emoções

A literatura de cordel também é um dos destaques da mostra. Os visitantes poderão se encantar com exemplares dessa manifestação artística que surge a partir de uma singular combinação entre oralidade, escrita, xilogravuras e outros componentes populares.

Originalmente, os livretos de cordel ficavam perdurados em feiras do Nordeste, contendo em suas páginas, criativas rimas e a perfeição métrica de versos. Com uma linguagem simples e bem regional, as narrativas abordavam temas folclóricos, políticos, sociais, religiosos, além de relatar os famosos causos e eternizar figuras importantes da cultura sertaneja como padre Cícero; Lampião e Maria Bonita; o Pavão Misterioso, entre outros.

“A Chegada de Lampião ao inferno” é um dos cordéis em exibição. Escrito por José Pacheco da Rocha, um dos principais cordelistas do Brasil, a obra retrata de forma satírica, a interação de Lampião, o rei do cangaço, com outras almas do purgatório. Além do cordel clássico, o público também poderá conferir uma releitura em formato de histórias em quadrinhos.

Com um rico acervo de mais de 3 mil peças, o Museu de Cultura Popular é um importante espaço de preservação, resgate e valorização da arte oriunda de expressões e tradições populares.

Entre estatuárias, artefatos indígenas, brinquedos antigos, peças de crenças religiosas e outros diversos itens, das mais distintas origens, o visitante tem a oportunidade de realizar uma verdadeira viagem a outros tempos e locais, muitas vezes desconhecidos. O museu abriga objetos da cultura nacional e também de estrangeiras.

As peças, de natureza singular, aguçam a curiosidade e atuam como pontos de contato entre pessoas e culturas diferentes, propiciando dessa forma, um intercâmbio extremamente importante para sociedade.

O Museu, criado em 12 de março de 1965 – data que marcou o centenário do folclorista Lindolfo Gomes –, foi transferido para o espaço do Forum da Cultura em 1973, sendo doado à UFJF em 30 de setembro de 1987. Sua origem está no trabalho do Prof. Wilson de Lima Bastos, que criou o então chamado “Museu do Folclore”, mais tarde renomeado como “Museu de Cultura Popular”.

 

Forum da Cultura

Instalado em um casarão centenário, na rua Santo Antônio, 1112, Centro, o Forum da Cultura é o espaço cultural mais antigo da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Em atividade há mais de quatro décadas, leva à comunidade diversos segmentos de manifestações artísticas, abrindo-se a artistas iniciantes e consagrados para que divulguem seus trabalhos.

 

Endereço e outras informações:

Forum da Cultura
Rua Santo Antônio, 1112 – Centro – Juiz de Fora
www.ufjf.edu.br/forumdacultura
E-mail: forumdacultura@ufjf.br
Instagram: @forumdaculturaufjf
Telefone: (32) 2102-6306