Espetáculo escrito e dirigido por José Luiz Ribeiro marca retorno das atividades presenciais do GD
Em encerramento ao Mergulhão Teatral, curso de iniciação ao teatro, o Grupo Divulgação (GD) apresenta o espetáculo “22: A Semana”, em celebração dos 100 anos da Semana de Arte Moderna de 1922. A apresentação única será realizada nesta sexta-feira, dia 1°, às 20h30, no Teatro do Forum da Cultura da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Esse é o retorno do projeto de extensão Mergulho Teatral e das atividades presenciais do GD após interrupção de dois anos causada pela pandemia da Covid-19.
No espetáculo escrito e dirigido por José Luiz Ribeiro, é feita uma rápida retrospectiva pela história do mundo, de uma forma poética e figurativa, começando pela Criação, passando pela trajetória brasileira, até chegar à Semana de Arte Moderna de 22, seus artistas e o impacto que geraram no tradicional público paulistano.
O retorno ao trabalho diário e presencial no Forum da Cultura é um momento de grande alegria para o teatrólogo José Luiz Ribeiro. Para ele, a sensação é de sobrevivência.
“Em um país cuja cultura recebe tantos golpes e querem apagar a história, mostramos que estamos vivos. Conseguir reunir um grupo de jovens e falar sobre a Semana sob uma outra perspectiva, não só a do escândalo, é muito rico para a gente”, considera.
Modernismo e GD na inauguração do Forum
A Semana de 22 não contou com teatro, mas um de seus principais integrantes, o escritor Oswald de Andrade, tem uma produção de textos teatrais posterior ao marco modernista. O GD encenou 3 peças de Andrade: a montagem de “A Morta” foi o espetáculo de inauguração do Forum da Cultura em 1972. Seguiram-se “O Rei da Vela” (1982) e “O Homem e o Cavalo” (1995). Esses três espetáculos foram relembrados em uma exposição realizada no Forum neste mês de março.
“A temática do Modernismo faz parte da história do Divulgação, inclusive na abertura do Forum da Cultura. É uma coincidência muito interessante que nós comemoramos os 50 anos (da montagem de A Morta) e o centenário da Semana de Arte Moderna. E agora podendo acoplar as obras de Oswald de Andrade e outros elementos que conseguimos juntar nessa peça”, afirma.
Entre os estudantes do curso, há pessoas que ingressaram na edição iniciada em março de 2020 (interrompida devido à emergência sanitária) em busca do frio na barriga gerado pelo palco. É o caso do advogado Yuri de Oliveira Ávila, que nutria o desejo de atuar há pelo menos sete anos e agora vive essa experiência que considera “engrandecedora”.
“É maravilhoso. Uma experiência fora do comum. Está sendo bom até mesmo para a minha formação cultural. Estou relembrando a Semana de Arte Moderna e o movimento modernista, assuntos com os quais tive contato há muito tempo”, conta.
Para a professora Gabriela Silva, participar do curso é a realização de um sonho de décadas, antes adiado por falta de oportunidade e de tempo. “É uma alegria e uma honra estar aqui aprendendo e convivendo junto aos membros do grupo. A gente fica com frio na barriga, de noite acaba perdendo o sono repassando as falas. É uma novidade, uma sensação linda de estar viva, de saber que há coisas novas a serem experimentadas e todo um conjunto de pessoas que está aí para levar divertimento às pessoas e trabalham incansavelmente para isso”, reflete.
Na visão da professora, o tema – a Semana de Arte Moderna e o movimento modernista – é relevante não apenas pelo centenário da Semana, mas também porque o teatro torna-se uma fonte de informação sobre uma página cultural tão importante na história brasileira. “O público do curso (em grande parte formado por estudantes), às vezes não tem contato com essa informação. Então eles estarão lá tendo uma noite de lazer, mas também aprendendo, tendo acesso a essa informação riquíssima. O curso é válido em todos os sentidos”, finaliza.
O Forum da Cultura fica na Rua Santo Antônio, 1112, Centro. A entrada é franca e é preciso apresentar comprovante de vacinação.