Através de um processo complexo e artesanal, os vitrais centenários do casarão do Forum da Cultura da UFJF passaram por restauração.
Os mesmos estavam danificados, apresentando rachaduras e vidros quebrados pela ação do tempo, comprometendo a contemplação de sua beleza, verdadeiras obras de arte.
A restauração ocorreu após licitação, onde saiu vencedora a empresa carioca Vitrais Gama, especialista neste tipo de trabalho.
A empresa foi responsável pela retirada, restauro e reinstalação de seis peças de vitral. Para tal, a mesma utilizou um processo que buscou minimizar o impacto da retirada de cada pedaço do vidro, o que facilita o restauro.
O processo contou ainda com a limpeza da moldura onde os fragmentos estavam e proteção provisória, com vidro 2mm, moldado com a exatidão da peça retirada.
Foi feito o mapeamento do vitral, por meio de fotografias e medições, que objetivaram assegurar a exatidão do encaixe. Após esta etapa, as peças foram transportadas para o atelier, onde ocorreu o desmonte e redesenho da peça.
Os vidros foram limpos e retocados, reavivando a pintura original, buscando garantir uma reprodução fiel da obra.
Logo após, o vidro passou por duas “fornadas”, a primeira para permitir o processo de traçado deste e a segunda para gerar efeito de luz e sombra, ambas entre temperaturas de 550°C e 600°C.
Com o vidro aquecido foi feita a adesão do pigmento, garantindo a manutenção deste por décadas. Em seguida, foi feita uma nova chumbação dos vidros à moldura, preparando a mesma para a calafetagem.
A calafetagem consiste na aplicação de serragem, massa de vidraceiro e óleo de linhaça à peça, deixando a mesma em repouso por até uma semana, o que dá rigidez e aderência ao conjunto. Por fim, limpa-se o vidro e a montagem do vitral pode ser feita.
Tradição familiar
Fundada em 2007, a Vitrais Gama pode ser considerada uma empresa familiar. Composta por Hamilton da Gama e seu sobrinho Fábio Gama da Cunha, a tradição de restauração de vitrais em ateliês está no sangue.
O conhecimento adquirido por Hamilton em 1973 foi passado para o sobrinho, que tomou gosto pela profissão e, desde então, se empenhou em expandir o nome da família Gama através do seu trabalho.
Com restaurações como a da claraboia da Capela da Urca, do Colégio Sion, no Cosme Velho, da Basílica Nossa Senhora de Lourdes, em Vila Isabel, da Igreja de Santa Terezinha, no bairro Santa Tereza e da sede Salão Nobre do clube Fluminense Football Club, esse foi o primeiro trabalho da empresa em Minas Gerais.
Para Fabio, a oportunidade de fazer um trabalho de tamanha complexidade só comprova a qualidade do serviço que presta. “Para nós foi um prazer fazer essa restauração fora do Rio de Janeiro, pois pudemos demonstrar nossa capacidade e como acreditamos que o que fazemos deve ter carinho, como se fosse feito para a nossa casa”.
Hamilton destaca que mesmo com dificuldades relativas ao serviço, o resultado foi satisfatório. “Cada serviço tem uma maneira de se trabalhar. Aqui a parte boa dessa restauração foi poder desmontar o vitral e ‘rechumbá-lo’, tornando o serviço completo, coisa que quase ninguém faz. Vale destacar que parte dos vidros usados são bem peculiares, o que dificulta nosso trabalho de encontra-los, mas todo esforço vale a pena quando conseguimos trazer vida nova para uma obra de arte como essa”.
Mais informações: (32) 3215-3850 ou forumdacultura@gmail.com