Como resultado do seu pós-doutorado na Sorbonne-Nouvelle – Paris III, a professora Márcia Falabella lança no dia 28 de março, às 20 horas, no Forum da Cultura, o seu livro “Théâtre du Soleil e Grupo Divulgação – A aventura teatral possível”, em edição bilíngue (português/francês).
A obra faz uma reflexão sobre os elementos fundamentais de uma ética de grupo praticada pela companhia francesa Théâtre du Soleil e pelo Grupo Divulgação de Juiz de Fora. São vivências que possibilitaram a longevidade dessas duas trupes, nascidas na década de 60.
A autora
Professora do Curso de Jornalismo da Universidade Federal de Juiz de Fora e atriz do Grupo Divulgação, Márcia Falabella tem uma longa experiência no campo das artes cênicas. Responsável pelas disciplinas de Comunicação e Expressão Oral e de Comunicação Social, atuou ainda no curso Comunicação e Arte do Ator, do qual, foi também coordenadora.
No campo da literatura, é autora do livro “Grupo Divulgação: o teatro como devoção” e colaborou na edição de “José Luiz Ribeiro: 50 anos de teatro”. Dentro da dramaturgia, assinou o texto já encenado para o público infanto-juvenil “O Reino de Lóbio”.
Ao longo de seus quase trinta anos de teatro, Márcia Falabella buscou sempre conciliar teoria e prática, se aventurando nos palcos, participando de oficinas com expoentes das artes cênicas, como o francês Jean-François Dusigne, os argentinos Juan Carlos Corazza e Roman Podolski, e a italiana Roberta Carreri, e desenvolvendo trabalhos de pesquisa voltados para o teatro em seu mestrado, doutorado e pós-doutorado. Foi premiada por suas atuações como a personagem Sara em “A escada de Jacó”, no Festival Nacional de Teatro de São José do Rio Preto, e na pele de Eulália, em “Botanágua”, conquistando o Destaque das Artes Cênicas da SINPARC, Belo Horizonte.
Para Márcia Falabella, “o livro é resultado de toda essa experiência e dedicação ao teatro, pois minhas reflexões passam pelas minhas vivências e meu aprendizado.”
O livro
“Essa aventura começa para mim quando tomei conhecimento, tardiamente, do trabalho do Théâtre du Soleil, durante a realização de um ECUM
(Encontro Mundial das Artes Cênicas), realizado em Belo Horizonte, em 2000. A aula magna do evento foi ministrada por Ariane Mnouchkine, fundadora e diretora do Théâtre du Soleil, e pela atriz brasileira que integra a companhia, Juliana Carneiro Cunha. Eu fiquei alucinada com as fotos exibidas e que ocupavam todo o palco do Teatro Sesiminas. Depois, ouvindo sobre o trabalho do Soleil, aquilo tudo me soou tão familiar, porque era muito da nossa vivência no Divulgação. A partir disso, comecei a estudar francês para aprender mais sobre a companhia”, afirma a autora. À medida que essa pesquisa foi se aprofundando, ficou nítida a conexão entre os dois grupos, respeitando as diferenças, sobretudo no campo da encenação.
A obra, dedicada à Ariane Mnouchkine e José Luiz Ribeiro, conta com um texto de apresentação assinado por Deolinda Vilhena, jornalista, produtora teatral e professora da Escola de Teatro e do Programa de Pós-graduação em Artes Cênicas (PPGAC) da Universidade Federal da Bahia, pesquisadora e única brasileira com dissertação e tese sobre o Théâtre du Soleil, escritas em francês e defendidas na Sorbonne. A introdução, em forma de carta, foi feita por Georges Banu, premiado ensaísta e professor de Estudos Teatrais na Sorbonne-Nouvelle – Paris III, aposentado recentemente, autor também de obras consagradas aos grandes diretores teatrais europeus, entre eles Peter Brook e Ariane Mnouchkine, e que foi o orientador dessa pesquisa. Ao receber e ler o livro ele afirmou: “É um livro de paixão e nostalgia, um livro vivo e pessoal: a gente reconhece uma escritora artista que reconstitui um universo e lança as bases de um diálogo. Um livro não de homenagem, mas de amor… amor alimentado pelo conhecimento de dois grupos míticos!” O diretor do Grupo Divulgação, José Luiz Ribeiro, afirmou ter ficado embargado com a leitura.
O livro tem projeto gráfico de Augusto França e é todo ilustrado com fotografias feitas por profissionais europeus e locais, imagens que ajudaram a pontuar o diálogo entre as duas companhias, no que diz respeito à uma ética teatral praticada. A opção em fazer uma obra bilíngue nasceu justamente do esforço em divulgar essas experiências nos dois países que marcam as respectivas nacionalidades dessas trupes que, no fundo, falam uma mesma língua teatral.
Em Paris
Márcia Falabella esteve recentemente em Paris para assistir Macbeth, de Shakespeare, espetáculo comemorativo dos 50 anos do Théâtre du Soleil. Na ocasião, entregou em mãos um exemplar do livro para Ariane Mnouchkine e Juliana Carneiro Cunha. Também lá, Deolinda Vilhena, que estará presente no lançamento, no dia 28, recebeu seu exemplar. Para Falabella, “foi um momento único e de grande emoção. Ariane é um dos maiores nomes do teatro contemporâneo mundial. Um dia inesquecível para celebrar essa grande aventura”, comemora.