Durante o mês de abril, o Museu de Cultura Popular, do Forum da Cultura, realiza a exposição “Imaginário do Cordel”. A mostra reúne folhetos de literatura de cordel e peças em cerâmica que remetem ao cotidiano e ao imaginário do povo nordestino. As visitações seguem até o dia 28 de abril, de segunda a sexta-feira, das 14 às 18 horas, com entrada franca.
A feira nordestina é o centro de difusão do cordel brasileiro. A herança cultural e os hábitos daquela região contribuíram e ainda contribuem para a produção e difusão dessa literatura. Com um rico repertório de versos rimados, os folhetos de cordéis contam um fato histórico, o dia a dia dos nordestinos e também divulgam as lendas que povoam o imaginário popular. Os temas narrados serviram de inspiração à artistas que moldaram em barro figuras descritas pelos versos dos cantadores de feiras.
Na mostra “Cordel”, o público poderá conferir folhetos dos principais cordelistas brasileiros como José João dos Santos (Azulão), João Melchíades Ferreira e Leandro Gomes de Barros. Além das lendas e das aventuras dos cangaceiros, os cordéis também registram a religiosidade e a devoção do povo brasileiro. Clássicos como “A vida e a morte do padre Cícero Romão Batista”, de Raimundo Bezerra de Moura e “Homenagem ao Frei Damião, o Santo do Nordeste”, de Francisco Fernandes da Motta, narram a trajetória destes dois ícones da fé cristã, que apesar de não serem reconhecidos oficialmente pela Igreja Católica, são cultuados como santos populares.
Além dos folhetos, a exposição dialoga através de obras plásticas que contextualizam as histórias apresentadas nos cordéis. Desta junção de linguagens surgem leituras que integram literatura e artes visuais populares.
Tradição
A literatura de cordel tem sua origem na Europa; entre os séculos XVI e XVIII houve produção significativa de cordéis e também a difusão deste gênero, principalmente em Portugal. O cordel chegou ao Brasil trazido pelos portugueses. O primeiro folheto foi publicado em 1893, na Paraíba.
Até na década de 1920, os cordéis eram impressos em tipografia, e as capas ilustradas com xilogravura, uma técnica em que o molde era esculpido em prancha de madeira que entintada servia de matriz para impressão das ilustrações. A partir de 1930, as capas passaram a trazer fotos de atores famosos do cinema americano reproduzidas em clichês e impressas em gráficas. Com a migração dos nordestinos para os grandes centros urbanos, a indústria gráfica paulista passou a reproduzir as histórias em offset acrescentando traços modernos e incluindo as cores. Muitos destes cordéis se transformaram em histórias de quadrinhos.