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“Bicho de pena” pousa no Forum

Pavão do Paraíso confeccionado em cerâmica

Pavão do Paraíso confeccionado em cerâmica

Celebrando a primavera, o Forum da Cultura, da UFJF, preparou no Museu de Cultura Popular, a exposição “Bicho de Pena”, realçando a importância das aves na cultura popular brasileira. A mostra é composta de 71 peças em barro, papier marche, madeira, cerâmica e metal.

Das peças, podemos dar destaque a uma coleção de corujas e a obra Pombal, da ceramista portuguesa, Rosa Ramalha. O público pode ter acesso ao evento de segunda à sexta, das 14 às 18 horas e as escolas poderão ser agendadas através do telefone 3215-3850.

O voo da inspiração

O artista popular encontra na natureza uma grande fonte de inspiração. Representar o mundo animal sempre foi uma forma mágica de deter as narrativas populares em que os pássaros protagonizam as histórias. As aves anunciam o sol e com ele a primavera. É neste momento que seu cantar enche o ar de alegria.

O mito de Ícaro, que tem suas asas de cera derretidas pelo sol, chega à modernidade através do personagem João Gibão, que na primeira versão terminava voando sobre Saramandaia. Os pássaros sempre exerceram fascínio por sua natureza associativa aos anjos que cortam os céus com suas asas.        

Enfeitando jarros em traços graciosos, associando-se a guirlandas de flores ou representados como mensageiros do amor as aves estão presentes na temática da arte universal.

Águias, Pombas, Corujas estão presentes nas interpretações do homem do campo e no folclore brasileiro.  No dia a dia do homem do campo o galo, que no dizer do poeta João Cabral de Mello Neto, sozinho não tece uma madrugada é representado no alto de casas com a direção dos pontos cardeais. Ele está presente no presépio e no cruzeiro, representação do calvário.

A coruja, representação da deusa Minerva, aparece como mau augúrio. No nordeste, em algumas regiões do interior faz parte da crença popular que Coruja-rasga-mortalha, voando por cima de uma casa, anuncia com seu pio a morte próxima de algum morador. Seu pio avisa que a cova deve ser preparada.

O Pavão recebe um destaque especial na escolha dos ceramistas. Cantando em verso e repentes a história desta ave que era usada nos haréns, como vigias contra invasores. No cordel aparece a narrativa romântica de um jovem turco muito rico que usa o pavão como meio de transporte para raptar sua amada que lhe era negada pelos pais.

Os artistas populares retratam ainda, aves domésticas como galinhas e patos. A pomba branca adquire uma expressão sagrada na representação da terceira pessoa da Santíssima Trindade, o Divino Espírito Santo. Porém, o povo nordestino, acredita que criar Pombo doméstico atrai o azar e faz com que a família empobreça.               
                O fascínio da humanidade pelos pássaros fez com que eles fossem apresentados em brasões da nobreza, dessem nomes a guerreiros e espaços geográficos. Os cangaceiros do bando de Virgulino Ferreira, o Lampião, recebiam nomes de aves típicas da região de onde viviam: Azulão, Xexéu, Curió, Canário, Zabelê  e Asa-branca.

Esta mostra celebra a influência das aves na cultura popular e sua influência na vida das pessoas, das religiões e dos sortilégios. Descobrir como o saber popular filtra a natureza através de interpretações populares é uma forma de resgatar raízes da cultura nacional através das mais diversas regiões brasileiras.