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O retrato da história: A iconografia do cordel

Os Violeiros: Xilogravura do pernambucano  MS (Marcelo Alves Soares)

Os Violeiros: Xilogravura do pernambucano MS (Marcelo Alves Soares)

“O cordel tem seus folhetos
Que também são biográficos.
   Têm os que descrevem exemplo,
Mas também os pornográficos,
E têm os que dão notícias,
Parecendo jornais gráficos.

Tem os romances de bichos
Misteriosos, mandingueiros,
Que falam, cantam, casam.
Tem os heróis milagreiros,
Mágicos, cômicos, históricos,

Irônicos ou macumbeiros.”

 

            “Iconografia do Cordel” é a mostra que a Galeria do Fórum da Cultura apresenta a partir do dia 13 de agosto. Reunindo algumas capas de folhetos de cordel a exposição dialoga com o Museu de Cultura Popular que, no Mês do Folclore, está apresentando o “Folclore Brasileiro”

O cordel

             A herança da colonização portuguesa preservou nos poetas de feira a vocação dos trovadores medievais. Hoje, um amplo campo de pesquisa, os folhetos de cordéis entraram na academia. A partir dos estudos da Folkcomunicação, criada por Luiz Beltrão, estes folhetos saíram das feiras e passaram a ser observados como manifestações de informação, entretenimento e educação popular.

            A literatura popular passou a chamar a atenção de pesquisadores e sua forma de folhetos rústicos sofreu modificações. Dos primeiros folhetos, escritos à mão, passando pelas gráficas rústicas chegaram a editoras que publicaram uma versão moderna de histórias consagradas.

            O poeta de cordel cumpre a função do jornalista na feira. Suma missão é observar o mundo transformando suas opiniões em versos, quer usando a ficção quer, tratando de temas contemporâneos, como políticos safados e ladrões. O mundo mítico das aventuras de Lampião, a religiosidade do Padre Cícero, e as espertezas de João Grilo aparecem para divertir e educar. O cordel é um grande exemplo de jornalismo opinativo para classes populares.

            O nome primitivo, herdado de Portugal era literatura de barbante, mas a denominação ibérica cedeu lugar à designação de cordel. O poeta popular era um empreendedor que passava por todos os estágios da sua produção. Criava os versos, imprimia na gráfica e declamava na feira, cativando com suas histórias a alma do povo. Muitos analfabetos aprenderam a ler em páginas do cordel, descobrindo o valor das letras. Existem afirmações de pessoas sem letras comprando os folhetos nas feiras e guardando em sua casa a espera de um alfabetizado que pudesse ler as histórias. Este ledor proporcionava alegria à família que escutava com atenção as histórias fabulares, políticas e educativas.

            Os cordelistas, assim chamados são verdadeiros atores. Sua interpretação, muitas acompanhadas por rabecas e violas são capazes de influenciar o público que mostra seu agrado comprando os folhetos. De forma cadenciada, marcando os versos bem rimados são capazes de dar vida a suas histórias que passam a ser repetidas. Em muitas das vezes a cantoria torna-se animada com cantorias ou desafios de poetas repentistas que criam versos de improviso.

            A temática do cordel é extensa e variada. Figuras notáveis por seus feitos políticos, religiosos ou assombrosos são tratados pelos autores. Bandidos, como Lampião, Presidentes, como Getúlio Vargas e religiosos, como o Padim Padre Cícero e Frei Damião, ocupam espaço junto aos Pavões Misteriosos e outras lendas da ficção nordestina. Os autores ainda se prestam a ajudar a educação do povo em relação à saúde.

            Aos que pensam que a cultura popular é uma instância congelada pela tradição, o cordel responde com uma intensa atualização. Os temas de interesse público são tratados com grande acuidade. No campo da temática os cordelistas acompanham os avanços do mundo e falam sobre a chegada do homem na lua,

o escândalo do mensalão, a queda das torres gêmeas, os desastres do avião. Esta função informativa, em tempos não midiáticos levava notícias do mundo ao camponês que passeava pela feira. A literatura de cordel deu conta do mundo para o homem pobre e abasteceu sua imaginação com lendas e romances no tempo em que a novela não chegava ao interior.

                                                                       As ilustrações

                        A xilogravura, inventada pelos chineses no século VI, criou uma iconografia própria para ilustrar o que vinha no miolo do folheto de cordel. Pendurados nos barbantes com pregadores de roupa ou abertos no meio os pequenos livretos. Os mais antigos eram impressos nestes carimbos de madeira, rusticamente entalhados e entintados. Com a evolução das gráficas eles passaram a ser impressos com clichês a traço ou em policromia.

É de se notar que em muitos exemplares aparecem figuras de artistas de cinema, chamando a atenção dos leitores. As ilustrações conferem aos opúsculos uma estética própria e facilmente reconhecida pelos seus traços naifs. O entitamento feito em preto, muitas vezes apresenta variantes por serem impressas em papeis coloridos, geralmente em rosa, verde ou amarelo.

                                                                       Os ilustradores

           Dos nove ilustradores só a artista Marianna Steffens não está ligada diretamente ao cordel. Seu trabalho, como artista plástica, consiste apropriação da linguagem dos cordelistas para ilustrar narrativas dos livros de Martin que deram origem a serie Game of Thrones, do HBO.

            J.Borges, Erivaldo, Maxado, MS (Marcelo Alves Soares) JVicttor (Jorge Victtor), JMiguel, Severino Borges e Mestre Noza são nomes consagrados reunidos nesta mostra.

 

J. Borges

(José Francisco Borges)

1935, Bezerros – PE

Filho de agricultores, nasceu no sítio Riachão das Torres. Jota Borges, como é chamado, trabalha na roça desde os oito anos. Exerceu os ofícios de criador de cabras, marceneiro, pedreiro, carpinteiro, balconista, oleiro, fabricante de colheres de pau e brinquedos antes de ter contato com a poesia de bancada. Foi autor de textos, gravador, impressor, editor e cantador de folhetos em feiras. Esteve por pouco tempo na escola, que deixou aos 12 anos de idades. Aos 20 anos, comprou exemplares de folhetos para revender na feira de Bezerros. Em 1963 trocou uma bicicleta velha por um alto-falante para se tornar folheteiro, voltando ainda algum dinheiro no negócio. E em 1965, aos 30 anos de idade, publicou o primeiro folheto: “O encontro de Dois Vaqueiros numa Vaquejada”, impresso na Tipografia São Joaquim e capa de Dila. Com o tempo, passou a fazer suas próprias xilos de capa, depois que a primeira experiência num suporte de jenipapo deu certo. Hoje, J. Borges tem mais de 200 títulos publicados. A partir dos anos 1960, ele se deu conta, como também outros poetas desdobrados em gravadores, de que havia um mercado para gravura de formatos maiores que aquelas feitas para a capa dos pequenos folhetos de 11 cm x 16 cm. J. Borges tem um extraordinário sentido da composição, equilibrando cheios e vazios com maestria. Seu extraordinário dom para o desenho animalista fica patente, por exemplo, no livro “No tempo em que os Bichos Falavam”, editado pela Casa das Crianças de Olinda nos anos 1980. Jota Borges construiu, em Bezerros, a Casa de Cultura Serra Negra para valorizar a cultura popular da região, onde fica também seu ateliê de trabalho. Seu irmão, Amaro Francisco, e seu primo Joel Borges, são também xilógrafos. Conhecido nacionalmente, a partir dos anos 1980 começa a ser solicitado para expor e vender seu trabalho no exterior. Nos anos 1990 disse a seu respeito Marion Oettinger, diretora do Centro Nelson A. Rockefeller para a Arte Latino-americana: “baixa tecnologia sempre produz resultados muito poderosos, tocantes e sofisticados (quando há talento, claro)”, referindo-se à simples faca e à base de madeira com que Borges realiza seu maravilhoso imaginário. Também Bárbara Mauldin, curadora do Santa Fé, Estados Unidos, declara que “seu senso de composição é soberbo, e suas imagens são ousadas, com uma narrativa informativa, e uma visão que é humorística e alegre”. Jota Borges já expôs no Grand Palais (1987), Paris, no quadro da mostra “Brésil, Arts Populaires”, e, nos anos 1990 e virada do século, na Smithsonian e no Japão. Ganha uma liberdade cada vez maior nos seus meios expressivos, introduzindo cores nas xilos e mesmo experimentando o mármore como base para seu desenho. Sua obra integra o calendário da United Nations Framework Convention on Climat Change, órgão das Nações Unidas.

Fonte: Pequeno Dicionário do Povo Brasileiro, século XX | Lélia Coelho Frota – Aeroplano, 2005

“Comecei escrevendo cordel, e precisei ilustrar o cordel. Peguei um pedaço de madeira, plainei, ai eu fiz. Levei na gráfica pra fazer uma prova, e vendi bem. Aí parti para fazer o segundo. Quando eu já estava com três ou quatro publicados, outros cordelistas pediram desenhos pra mim. Passei cinco ou seis anos só fazendo isso, pra mim comer. Aí depois surgiu esse pessoal de fora pedindo pra fazer maior. (…) Hoje escrevo muito humor, a vida anda um pouco sacrificada né, o povo ouve tanta cena de miséria por aí, então o cordel entrou no humor e está vendendo muito.” J.BORGES

Sobre o futuro do cordel o artista diz que “só não se vende mais, porque acabaram os cordelistas de feira, antigamente, eram muitos os criados sem escola, sem nada, que partiam para criar cordel, sem pedir nada pra ninguém. Hoje não trabalham, a mentalidade é outra, não se dedicam a nada, e vão pedir, se acostumam e ficam marginalizados. A maioria começa pedindo, e depois se intoxica. Entra nisso, e no meu tempo não, no meu tempo ia escrever, estudar, desenhar.”

Fonte: http://www.acasa.org.br/

 

MS
(Marcelo Alves Soares)

Nasceu em Recife em 1955. Filho do poeta popular José Soares, esculpe em suas xilogravuras as iniciais “MA”, “MS” ou ainda o nome “Marcelo”. É autor, entre outros, do folheto “O Encontro da Velha debaixo da Cama com a Perna Cabeluda”.

“Nasci num dia de domingo – como me disse minha velha mãe – a 23 de dezembro de 1955, e Olinda-PE. Tive uma infância como todo menino teve. Fui criado no meio de poetas populares porque meu pai, José Soares, o Poeta Repórter, foi um deles, e convivendo com repentistas, elaboradores de coco, etc.

(…)

Em 1974, meu pai, talvez pensando num futuro melhor pro filho, levou-me para estudar artes gráficas na Casa das Crianças de Olinda. Lá, então, foi que eu peguei gosto pela coisa de fazer gravura e fiz a primeira ilustração da minha vida, para um folheto de meu pai.

Meu mestre foi o grande tipógrafo Severino Marques de Souza Júnior, o Palito. O maior artesão que eu já conheci. Tão bom era capaz de fazer até dinheiro

(…)

Aí fui ilustrando os folhetos dos grandes poetas, como Rodolfo Coelho Cavalcante, Severino Cesário, Homero do Rego Barros, José Pacheco, Pedro Pontual, Franklin Maxado, Apolonio Alves dos Santos, Sá de João Pessoa, Azulão, Elias de Carvalho, Gonçalo Ferreira da Silva, Sebastião Campelo, Expedito F. Silva, Zé Praxedi, etc.

(…)

Depois de tanto viver no meio dos grandes xilogravadores como J. Borges, Costa Leite, Amaro Francisco Borges, Dila, Joel Borges, Abraão Batista Valderêdo Gonçalves, passei a ser o Responsável pelo atelier de gravura da própria casa de olinda. Lá fiquei três anos. Então fui a São Paulo. Não gostei nem um pouco. Era muito frio, por isso resolvi voltar para a minha terra. Foram várias idas e vindas entre Recife São Paulo e Rio, até que, finalmente, resolvi sentar lugar aqui: Rio de Janeiro”. (HEYE, Ana M. Xilogravuras de Marcelo Soares, Ciro Fernandes, Joel Borges e Erivaldo Ferreira)

Fontes: http://www.acasa.org.br/ e http://www.ablc.com.br/gravuras.html

 

Erivaldo
(Erivaldo Ferreira da Silva)

“Carioca, natural de Cascadura, Rio de Janeiro, nasci aos 17/05/65, filho de Expedto F. Silva, poeta popular, e Maria Bernardete da Silva.

Atualmente resido em Engenheiro Pedreira, Nova Iguaçu. Comecei a fazer xilogravura aos 13 anos de idade, por incentivo de meu pai, que muito insistiu. Dois anos depois, conheci Marcelo Soares, que deu minhas primeiras instruções. A seguir, comecei a freqüentar a feira de São Cristóvão, ao lado de meu pai, e conheci Ciro Fernandes, que me instruiu e me ajudou muito. Um ano depois, através de Ciro Fernandes, ganhei uma bolsa de estudo no MAM, Museu de Arte Moderna, no Rio de Janeiro, e aprimorei-me com a professora Sandra Santos.

Fonte: http://www.acasa.org.br/

 

Maxado
(Franklin de Cerqueira Machado)

Maxado Nordestino, nasceu em Feira de Santana, Bahia, em 15 de março de 1943. Bacharel em direito, optou por fazer exclusivamente literatura de cordel, palestras sobre o tema e xilogravuras. Escreveu, entre outros, “A Volta do Pavão Misterioso”.

Fonte: http://www.ablc.com.br/gravuras.html

FRANKLIN MAXADO é considerado um divisor de águas na arte do Cordel. Formado em Jornalismo e Direito, dedicou-se exclusivamente ao ofício do verso popular, vendendo folhetos e xilogravuras por todo o país. Seus livros “O que é a literatura de cordel?” e “Cordel, xilogravura e ilustrações”, ambos publicados pela Pasquim/Codecri e hoje esgotados, já são considerados leitura obrigatória para pesquisadores do gênero. Em 2007 a Editora Hedra organizou, na coleção Biblioteca de cordel, uma antologia com cinco dos seus mais de 200 trabalhos.

Fonte: http://www.verbo21.com.br/v1/index.php?option=com_content&view=article&id=52:franklin-machado-literatura-de-cordel&ca

 

JVicttor

(Jorge Victtor)

Nasceu em nasceu em Belo Horizonte e vive no Rio de Janeiro. Neto, filho, sobrinho e irmão de fotógrafos, a pintura e o desenho falaram mais alto, mesmo tendo começado sua carreira no estúdio fotográfico do pai, Victor Gomes. Como publicitário fez ilustração, direção de arte e criação. Desde 2004 dedica-se integralmente às artes plásticas, focando seu trabalho em situações diversas da vida, se alimentando de imagens do trânsito, imagens de TV e da internet para produzir pinturas, gravuras e fotografias.

Estudou pintura acadêmica no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro e música na Escola de Música Villa-Lobos.

Na pintura, encontrou uma linguagem própria, entre fios, cores e interferências com stêncil, que transformam e reinventam as fotografias que lhes dão origem. JV vai além dessas imagens, criando uma dinâmica sua, levado por uma espécie de impaciência gráfica.

Fonte: http://www.jvicttor.com.br/

 

J.Miguel

(José Miguel da Silva)

1961, Bezerros – Pernambuco

Filho de J.Borges, José Miguel da Silva nasceu em 1961, em Bezerros, PE. Começou a trabalhar já aos 10 anos de idade na gráfica do pai, onde se produziam folhetos de cordel. Iniciando com pequenas gravuras, logo despertou interesse de colecionadores e marchands. Vendeu muitas de suas matrizes, mas ainda assim formou um acervo que conta com mais de 100 obras.

Fonte: www.portocultura.com.br

 

Severino Borges

Natural de Escada, mas criado em Bezerros. Tem 43 anos e há 18 é xilógrafo. É sobrinho de J. Borges e aprendeu com o seu pai, o Sr Amaro Francisco, a arte da xilogravura. Desde 2005, possui uma loja na Casa da Cultura em Recife, onde vende suas obras e a de outros artesãos. Já deu oficinas na FENNEART, Museu do Homem do NE e já fez exposições em cidades de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e países como Estados Unidos, Canadá, Itália e Alemanha.

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Menino que nasceu em Escada e cresceu na pacata Bezerros, em Pernambuco, brincando e jogando bola na rua, subindo em árvores, pulando muros e fugindo da mãe para ouvir histórias cantadas nas feiras da cidade, Severino viveu a liberdade de outros tempos. Era o auge da literatura de cordel – uma mistura de jornalismo rústico e romanceiro da caatinga – que determinou a identidade cultural de gerações de brasileiros. Entre eles, Severino, que teve na forte presença paterna o alicerce de sua formação moral e artística. O pai é o xilogravador Amaro Francisco. O talento na arte de cortar a madeira vem de família. A mãe, Dona Nena, talha as próprias matrizes. O mesmo acontece com outros parentes. O precursor é o tio J.Borges, o poeta popular que o sobrinho admira e de quem tem orgulho desde pequeno. Mesmo rodeado pela arte, o menino seguiu outros caminhos. Casou-se aos dezenove anos, parou os estudos no segundo grau e foi trabalhar duro. Exerceu muitos ofícios, de ajudante de pedreiro a funcionário da indústria de plásticos. Com a saúde prejudicada por causa do trabalho, mudou-se para Olinda, em 1996, quando incentivado pelo pai aventurou-se na gravura. Fez dez matrizes, tirou cópias e começou a vender. O resultado deu esperança ao aprendiz. Depois, o tempo permitiu ao artista amadurecer sua obra.Hoje, Severino domina com habilidade as goivas e suas ferramentas improvisadas a partir de facas afiadas. Seus desenhos não só surgem da imaginação, como são frutos da leitura, da pesquisa, e da observação minuciosa das manifestações populares nas ruas. Com um traço primitivo e de poucos detalhes, consegue dar vida ao folclore do Nordeste. Seu estilo de composição é marcado pelo isolamento das figuras e pelo contraste do preto e branco. Mas a disposição gráfica também lhe permite explorar as cores. Na mesma matriz, pinta as partes distintas do desenho e imprime colorido. Obtém gravuras com texturas diferentes ao utilizar a umburana e o cedro. Da primeira madeira resulta uma impressão mais fechada, sem marcas, ao contrário da segunda que denuncia suas fibras no papel. Severino é uma exceção entre os gravadores populares porque também se tornou um bom empreendedor. Fez cursos para melhor administrar os negócios e investiu com carinho e sutileza na apresentação dos seus produtos. Em 2005, conseguiu abrir uma loja, na Casa da Cultura de Recife, onde também vende obras de outros artistas e artesãos. Além do papel avulso, suas gravuras estão em azulejos queimados, canecas, pratos, camisetas, chapéus e panôs. Hoje, Severino participa de congressos e feiras de artesanato em todo o país e seus trabalhos são vendidos nas grandes cidades brasileiras.

Fonte: Esdra Campos – jornalista e pesquisadora do projeto Xilobrasil que visa o mapeamento da xilografia popular brasileira.

 

Mestre Noza

Mestre Noza, ou Inocêncio Medeiros da Costa, nasceu em Pernambuco em 1897. Sua relação com Juazeiro do Norte começou em 1912, quando percorreu 600 km a pé, como romeiro, e junto com a família se estabeleceu na região desde então.

Exerceu diversas atividades, entre as quais a de soldado de polícia, funcionário da estrada de ferro Rede Viação Cearense, funileiro. A partir de 1930, tornou-se conhecido como artista popular, imaginário (escultor de imagens) e xilogravurista. Sua primeira escultura foi um São Sebastião e sua primeira xilogravura, uma capa de literatura de cordel encomendada por José Bernardo da Silva para ilustrar o folheto de José Pacheco A propaganda de um matuto com um balaio de maxixe. Em 1963, Sérvulo Esmeraldo, um artista do Crato, lhe deu uma série de gravuras da Via Sacra e lhe encomendou as matrizes em madeira. Ficou muito satisfeito com o resultado do trabalho de Mestre Noza e resolveu levá-las para a França, numa viagem que fez em 1965. Conseguiu produzir uma edição especial, com apenas 22 exemplares impressos à mão e lançá-la em Paris.  O sucesso foi tanto que foi feita uma nova edição de mil exemplares, que também se esgotou rapidamente.

Fonte: http://www.blogsj.com.br/conheca-mais-sobre-o-centro-de-cultura-popular-mestre-noza

 

Marianna Steffens

Designer e ilustradora brasileira. Se apropriou do cordel, linguagem da cultura popular, para recriar as capas d’As Crônicas de Gelo e Fogo, a série de livros que deu origem à série da HBO Game of Thrones. (http://msteffensillustrations.blogspot.com.br/)