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O Forum da Cultura dedica o mês de outubro à criança

Boneca de pano, originária de Juiz de Fora, é uma das peças expostas

 

Com a volta do musical infantil “Cadê”, em montagem do Grupo Divulgação, que ficará em cartaz aos sábados e domingos, às 16h45, a mostra “Brinquedos/Casa de Bonecas” no Museu de Cultura Popular e a exposição “Ilustrações Infantis” na Galeria de Arte, a programação do Forum da Cultura dedica um espaço especial ao mundo infantil.

Durante todo o mês de outubro fica, ainda, em cartaz o espetáculo “Sob Nova Direção”, de José Luiz Ribeiro, de quarta a domingo, às 20h30.

 

O mundo encantado dos brinquedos

 

O mundo da ficção habita o reino dos brinquedos. A invenção da brincadeira é a porta pela qual a cultura permite o ingresso do imaginário nas regras do cotidiano. Através do brinquedo a criança imita o mundo adulto e apreende o significado das ações reais sem o prejuízo dos eventos indeterminados.

Um brinquedo carrega em si, como objeto, a potência de inúmeros significados. Sua função lúdica permite à criança absorver a representação de cada época. Em cada tempo, sociedade e cultura, o brinquedo reproduziu conflitos, estabeleceu conceitos éticos e formou o caráter infantil.

A diferença de gêneros dando às meninas um caminho direcionado à mulher, mãe e provedora e aos meninos a representação da sociedade de ação competitiva e guerreira tem na função lúdica uma determinação cultural.

Durante séculos, a boneca foi instrumento para o aprendizado da maternagem. Uma boneca atribuía o papel de mãe a sua dona e desenvolvia os rituais de fazer roupinha, trocar fraldas e mamadeiras. A sociedade de consumo inverteu o processo espelhando o sistema capitalista que oferece às meninas as carreiras de stars. Barbie e Suzy vestem e calçam produtos industrializados e habitam casas e espaços que dispensam a imaginação. O mundo dessas olimpianas do universo infantil faz da criança uma colecionadora.

O universo dos meninos povoado por carros, trens e naves planetárias passou a ser influenciado pelos computadores. As novas tecnologias permitiram, ainda, versões de super-heróis. Os jogos de guerra, tema essencial para o universo masculino, permite o contato com a violência, de forma simbólica. O revólver, banido das lojas de brinquedos infantis, foi substituído por armas espaciais que se iluminam, produzem sons e disparam mísseis.

O brinquedo é o gatilho que dispara o sistema de imaginação infantil. Ele age de forma a estruturar o conteúdo da brincadeira. A sociedade do fragmento se espelha na multiplicidade de brinquedos, de formas e cores diferentes. Este mosaico faz um encaixe de mundo que equaliza função e diversão.

A mostra “Brinquedos/Casa de Bonecas” junta dois universos e traz ao público o testemunho de um tempo em que para brincar, em muitas das vezes, a criança inventava o seu objeto a partir de materiais comuns. Os boizinhos de chuchu, as bonecas de trapo, os móveis feitos com caixas de fósforos vazias, as petecas de palha de milho com penas de galinhas recolhidas no galinheiro e os cambões com rodas de rolimã fazem parte de uma cultura em que as crianças passavam sua metodologia de forma prática.

Esta exposição é um convite aos pais para pensar o mundo em que a reciclagem se faz necessária. Um mundo em que a criança seja inventora de brincadeiras e não uma mera consumidora.