Agosto, o mês do desgosto, também chamado de mês do ‘cachorro louco’, é conhecido na cultura popular brasileira como um período de mau agouro. Usando esse mote, o Museu de Cultura Popular, do Forum da Cultura, mostra ‘Sortilégios’, até o dia 2 de setembro.
A mostra
‘Sortilégios’ reúne 80 peças entre carrancas, Orixás, objetos de sorte, patuás, fitas de proteção como as do Senhor do Bonfim, entre outras, confeccionadas com materiais como madeira, cerâmica, metal e gesso. As obras são originadas de diversas cidades brasileiras, em especial, as mineiras e as nordestinas.
As carrancas são instrumentos de proteção de barcos, em especial os do Rio São Francisco. Colocadas à frente das embarcações, têm como função espantar o ‘Caboclo-D’água’ que tenta afogar os marinheiros.
Os desejos ocultos, como felicidade nos negócios ou no amor, estão ligados às fitas de proteção, como as famosas do Senhor do Bonfim. Seu uso pelo devoto pode alcançar a graça ou a proteção após o seu rompimento.
Os Orixás ocupam uma parte da exposição e remetem sua proteção por meio de patuás que levados na carteira ou dependurados em cordões asseguram tranquilidade aos filhos de santos.
Crendices e superstições
A palavra sortilégio, que dá nome à exposição, significa a busca pela boa sorte, a tentativa de mudar o destino por meio de objetos vistos como de proteção. Esse tipo de crendice sempre teve lugar nas cidades brasileiras, em especial, as do interior. Durante muitos anos no Brasil, era comum algumas doenças, como a caxumba, serem ‘curadas’ com uma reza de benzedeira. Com o passar do tempo e a evolução da modernidade, esse tipo de manifestação perde a intensidade, mas não desaparece totalmente.
Na cultura popular brasileira, verdadeiramente um mosaico, que faz referência à representação ibérica e africana, existe um somatório de elementos da proteção religiosa cristã e todos os seus santos com a cultura africana que é impregnada de inúmeros elementos de sortilégios.
Independente da crença religiosa, as pessoas, geralmente, possuem algum tipo de superstição. Em alguns casos, possuem vários. Como forma de evitar os possíveis transtornos dessa época do ano, as pessoas costumam se resguardar por meio de alguns elementos de proteção. São os conhecidos objetos de sorte que pretendem afastar os maus espíritos que serão usados de acordo com cada crendice. A mostra busca radiografar essas crendices populares.