O Centro de Estudos Teatrais – Grupo Divulgação está completando 45 anos de criação. E a data será comemorada com uma programação especial de quatro dias, envolvendo integrantes, ex-integrantes e amigos da companhia teatral, no Forum da Cultura.
Para começar, nesta quarta-feira (06), às 20h30, o núcleo de adolescentes sobe ao palco para encenar “Sombras da Noite”. No montagem, José Luiz Ribeiro propõe uma coletânea de poemas de escritores renomados, como Manuel Bandeira, Fernando Pessoa, Pedro Nava, Vinícius de Moraes e Cecília Meirelles. Juntamente com músicas conhecidas de cantores como Gilberto Gil, Oscar Castro Neves, John Lenon e Paul McCartney (versão de Paulo Cesar Pinheiro), forma uma apresentação que traz na morte e suas inflexões a base de toda a obra.
Já na quinta-feira (07), dia de aniversário do GD, o núcleo de terceira idade brindará o público com “Versos do Guardador de Rebanhos”, às 20h30. O espetáculo reúne poemas de “O Guardador de Rebanhos”, de Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa, e retrata a simplicidade da vida portuguesa no imaginário doautor. A narrativa se completa com canções da música popular brasileira.
Na sexta-feira (08), também às 20h30, o Grupo Divulgação faz uma reapresentação de “Depois da novela das oito”, de Juiz Luiz Ribeiro. A peça, que termina temporada de sucesso no dia três de julho, narra a história de um casal de antigos figurantes de novelas famosas da Globo que passam por dificuldades financeiras. Sem oferta de trabalho, os dois se vêem obrigados a pensar em uma saída alternativa e decidem montar um curso de treinamento para jovens atores.
Por fim, no sábado (09), o GD reapresenta o espetáculo infanto-juvenil “Sonhos da Rainha da Noite”, de José Luiz Ribeiro. Na trama, Fábio e Lúcio são enviados pela mãe à Estrada da Fortuna em busca de riquezas. Na caminhada, os meninos são acompanhados por Ping e Pong, duendes ajudantes da Estrela da Manhã, um gênio protetor das crianças. Ao
anoitecer, Fábio e Lúcio param para descansar e quando pegam no sono, seus sonhos se misturam e os dois se envolvem numa aventura para resgatar o Cristal Encantado do Reino da Rainha da Noite, que foi roubado por um Ogro, com o auxílio de uma coruja.
Para o diretor fundador do Divulgação, José Luiz Ribeiro, “fazer 45 anos de um grupo de teatro amador é realmente uma fábula, a qual a gente não se apercebeu. A gente olha pra trás e vê que o Divulgação participou de grandes momentos da história do teatro de Juiz de Fora. Conseguiu uma vasta premiação e marcou a fase da cultura brasileira a medida em que muitas pessoas que estiveram se espalharam pelo país e pelo mundo, carregando na sua formação o que aprendeu no grupo. Nós podemos realmente ficar muito felizes com essa comemoração”.
Muita história pra contar
O Centro de Estudos Teatrais – Grupo Divulgação surgiu em meio à efervescência política e cultural da década de 1960, da inquietude de alunos da antiga Faculdade de Filosofia e Letras (Fafile) da UFJF que promoviam encontros para estudar teatro e poesia. Embora as reuniões, que eram semanais, já tivessem originado a montagem “História para uma princesa”, foi no dia sete de julho de 1966, com “Amor em verso e canção”, que o Grupo teve sua estreia oficial.
Daí para frente, o GD escreveu uma história marcada pelo resgate de grandes clássicos da dramaturgia universal com textos de Shakespeare, Goethe, Tchekhov, Sófocles e Moliére. O que lhe garantiu uma “posição de destaque no teatro universitário brasileiro”, segundo Paschoal Carlos Magno, grande figura do teatro universitário no Brasil, em carta endereçada à Fafile na década de 1970.
Também se consagrou como Centro de Estudos Teatrais, através de uma dramaturgia própria e a realização de projetos e pesquisas. Hoje, o Divulgação contabiliza 167 montagens realizadas, além de 18 espetáculos apresentados pelo núcleo de terceira idade e 31 peças com o núcleo de adolescentes.
Orientados pelo lema “Mede-se a cultura de um povo pelo seu teatro”, bandeira levantada por Federico García Lorca, patrono do grupo, o GD sustenta 45 anos de teatro para o povo, retratando a realidade no palco e promovendo a construção da cidadania através do teatro. “Quando a gente começou, o nome Divulgação era justamente para divulgar a poesia e a dramaturgia para as pessoas. Como estudantes, a gente pensava no processo ideológico de melhorar o mundo através da cultura. Hoje, a gente nota que houve uma mudança muito grande na sociedade, mas sabemos que, durante todo esse tempo, fomos fiéis à nossa causa”, conclui José Luiz Ribeiro.