Estreia nesta quarta-feira, dia 20, às 20h30, O Triunfo do Apocalipse, novo espetáculo do Grupo Divulgação, texto e direção de José Luiz Ribeiro. Destinada ao público adulto, a peça é uma trama policial que, através do uso de detalhes de cenário, sonoplastia e do próprio texto, avalia o caráter das nove personagens que se encontram ligadas por um assassinato.
O Apocalipse, a busca pela revelação
Com uma proposta de formato diferente, como o mistério policial, o GD aposta em despertar no público preocupações sociais e políticas que promovam a conscientização através do teatro. De acordo com Ribeiro, a proposta de um novo formato é a de experimentar.
O Triunfo do Apocalipse é também o nome do antiquário onde toda a trama se desencadeia. Márcia Falabella, na pele de Dona Nilma, é a administradora da loja, que trata de compras e vendas de objetos refinados, como móveis, quadros e moedas antigas.
Mais do que comerciante de uma loja sofisticada, Nilma também é uma peça importante no jogo de aparências que envolve a maioria das personagens, fazendo com que certos comportamentos sejam alterados de acordo com as situações. Sempre envolvida no que ela mesma chama de “pequenos trambiques comerciais”, coloca o prestígio de sua loja em risco ao ser vítima de um golpe, que depois termina em assassinato. A partir disto, a procura pelo autor do crime gera uma sequência de dúvidas e acusações, a caminho de um verdadeiro apocalipse.
Com um texto cheio de detalhes sobre a origem, os pensamentos e ações das personagens, as pistas aparecem aos poucos. Os diálogos bem trançados fazem com que cada vestígio seja fundamental para que o mistério do assassinato seja resolvido e ainda são capazes de decifrar os desvios de caráter das personagens. Segundo José Luiz Ribeiro, a peça é uma radiografia do próprio tempo. “Em uma época em que falta reflexão, em que os ouvidos estão sendo substituídos pelos olhos, as pessoas não se importam mais com a palavra dada e sim com o que é mostrado.”
O Triunfo
Os detalhes do cenário são de grande importância para a constituição dos acontecimentos da narrativa. Estantes harmoniosamente decoradas formam uma imagem geométrica, dividindo o palco em dois lados. Vasos, taças e jarros completam a composição do antiquário.
A iluminação e a trilha sonora são determinantes para a formação seqüencial. A variação das luzes, que se alteram entre o claro e o escuro, trabalham o avanço da história em horas e dias. E a música de Carmina Burana dá o tom sombrio à peça, aumentando o clima de mistério e aproximando cada vez mais o encontro com o assassino.