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GD 44: Um registro da história

O Grupo Divulgação (GD) está completando quarenta e quatro anos de teatro e, em homenagem a esta trajetória, a Galeria de Arte do Forum da Cultura exibe a exposição “GD 44”, uma reunião de fotografias, figurinos e máscaras que registram a história da companhia. As visitas podem ser realizadas de segunda a sexta-feira, de 14h às 18h30. A entrada é franca.

4 e 4: segmentos e núcleos do teatro popular

A composição da mostra é eclética e divide parte do acervo do GD evidenciando quatro vertentes. A primeira é a de registro de espetáculos do grupo. Nela estão contidas fotos em preto e branco, de peças antigas, como “Pequenos Burgueses”, de Máximo Górki (1969), “Calígula”, de Albert Camus (1976), e “Girança”, (1985), do diretor e fundador do Grupo Divulgação, José Luiz Ribeiro.

A segunda vertente se concentra na ideologia do GD e se centraliza em um quadro do patrono da companhia, Federico García Lorca, poeta e dramaturgo espanhol morto na guerra civil da Espanha em defesa de seus ideais republicanos. Sua obra é uma metáfora da repressiva sociedade espanhola dos anos 20 e 30 do século XX e inspiradora para o Divulgação, que tem por principal característica um teatro voltado para o povo. O lema do grupo é a frase de Lorca que diz que “mede-se a cultura de um povo pelo seu teatro”. Assim, destacando sempre a sociedade atual, há em cada peça do GD o compromisso com a mensagem de reflexão que deve ser levada aos diferentes públicos, fazendo do teatro um espetáculo feito através da união entre atores e plateia.

Já em um terceiro momento, a exposição destaca os núcleos produzidos pelo Grupo Divulgação. Há quatro murais de fotografias coloridas, cada um retratando um segmento do teatro pertencente a esses 44 anos. Os quadros possuem fotografias de peças adultas, peças infantis, dos núcleos da terceira idade e adolescentes, que juntos compõem o GD e o que ele representa para a cidade.

A quarta e última parte da mostra enfatiza a face da produção teatral. São apresentadas máscaras, como a dos médicos loucos, do espetáculo “Estórias pra boi dormir” de José Luiz Ribeiro (1993) e as da peça “Círculo de Giz”, de Bretch, versão de José Luiz Ribeiro (2003). Também se encontram na exposição figurinos alegóricos, como o sapo da peça infantil, A Lira do Encanto, de José Luiz Ribeiro (2009).

Teatro é cotidiano

Segundo José Luiz Ribeiro, numa sociedade em que valores se perdem a todo instante, fazer teatro para o povo representa uma luta. “Nós, através do teatro, temos nas mãos o milagre da palavra. A cada espetáculo fazemos algo diferente, porque os públicos são diferentes, e essa constante mudança faz parte de nossa luta cotidiana.”

Com mais de quatro décadas de teatro de conscientização social, o diretor ainda acha que o caminho é longo. “Completar 44 anos de Divulgação é muito bom, mas parece que foi ontem. Não vi o tempo passar e muito menos achava o que iria acontecer. Hoje nós temos uma história, mas no início a gente só queria estudar teatro. E vamos continuar estudando”, conclui Ribeiro.