Três projetos da Faculdade de Comunicação Social da Universidade Federal de Juiz de Fora (Facom/UFJF) são finalistas da Exposição de Pesquisa Experimental em Comunicação (Expocom), premiação promovida pela Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom) que reconhece os melhores trabalhos estudantis da área. Maya, de Vinicius Moreira; Vi.Elas, de Julia Valgas; e Revista HEYA, de Ana Beatriz Klen Dias, representam a Facom na etapa regional, que será realizada de 15 a 17 de maio, na PUC-Campinas.
O Expocom
Regional configura-se como uma mostra competitiva de trabalhos experimentais de estudantes de Comunicação e representa uma oportunidade para que eles apresentem suas produções e sejam reconhecidos pela comunidade acadêmica. A participação é uma etapa importante para quem deseja avançar na carreira, seja no meio acadêmico ou no mercado de trabalho.
Entre os finalistas, o trabalho capitaneado por Vinicius Moreira, estudante do curso de Rádio, TV e Internet da UFJF, está entre os cinco melhores da região Sudeste na categoria Filme de Ficção – Curta-metragem (avulso). Intitulado Maya e orientado pelo professor Nilson Alvarenga, o curta mescla terror psicológico e surrealismo para narrar a transformação da protagonista: uma jovem que, ao conectar seu celular à tomada, é transportada para um mundo sobrenatural onde é forçada a dançar por entidades místicas.
“A história distorce a percepção de realidade da personagem, tornando difícil distinguir sonho e verdade. A mãe é representada como bruxa e o pai como vampiro, figuras que simbolizam repressão e controle”, explica Moreira. Segundo o estudante, a produção utiliza s
ímbolos da dança e do horror gótico para abordar temas como opressão e desejo. “A estética visual, os figurinos, a fotografia com fortes contrastes e a trilha sonora imersiva reforçam a tensão. A narrativa, estruturada como antitrama, busca criar uma experiência sensorial angustiante”, completa.
O professor responsável pela supervisão de Maya, Nilson Alvarenga, ressalta a importância das produções multidisciplinares no processo de experimentação pedagógica e na prática da direção coletiva. “Esse é justamente o movimento que conseguimos promover aqui: incentivar os estudantes a conceberem bem o tema e a narrativa que estão desenvolvendo”, enfatiza Alvarenga.
Concorrendo na categoria Jornalismo – Modalidade Produção Laboratorial em Jornalismo Multiplataformas (avulso, conjunto ou série), a equipe representada pela estudante Júlia Valgas Freitas Galvão, sob orientação da professora Kérley Winques, participa com o projeto Vi.Elas. A proposta aborda a história das mulheres que dão nome às ruas de Juiz de Fora.
“O projeto é importante porque o nome das ruas de uma cidade reflete as sociabilidades que existem ali. Percebemos, por exemplo, que muitas ruas com nomes femininos homenageiam mulheres em função de seus vínculos de parentesco com homens, como esposas ou filhas”, explica Júlia. “Como nossa turma é majoritariamente formada por mulheres, sentimos que tínhamos o objetivo de contar essa história”, completa.
Também sob orientação da professora Kérley Winques, a revista HEYA, encabeçada por Ana Beatriz Klen Dias, está entre as melhores na categoria Transdisciplinar – Modalidade PT02 (Design de Imprensa, avulso). De acordo com a estudante do curso de Jornalismo, a revista foi um trabalho coletivo, desenvolvido como produto final da d
isciplina de Planejamento Gráfico, ministrada pela professora, que propôs às alunas a publicação do material.
“Foi um processo árduo, porque, em trio, elaboramos 24 páginas de revista e queríamos entregar um trabalho de qualidade. Então, criamos um design diferente. Para cada página, idealizamos toda a construção tipográfica, gráfica e visual, desde as imagens até os textos — todos autorais. Colocamos como desafio a produção de conteúdos inéditos para cada matéria e conseguimos construir, como resultado, essa revista maravilhosa que agora está nos levando a um congresso de comunicação”, destaca Ana Beatriz.
Para a professora orientadora de ambas as produções, Kérley Winques, a indicação tem uma grande relevância para a formação dos alunos, que encontram nesse espaço uma oportunidade de expor todas as habilidades adquiridas ao longo do curso. “O Expocom dá visibilidade às produções práticas da Facom, que muitas vezes não encontram espaço nas premiações acadêmicas tradicionais, focadas em monografias e teses. Ao projetarmos nossos trabalhos em um evento nacional como a Intercom, reforçamos a qualidade da formação que oferecemos dentro da instituição. Estar entre os finalistas ou premiados atesta a solidez do nosso ensino e do jornalismo que desenvolvemos. Estou muito feliz com essa conquista”, finaliza Kérley.
Vale destacar que os trabalhos selecionados localmente foram inscritos para a etapa regional e, caso premiados, concorrerão para a fase nacional. Este ano, o Congresso Nacional da Intercom será realizado em Vitória (ES), no Centro Universitário Faesa.
Integrante da comissão de seleção dos trabalhos no âmbito institucional, a coordenadora do curso de Jornalismo, Ana Paula Dessupoio, explica que o processo de escolha para a etapa local do Expocom foi conduzido por uma comissão formada pelas coordenações dos cursos de Jornalismo e de Rádio, TV e Internet, além de dois professores da Facom/UFJF.
“Cada membro da comissão avaliou individualmente os projetos inscritos e, em seguida, nos reunimos para definir, de forma coletiva, os melhores trabalhos, respeitando as categorias estabelecidas pelo concurso. Tivemos produções de muita qualidade, o que tornou o processo de escolha bastante desafiador. Estamos orgulhosos das produções dos nossos estudantes e esperamos que, no próximo ano, tenhamos ainda mais projetos inscritos. Participar do Expocom é uma oportunidade importante para que os trabalhos desenvolvidos na UFJF ganhem visibilidade e reconhecimento em nível regional e nacional”, enfatiza Ana Paula.
Para a diretora da unidade acadêmica, Érika Savernini, anualmente, a Facom se destaca nos congressos regional e nacional da Intercom, refletindo a formação sólida oferecida aos alunos. “Essa participação expressiva nos grupos de trabalho, com apresentações de pesquisas teóricas, e no desenvolvimento de competências práticas, por meio de produtos de comunicação no prêmio Expocom, demonstra a qualidade do nosso ensino. Ficamos muito felizes com esses resultados, pois eles fortalecem nosso reconhecimento regional e nacional”.
Além de estar entre os finalistas do Expocom, a Faculdade de Comunicação Social da UFJF também se destaca na apresentação de pesquisas nos grupos temáticos do Intercom Sudeste. Com propostas que abordam temas como ficções seriadas, jornalismo, meio ambiente e moda, a participação dos estudantes reflete a diversidade de pesquisas e produções acadêmicas desenvolvidas na unidade.
Entre os estudantes que apresentam pesquisas no Intercom Regional, Vinicius Moreira, em coautoria com o professor Talison Vardiero, discorre sobre as estratégias de assessoria de comunicação nas redes sociais para aumentar o engajamento digital e presencial no XXI Encontro Regional de Comunicação (Erecom), evento organizado anualmente pela Faculdade de Comunicação.
“É importante ressaltar como ensino, pesquisa e extensão estão interligados na Facom. Sempre tive interesse em desenvolver trabalhos práticos, por isso me envolvi na organização do Erecom. Em conversa com meu orientador, Talison Vardiero, percebi que nossa prática pode ser convertida em pesquisa, que é o trabalho que vamos apresentar, e também em extensão, pois agora sou bolsista dessa iniciativa, que neste ano aborda as emergências climáticas”, destaca o estudante.
Participando pela primeira vez de um evento deste porte, Karolaine Ferraz investiga como símbolos de ódio e referências a regimes autoritários são representados na saga Impel Down de One Piece, por meio de uma leitura semiótica que traz críticas sociais e destaca a cultura pop como espaço de reflexão sobre poder e controle.
Os bolsistas de iniciação científica do Núcleo de Jornalismo e Audiovisual (NJA), sob orientação da professora Iluska Coutinho, produziram dois textos coletivos para o Intercom Sudeste 2025. O primeiro apresenta os resultados do Apuraí, projeto de extensão focado no combate à desinformação nas redes sociais, e o segundo analisa o desempenho do canal do YouTube do NJA.
Cinco bolsistas participaram das produções — Jean Almeida, Robson Rangel, Raphaela Borges, Thuany Menezes e Laura Felz. Segundo Almeida, a participação nos grupos de pesquisa foi fundamental para o desenvolvimento dos textos: “A troca constante com os professores e as rodas de conversa foram essenciais para ampliar nossa bagagem intelectual e, assim, produzir textos mais consistentes e aprofundados.”
A professora da Facom e diretora científica do Intercom, Iluska Coutinho, destaca que a participação em eventos científicos, como o Intercom Sudeste, é essencial para a formação dos futuros jornalistas e profissionais de rádio, TV e internet, pois potencializa diálogos e intercâmbios. “Essas trocas envolvem possibilidades de parcerias com profissionais e outras instituições. Há também um aspecto de cidadania, com a popularização do conhecimento produzido na UFJF, tornando mais eficazes os resultados dos recursos investidos e reforçando a esperança na Educação Pública e de qualidade”, finaliza.
“Participar do Intercom Sudeste é uma oportunidade única de crescimento acadêmico e profissional. Para quem deseja seguir a carreira docente, como eu, essa vivência fortalece a pesquisa, amplia o networking e contribui para a formação de um olhar crítico e inovador, que, para mim, são diferenciais essenciais para quem quer atuar na educação superior”, destaca Karolaine.
Os bolsistas de iniciação científica do Núcleo de Jornalismo e Audiovisual (NJA), sob orientação da professora Iluska Coutinho, produziram dois textos coletivos para o Intercom Sudeste 2025. O primeiro apresenta os resultados do Apuraí, projeto de extensão focado no combate à desinformação nas redes sociais, e o segundo analisa o desempenho do canal do YouTube do NJA.
A Facom será representada no evento por meio da organização de três Grupos Temáticos (GTs). O primeiro, Estratégias de Comunicação Política: Propaganda Eleitoral, Campanha Permanente e Gêneros, proposto pelo professor Luiz Ademir de Oliveira e pelo pós-graduando Arthur Raposo Gomes, analisa o papel da comunicação política na construção da imagem pública, mobilização eleitoral e legitimação de discursos.
O segundo GT, Inteligência Artificial: Usos e Perspectivas Críticas, liderado pelas professoras Kérley Winques e Talita Magnolo, debate as transformações trazidas pela IA na comunicação, desde algoritmos de redes sociais até sistemas jornalísticos, com foco em suas implicações éticas, sociais, políticas e culturais.
Por fim, o GT Jornalismo Audiovisual, proposto pelos pesquisadores Jemima Bispo Sanches e Luiz Felipe Novais Falcão, discute a evolução do jornalismo audiovisual, que passou de um formato linear para um modelo dinâmico e multiplataforma, ampliando o acesso à informação, mas também trazendo desafios como a desinformação e a fragmentação da audiência.