Fechar menu lateral

Dois vídeos de alunos da Facom são finalistas do prêmio Expocom Sudeste

Dois trabalhos laboratoriais desenvolvidos por alunos da Facom-UFJF são finalistas do Prêmio Expocom Sudeste, que ocorre entre os dias 17 e 19 de junho em Salto (SP). Realizado pela Intercom, Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, o prêmio valoriza a produção experimental, e permite que os estudantes de graduação difundam seus trabalhos a professores e pesquisadores de outras instituições do país.

Depois de uma fase local, os trabalhos inscritos são avaliados por um júri não presencial que seleciona os cinco melhores produtos em cada modalidade. Na região sudeste essa é uma disputa bastante acirrada, já que o maior número de faculdades de Comunicação está concentrada nos estados de Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo e Minas Gerais.

Conheça um pouco mais sobre os trabalhos que representarão a Facom no concurso, e também as histórias e dicas de quem já venceu o prêmio Expocom.

Um olhar diferente sobre o ENEM

Trazer uma nova perspectiva jornalística, tanto em termos de abordagem, quanto de formato narrativo. Essa foi a proposta do vídeo “Preparação para o Enem na escola pública: um outra cobertura”, produzido pelos integrantes do Laboratório de Jornalismo e Narrativas Audiovisuais. O material é finalista do Prêmio Expocom Sudeste 2016 na categoria reportagem em telejornalismo.

A reportagem audiovisual dá voz a alunos e profissionais da Escola Estadual Hermenegildo Vilaça, localizada no bairro Grama, em Juiz de Fora, e será apresentada no Intercom Sudeste 2016  que . Se premiado, o material segue para apresentação na etapa nacional do congresso.

Caroline Marino, aluna do 9º período de Jornalismo Noturno é umas das realizadoras do vídeo, e explica que nele foram colocados em prática aspectos da comunicação pública que são investigados nas pesquisas do Laboratório de Jornalismo e Narrativas Audiovisuais, coordenado pela professora Iluska Coutinho. Na produção a proposta foi aproximar-se de um novo modelo de jornalismo, mais cidadão.

Assim, o vídeo apresenta um formato diferente daquele adotado pelo telejornalismo tradicional: a narrativa é conduzida pelos próprios entrevistados, sem presença de repórter e sem off’s e passagens. O material, que está disponível no canal do grupo no youtube, se propõe ainda a dar voz a atores sociais que não são ouvidos pela grande mídia. “As escolas representadas pelos outros telejornais [mídia privada], quando se fala do Enem, geralmente são escolas particulares e cursinhos. Então, como essa escola pública, que tem toda uma precariedade de ensino, se prepara e prepara seus alunos para a prova?”, questiona Caroline, que justifica a relevância da pauta.

Gustavo Pereira, estudante do 4º período de Jornalismo e também um dos produtores do vídeo, complementa: “a partir de conclusões acerca de alguns eixos de análise da TV Pública – como pluralidade, diversidade, autonomia e promoção da cidadania – buscamos produzir algo que de fato representasse uma grande parte dos alunos de Juiz de Fora que prestam o Enem, possibilitando a inserção desses personagens na narrativa audiovisual”.

Além da oportunidade de expressar o que o ENEM significa para eles, os estudantes também puderam discutir e avaliar o produto final. “Após a produção e edição, retornamos à escola com o objetivo de mostrar o material que produzimos e compará-lo com um material, também sobre o Enem, veiculado pela mídia tradicional (Jornal Nacional, da Rede Globo)”. Segundo Gustavo foi realizada uma nova etapa do vídeo, que mostra uma análise dos próprios alunos sobre sua representação nos dois meios audiovisuais.

Laura Silva foi uma das estudantes ouvidas no vídeo. “Os alunos se sentiram representados de uma forma que jamais pensaram que veriam em um veículo de comunicação, porque a grande mídia não está voltada para os estudantes de uma escola pública”, avalia. Para Laura, que é bolsista PROBIC – Jr (ensino médio) do Laboratório de Jornalismo e Narrativas Audiovisuais desde março do ano passado, participar da produção possibilitou conhecer melhor as propostas e características da comunicação pública. Além disso, a produção, que foi supervisionada pelo mestrando Rodrigo Lobão, permitiu abordar a importância do papel desempenhado pela mesma no cotidiano dos brasileiros.

A primeira vez

O que você nunca fez mas gostaria de fazer? Foi com base nessa pergunta que alunos do 4º período do curso de Jornalismo Diurno se tornaram finalistas do prêmio da Expocom Sudeste 2016. O vídeo “Eu nunca”  é um dos cinco finalistas na modalidade Produção em Videojornalismo da Exposição de Pesquisa Experimental em Comunicação – Expocom.

O curta foi produzido no semestre passado como atividade da disciplina Técnica em TV, ministrada pelo professor Eduardo Leão. Para concorrer à Expocom, foram necessários alguns ajustes, como a redução do tempo do vídeo. Mas os cortes não prejudicaram a compreensão da essência do projeto: proporcionar às pessoas a realização de experiências nunca vividas mas que elas tinham vontade de experimentar.

Os personagens foram escolhidos entre pessoas próximas aos alunos. Eles serviram para ilustrar situações propostas pela equipe ou para ofertar à trama suas próprias histórias. A primeira aula de dança, a primeira tatuagem e a primeira vez montado como uma drag queen são algumas das experiências registradas na versão original do vídeo, produzido no formato de reality documental.

A iniciativa foi além: durante as gravações, o estudante Leandro Barbosa, produtor e um dos personagens do audiovisual, propôs a criação de uma página no Facebook: Projeto Eu Nunca. “A ideia era divulgar parte das imagens captadas por tablet, já que elas não seriam usadas na edição, e ver se conseguíamos mais personagens”, conta. A repercussão foi positiva e algumas pessoas enviaram mensagens aos membros do grupo dando seus depoimentos. Com esse material em mãos, os alunos afirmam que pretendem, no futuro, dar continuidade ao projeto e documentar algumas das histórias contadas pelos internautas.

Leandro confessa que foi um dos trabalhos que teve mais satisfação em realizar e destaca o prazer em “poder proporcionar às pessoas coisas simples e conseguir captar suas reações diante da experiência de situações nunca antes vividas”. Ele próprio contou sua história e teve a oportunidade de aprender a andar de bicicleta.

Sobre a participação na Expocom Sudeste 2016, a estudante Cristiane Turnes afirma que “saber que seu trabalho vai ser exposto para além do ambiente da faculdade motiva a continuar produzindo”. Para a graduanda, a visibilidade da produção e sua repercussão são tão importantes quanto o prêmio em si.

Para além dos muros da universidade

Para a jornalista e mestre em Comunicação Allana Meirelles, formada na FACOM-UFJF, a participação em eventos como este é um importante exercício de autorreflexão. Em 2012, Allana e seus colegas de turma foram premiados nas etapas regional e nacional da Expocom, na categoria Radiojornal. O material enviado por eles, “Repórter Facom – Primeira Edição”, foi elaborado a partir da seleção de algumas das notícias produzidas para a disciplina Técnica de Produção em Rádio (Mergulhão de Rádio), sob orientação dos professores Álvaro Americano e Frederico Belcavello.

Segundo Allana, os avaliadores da Intercom mobilizam critérios que vão além daqueles comuns ao mercado (como os aspectos técnicos dos materiais). “Assim, acho que esse pode ser um espaço para que os alunos não apenas divulguem seus trabalhos, mas proponham perspectivas e formas de narrar ou de se comunicar que não sejam apenas reproduções do mercado, do mainstream, mas que possam, inclusive, se constituir como instrumentos de contestação e crítica”, afirma a jornalista, que também já atuou como jurada do evento.

Para Caroline Marino, que participa da Expocom pela primeira vez, o evento possibilita aos estudantes de comunicação o contato com o que vem sendo pesquisado e produzido em outras instituições. “É uma oportunidade muito legal que o aluno tem de poder se dedicar a algo e entender que aquilo pode ser mais do que só um produto avaliativo de uma disciplina”, acrescenta.

Seu parceiro no grupo de pesquisa, Gustavo Pereira, compartilha de sua visão e a complementa ao afirmar que eventos deste tipo permitem aos alunos o contato com importantes profissionais da área, a troca de experiências e informação e o acesso a novas formas de se aprender sobre a comunicação.