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Você tem sede de quê?

Matheus Machado Cremonese
Geógrafo/mestrando em Gestão do Espaço Urbano

Parabéns à Tribuna pelo excelente editorial do dia 8 de junho de 2010. De fato, tudo que está relatado procede. A preocupação que devemos ter hoje em relação à forma como utilizamos e tratamos a água será a garantia da sobrevivência de uma infinidade de formas de vida, inclusive a humana.

Atualmente, Juiz de Fora tem “a faca e o queijo na mão” no que se refere a uma possível intervenção urbano-viária, vista por técnicos como solução para o trânsito no momento atual e para o futuro do município. Cabe destacar que o que digo se trata do anel rodoviário, de fato, circundando JF pelo extremo leste, fazendo a junção entre MG-267 e MG-353.

Não podemos descartar dois belos mananciais, São Pedro e João Penido, da noite para o dia. Não se trata de água suja ou contaminada, pelo contrário, é água adequada para consumo humano e que deve ser garantida, independentemente de haver a possibilidade de outro manancial próximo da cidade.

Estas duas grandes intervenções que JF vem assistindo – BR-440 e o acesso ao Aeroporto Regional da Zona da Mata -, além de implicações danosas ao meio ambiente, causam sérios impactos negativos na escala socioespacial, uma vez que a BR-440 talha o Bairro São Pedro, causando uma enorme cicatriz em mais de um século de história. História esta diretamente ligada à formação do povo, da cultura e, consequentemente, de Juiz de Fora. A Represa João Penido passa a ter os dias contados em virtude do trânsito de centenas de veículos, estando, assim, à mercê de todo o impacto causado pelos mesmos, comprometendo a qualidade da água de algo em torno de 500 mil cidadãos.

Juiz de Fora, cidade de vanguarda como sempre foi, não pode hoje andar na contramão. Ou seja, o que se espera na atualidade é a elaboração de projetos que provoquem o menor impacto socioambiental possível. Para que isso ocorra, é preciso valorizar soluções técnicas e separá-las de acordos políticos, estes quase sempre feitos e cumpridos de imediato, sem qualquer preocupação para além das quantias investidas.

Tribuna de Minas, 13/06/2010, Artigo