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Pesquisa – Transmissão de dados via rede elétrica (PLC)

O desafio de se fazer pesquisa é muito maior do que se imagina. Além de uma boa ideia, o pesquisador precisa se armar de muita disposição e ter, acima de tudo, uma capacidade inovadora que ultrapasse limites intelectuais e físicos. Instalados em um laboratório do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica (PPEE) da UFJF, os professores Augusto Cerqueira, Carlos Duque e Moisés Ribeiro se tornaram parceiros e têm como objetivo comum pesquisar, inovar e oferecer retorno a sociedade. Em entrevista à Diretoria de Comunicação, o professor Moisés Vidal Ribeiro relata essa vivência na UFJF e ressalta o compromisso de contribuir, cada vez mais, para o reconhecimento da Universidade como centro de pesquisa e inovação na fronteira do conhecimento.

Diretoria de Comunicação: Em qual linha de pesquisa vocês estão trabalhando?
Moisés Vidal Ribeiro: Nosso trabalho está focado na pesquisa sobre transmissão de dados através da rede elétrica (power line communications – PLC) e processamento de sinais para Smart Grid (redes elétricas inteligentes). O uso da rede elétrica como meio de transmissão de dados pode atingir, teoricamente, taxas superiores a 2 Gbps, velocidade considerada bastante elevada. Além disso, a infra-estrutura de distribuição de energia elétrica já está instalada e disponível. Como essa é uma área de pesquisa emergente, o nosso grupo tem atuado de forma a se constituir numa referência em PLC no Brasil.

DC- De onde vem o financiamento?
Moisés: Conseguimos recursos de órgãos financiadores como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e de empresa privada. Até o momento, os recursos recebidos para pesquisas na área de PLC são da ordem de R$ 2 milhões e existe a possibilidade desse valor dobrar até o final de 2009. Com este aporte financeiro, o Laboratório de Processamento de Sinais e de Telecomunicações (LAPTEL) do PPEE terá uma infra-estrutura diferenciada e única para pesquisas avançadas na área de PLC, não somente para o sistema de distribuição de energia elétrica, mas também para aqueles presentes em veículos.

DC- Onde os recursos foram investidos?
Moisés- Montamos o LAPTEL a partir dos recursos recebidos para desenvolvermos um modem PLC banda larga e de baixo custo voltado para o acesso à Internet. Tal laboratório também serve como ambiente para as pesquisas da Linha de Processamento de Sinais e Telecomunicações do PPEE. Além disso, estamos investindo em treinamento da equipe para manuseio de equipamentos sofisticados de pesquisa. É importante salientar que em julho de 2005, quando iniciei as minhas atividades como posdoutorando na UFJF, havia apenas uma pessoa pesquisando na área de PLC. Quatro anos depois, temos cerca de 25 pessoas, entre professores, pesquisadores, doutorandos, mestrandos e graduandos, além de empresas parceiras atuando no projeto. A nossa expectativa é de que o projeto resulte em dez dissertações de mestrado e quatro de doutorado, além de três estágios de pós-doutoramento.

DC- Por que uma empresa privada optou por investir na UFJF?
Moisés: A tecnologia PLC é emergente e a comunicação sem fio é bastante atrativa, por isso, diversos centros de pesquisas no país e no exterior têm dado grande atenção a essa área. Isso contribuiu para que nosso grupo se constituísse como um centro de pesquisa. Pelo que sei, a primeira tese de doutorado sobre PLC defendida no Brasil foi minha. Assim, devido a nossa experiência na área e visão de que nossos trabalhos científicos deveriam se transformar em inovações tecnológicas, a serem incorporadas pelo setor produtivo, passamos a buscar parceiros industriais que pudessem investir em nossas pesquisas, visando, sobretudo, o desenvolvimento de produtos de elevado valor tecnológico agregado. Podemos afirmar que o fato de procurarmos as empresas e mostrarmos que na UFJF existe competência nesta área, foi um fator principal para o recebimento de recursos financeiros para nossas pesquisas.

DC – Como são divulgadas essas pesquisas?
Moisés – Participamos de seminários, palestras e congressos sobre PLC. Em 2010, estaremos à frente da organização do principal evento internacional sobre transmissão de dados através da rede elétrica. Este evento, denominado 2010 IEEE International Symposium on Power Line Communications and Its Applications (ISPLC 2010), ocorrerá entre os dias 28 e 31 de março de 2010 na cidade do Rio de Janeiro. Importante salientar que quando fui à Washington (EUA), em novembro de 2008, para defender a candidatura do Brasil para sediar tal evento, o nosso interesse era de realizá-lo em Juiz de Fora, entretanto, a falta de vôos regulares para a cidade dificulta o deslocamento de um grande número de pesquisadores, principalmente, dos estrangeiros e, por isso, o Rio acabou sendo escolhido como sede.

DC- Que tipo de apoio vocês têm?
Moisés – Além dos recursos dos órgãos de fomento e empresas do setor privado, temos o apoio do PPEE e de outras instâncias da UFJF, dentre as quais se destaca o apoio inigualável do CRITT. A Universidade nos oferece, através do PPEE e do próprio curso de graduação em Engenharia Elétrica, as condições necessárias para crescer e desenvolver as nossas potencialidades. Além disso, eu e os professores Duque e Augusto temos Bolsa de Produtividade em Pesquisa do CNPq, o que de certa forma é uma indicação que as pesquisas desenvolvidas são de qualidade, o que, conseqüentemente, facilita a captação de novos recursos.

DC – Qual o objetivo em fazer pesquisa?
Moisés – Nosso objetivo é desenvolver pesquisas que resultarão não apenas em artigos técnicos/científicos, mas também no depósito de patentes, na geração de recursos humanos de elevada qualidade e na transferência de inovações tecnológicas para o setor produtivo mineiro e nacional. Finalmente, mas não menos importante, é a nossa satisfação pessoal.

DC – Como é o trabalho no LAPTEL?
Moisés – É um trabalho de equipe. Tanto eu, quanto os professores Duque e Augusto procuramos trabalhar juntos nas pesquisas, orientações de pós-graduação e, principalmente, no compartilhamento da infra-estrutura de pesquisa.

Nossa dedicação pra lá de exclusiva e, sobretudo, pautada pela união, ética, compromisso, responsabilidade, um pouco de criatividade, investimento nos membros da nossa equipe. Tudo isso visa, não apenas o desenvolvimento científico e tecnológico, mas a nossa realização pessoal como pesquisadores que foram generosamente agraciados com um investimento considerável em educação pela sociedade brasileira.

DC – Quais os desafios da UFJF?
Moisés- Como instituição de porte médio, a UFJF tem avançado bastante nos últimos anos. Entretanto, ainda tem muitos desafios para se tornar uma universidade de destaque nacional e internacional. Na minha opinião, a UFJF trilha um caminho que, acredito, em 10 ou 15 anos, poderá levá-la a se consolidar como instituição de pesquisa de qualidade internacional.

DC- Como construir um bom ambiente de trabalho pra chegar nesse resultado?
Moisés: Trabalhar de forma ética, árdua, meritocrática, humana, responsável e sonhadora.

Fonte: Assessoria de Comunicação da UFJF, 03/06/2009