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Projeto “Juiz de Fora para sempre”

Projeto dos professores Julio Cesar Sampaio e Jorge Arbach, do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFJF, faz inventário do patrimônio arquitêtônico e reapresenta a cidade aos juizforanos sob olhar afetivo.

Leonardo Toledo
Repórter

O que era cenário urbano, indiferente para muitos, agora cabe nas mãos, como objeto de estimação. Um conjunto de 20 edifícios tombados da cidade integra a primeira remessa do projeto “Juiz de Fora para sempre”, que, além de inventariar o patrimônio cultural do município, pretende trazer esses imóveis para mais perto do coração dos cidadãos.

A primeira peça, um cartaz com a representação gráfica dos prédios retratados no primeiro livro da série, será lançada no dia 24 de junho, às 15h, na sala 4118 da Faculdade de Engenharia da UFJF, com palestra do coordenador do projeto, o professor Júlio César Sampaio. Na ocasião, o pôster será distribuído gratuitamente. Até dezembro, quando está previsto para sair o primeiro volume da coleção, a fachada desses imóveis poderão ser vistas ainda em outros produtos, como cartões-postais e camisetas.

A semente do projeto está no banco de dados da disciplina Técnicas Retrospectivas II, ministrada por Júlio César no curso de Arquitetura e Urbanismo da UFJF. A cada semestre, cinco grupos de alunos ficam encarregados de escolher um imóvel tombado na cidade e fazer seu inventário completo. O trabalho começa com a pesquisa de fotos de época, plantas originais do edifício e demais documentos capazes de reconstituir sua história. Em seguida, os acadêmicos fazem o levantamento métrico do prédio, obtendo informações técnicas para a terceira fase do projeto: a elaboração de um plano de conservação para o imóvel.

“Juiz de Fora tem o acervo mais relevante de Minas em termos da arquitetura dos séculos XIX e XX. Nossa intenção é despertar a população para esse patrimônio”, defende Júlio César.

Coleção de livros e postais
A longo prazo, a ideia é colocar no papel todos os detalhes sobre os 161 imóveis tombados em Juiz de Fora. Com previsão de lançamento a cada dois anos, os volumes contarão, individualmente, com 20 edifícios. Para preencher a lacuna de tempo entre a publicação dos livros, foram elaborados produtos alternativos, com a dupla tarefa de divulgar os prédios que estarão no volume seguinte e mobilizar a população para o valor desse patrimônio. Dessa forma, as peças complementam a coleção, tornando seu teor educativo e afetivo acessível a uma grande parte da população, apesar da tiragem limitada de livros publicados. “Essas peças gráficas vão sustentando esse projeto maior, lançado aos poucos”, explica o arquiteto e designer Jorge Arbach, responsável pela concepção visual do projeto.

Atualmente, Arbach finaliza a primeira leva da coleção de cartões-postais, que trazem as fachadas sob tratamento artístico de seus alunos no curso de Arquitetura. Assim como o cartaz, a coleção – prevista para agosto – tem como objetivo despertar a admiração da população para os bens tombados, utilizando uma linguagem visualmente atrativa e de fácil leitura. “Acho que esse cartaz preenche uma certa lacuna da autoestima do cidadão em relação a seu espaço urbano”, avalia.

Mais do que um projeto acadêmico ou artístico, Jorge enxerga o trabalho sob o prisma pessoal, uma forma de retribuir a hospitalidade recebida nos 32 anos em que mora na cidade. “Juiz de Fora sempre me encheu os olhos. Nesse projeto, tento retribuir todo esse encantamento que a cidade me ofereceu”, confessa.

Palacete Pinho
Localizado na Rua Halfeld 559, esquina com a Rua Batista de Oliveira, o edifício de 1916 destaca-se pela elegância da arquitetura e também pela trapeira com janela de madeira. Ocupado hoje pelo Ballet Misailidis, o prédio já foi sede do clube Quem Pode, Pode

Companhia Dias Cardoso
Parte de um representativo conjunto de edifícios na parte baixa da Rua Halfeld (nº 332), esse prédio de 1921 é considerado um exemplar da fase mais rebuscada do ecletismo na cidade

Villa Iracema
Projetado por Raphael Arcuri, em 1914, na Rua Espírito Santo 651, o casarão traz características do estilo art nouveau. O nome é uma homenagem à esposa de seu segundo proprietário, Iracema de Souza Antunes. O prédio está desocupado atualmente, mas seu entorno é utilizado como estacionamento.

Fonte: Tribuna de Minas, Caderno Dois, p.1, 31 de maio de 2009