Fechar menu lateral

Cidade – Qualidade da Água do Rio Paraibuna

Esgoto doméstico piora qualidade da água do Paraibuna

A análise das águas do Rio Paraibuna traz duas informações paradoxais. A notícia positiva é que o monitoramento apontou queda no nível de contaminação tóxica, aquela produzida pelas indústrias. Por outro lado, a informação negativa é que o índice de poluição por matéria orgânica e fecal – esgoto doméstico e poluição urbana difusa – aumentou. No geral, a poluição do Rio Paraibuna aumentou se comparado o ano de 2008 com 2007.

Os dados são do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), que apresentou na sexta-feira, dia 29, no II Fórum das Águas, na Faculdade de Engenharia da UFJF, os dados da pesquisa sobre a qualidade das águas na Bacia do Rio Paraíba do Sul. O estudo mostra também que o Índice de Qualidade de Água (IQA) é pior na área urbana de Juiz de Fora, logo após o Bairro Vila Ideal, ou seja, após receber todo o esgoto da cidade. Só no ano passado, na quarta campanha de monitoramento do Igam, entre outubro e novembro, o nível de coliformes era bem superior ao permitido pela legislação ambiental.

De acordo com o analista ambiental do Igam, Milton de Paiva Franco, o que justifica a piora no IQA é o aumento da contaminação pelos habitantes. “A população está crescendo e contribui para aumentar a poluição difusa, que é a sujeira levada para o rio pelas águas da chuva. As pessoas acham, por exemplo, que o lixo jogado na rua e as fezes de cachorro nas calçadas não afetam os cursos d’água, mas estão enganadas. Tudo vai para o rio”.

Basta uma volta pelas margens do Paraibuna para constatar que a ação do homem afeta diretamente as condições do rio: plástico, pneus, garrafas, sofás e até televisão são jogados nas margens e no leito. Uma situação ainda agrava o problema: nos dois lados, não há caixa coletora de lixo. “Falta educação ambiental e percepção da população. A sociedade se preocupa com a água tratada, mas esquece de respeitar os rios. Quanto mais a água for poluída, mais caro será tratá-la”, comentou o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica dos rios Preto e Paraibuna, Paulo Afonso Valverde Júnior.

Relatório dos Recursos Hídricos do Brasil, da Agência Nacional das Águas (ANA), divulgado recentemente, também mostrou que o Rio Paraibuna é um dos rios com pior qualidade da água de Minas Gerais.

Rio menos tóxico
O monitoramento do Paraibuna mostra que as políticas de tratamento de efluentes voltadas para as indústrias tem surtido efeito. “O tratamento dado pelas indústrias e a maior fiscalização têm contribuído para reduzir os metais tóxicos. Na bacia, o índice de cádmio caiu quase 11% de 2007 para 2008. Isso melhorou, e muito, a situação do rio”. Segundo o analista, o cádmio é um dos metais pesados mais tóxicos. A diretora geral do Igam, Cleide Pedrosa, diz que a situação do Paraibuna é o retrato dos rios brasileiros e afirma que Minas mantém o foco, sobretudo, no esgoto doméstico. “Em 2003, apenas 3% dos esgotos domésticos de Minas Gerais eram tratados. Hoje o índice é superior a 20%”, citando a importância de outras ações, como o destino do lixo e a preservação da mata ciliar.

As pressões sobre o rio Paraibuna são, em resumo, resultantes do esgoto doméstico, da poluição difusa (lixo, fezes de animais, esgotos a céu aberto,…), cádmio (indústrias textil, metalúrgica e siderúrgica) e zinco (indústrias metalúrgica e siderúrgica).

As prioridades para a despoluição do rio Paraibuna são a implantação de estações de tratamento de esgotos domésticos por parte do poder público, investimentos em educação ambiental para minimizar a poluição difusa, e a melhor eficiência das estações de tratamento de esgotos de indústrias textil, metalúrgica e siderúrgica.

No evento, foi lembrado o episódio de corrupção envolvendo o Programa de Despoluição do Rio Paraibuna no ano de 2008 que acabou por levar a Caixa Econômica Federal, órgão executor do contrato, a suspender a liberação de recursos da ordem de R$ 72 milhões para o Programa. 

Fonte: Tribuna de Minas, 29/05/2009, modificado por JCT.