Fechar menu lateral

ENEM e as escolas de Juiz de Fora

Juiz de Fora tem quatro dos cem melhores colégios do país, segundo pesquisa divulgada pelo Ministério da Educação (MEC), com base nos resultados do último Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), realizado no ano passado. O estudo fez um ranking de todas as 24.253 instituições analisadas em todo o Brasil cuja inscrição de alunos foi superior a dez e está disponível, desde a última terça-feira, no site do ministério.

Minas Gerais classificou 23 instituições entre as cem, de forma que o município detém quase 20% desse total. Na cidade, a melhor nota ficou com o Colégio dos Jesuítas, na 36ª posição, seguido do Colégio Santa Catarina, em 44º lugar. Outras duas escolas públicas aparecem na lista: o Colégio Técnico Universitário (CTU) em 80º posição e o Colégio Militar de Juiz de Fora (97º).

A participação do município no ranking dos cem melhores do país foi bem recebida entre a comunidade acadêmica local e, até mesmo, elogiada por especialistas de outras cidades procurados pela Tribuna, mas também joga luz em outro problema: a inexpressiva presença das escolas estaduais do município na lista do MEC. Na cidade, não há escola municipal que ofereça o ensino médio. Para os profissionais, apesar de os quatro colégios classificados atestarem a qualidade do ensino em Juiz de Fora, “possivelmente até mais elevado que na maioria das cidades do país”, como ressaltou a coordenadora do curso de pedagogia da Universidade de Campinas (Unicamp), Maria Márcia Sigriste Malavasi, os índices diminutos das estaduais precisam incomodar. Principalmente, quando se leva em conta que a cidade está em pleno debate do uso do Enem como forma de democratização do acesso ao ensino superior.

A UFJF aderiu ao projeto do MEC de uso do exame nacional em sua primeira fase, mas não há, na cidade, nenhum colégio estadual entre a lista dos 500 mais bem classificados. “Isso demonstra como o debate de adoção do modelo do MEC precisa ser muito discutido para que, ao contrário do que se propõe, não abra ainda mais as portas da UFJF para os alunos oriundos da rede privada”, destaca o coordenador de ensino do Colégio João XXIII, Juanito Vieira. A mesma disparidade também foi constatada no cenário nacional – entre as mil escolas do país com piores notas no último Enem, 965 são da rede estadual. Analisada de outra forma, a pesquisa também aponta que, entre as mil instituições mais bem sucedidas no exame, apenas 36 são dos estados.

Fonte: Tribuna de Minas, p.3, 30/04/2009