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Editora UFJF realiza oficina de poesia imagética com o poeta rondoniense Elizeu Braga

 

A Editora UFJF realizou nos dias 18 e 19 de novembro mais uma  edição do seu projeto oficinas literárias, e contou com a presença ilustre do poeta rondoniense Elizeu Braga. O evento ocorreu no Museu de Arte Murilo Mendes, e seu principal objetivo foi tratar da poesia imagética relacionando as obras de Elizeu e Murilo.

Elizeu Braga é autor das obras: Cantigas (2015), Mormaço (2016), e Cidades são rios que correm ao contrário (2024), todas marcadas pela experiência e vivência do poeta nortista. Sua conexão com Itacoã, de onde ele vem, dialoga muito com a ligação entre Murilo e Juiz de Fora. O poeta rondoniense comentou, por exemplo, sobre como Murilo Mendes levava o Rio Paraibuna consigo aonde ia, mesmo quando morava na Europa, e o quanto isso se relaciona com a importância e valor dado aos rios também na terra natal de Elizeu.

Poeta Elizeu Braga mostra o braço com a tatuagem do Rio Madeira

O poeta rondoniense Elizeu Braga, que carrega o trajeto do Rio Madeira tatuado em seu corpo e em sua arte (Foto: Arthur Guimarães)

No primeiro dia de oficina, os presentes puderam conhecer mais da história de Elizeu, assim como ele pôde entender mais sobre a vida de cada um, e os motivos que os levaram a se interessar por essa oficina. Tudo isso também foi acompanhado de muita apreciação pelas obras de Murilo Mendes. O poeta contou que descobriu Murilo aos 14 anos, quando decidiu escolher um livro aleatoriamente em uma biblioteca, e desde então as obras do poeta juizforano serviram de inspiração para a produção artística de Elizeu.

Elizeu citou o poema de Murilo sobre a passagem do cometa Halley, associado ao despertar poético de Murilo:

“O cometa de Halley vai passar

Toda a cidade acorda para ver o cometa

Ele é enorme e fabuloso

Destrói idades pensamento de homem […]

O cometa me traz o anúncio de outros mundos

E de noite eu não durmo.

Atrapalhado com o mistério das coisas visíveis.

No rabo imenso do cometa

Passa a luz, passa a poesia, todo o mundo passa!”

O poeta rondoniense que nasceu no mesmo dia que Murilo, e no mesmo ano em que o cometa passou novamente pela órbita da Terra, recitou poemas seus e de Murilo, destacando imagens e temas comuns. Elizeu mostrou sua apreciação pela obra do poeta juizforano e deixou evidente o quanto ela o influencia, ao mesmo tempo que todos os participantes puderam ser inspirados por Elizeu e seu trabalho.

No segundo dia, com todos apresentados e familiarizados, a oficina foi espaço para uma troca sincera de vivências e arte. Elizeu apresentou sua performance de Mormaço, envolvendo todos com suas palavras e ritmos. O dia também foi marcado pelo compartilhamento de poemas criados pelos participantes da oficina, que tinham como tema principal o Rio Paraibuna.

Marisa Timponi, professora, escritora, poeta e pesquisadora especialista em Murilo Mendes, afirmou que “é importante parabenizar trabalhos tais como este que nesta tarde pude viver […] voltado para a poesia, para a literatura, para a memória, para a produção que mostra como os sentimentos existem, que viver a poesia é viver a vida, curtir a vida”.

Os dois dias de oficina proporcionaram muito diálogo, aprendizado mútuo e inspiração para todos os presentes, tanto os que já são escritores quanto aqueles que pretendem ser ou apenas se interessam pela literatura. Assim o evento foi marcado pela troca de experiências, compartilhamento de arte, e pelo início de relações interpessoais que podem ser produtivas e duradouras. A poesia imagética conectou Juiz de Fora e Itacoã, e mostrou a todos que a faísca de motivação, o cometa de Halley que inspirou Murilo Mendes, pode aparecer a qualquer momento.

Ao fim das oficinas, Elizeu disse que “nosso encontro foi muito produtivo, acredito que todos saíram atravessados aqui por um rio, esse rio que trago comigo, o Rio Madeira, na confluência com o Rio Paraibuna”.

Confira mais sobre o evento no Instagram da Oficina, @oficinas.editoraufjf, e no YouTube:


Matéria: Arthur Guimarães
Edição: Andréia Sixel e Nathalie Reis

Imagem de capa: Arthur Guimarães