Fechar menu lateral

Obra do acervo da Editora UFJF resgata a história das salas de cinema de rua em Minas Gerais

Fota da capa da obra "Histórias de Cinemas de Rua de Minas Gerais"

Capa da obra “Histórias de Cinemas de Rua de Minas Gerais” (Foto: Editora UFJF)

Em um ano marcado pelo reconhecimento internacional do cinema brasileiro, com a conquista do primeiro Oscar por “Ainda Estou Aqui” e os prêmios de destaque recebidos por “O Agente Secreto” no Festival de Cannes, a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) reforça seu compromisso com a preservação da memória cinematográfica. Por meio do projeto “Minas é Cinema” que deu origem à publicação do livro “Histórias de Cinemas de Rua de Minas Gerais”, a instituição valoriza o legado cultural das salas de exibição no estado e contribui para a construção de novas narrativas sobre a história do audiovisual no Brasil.

O Dia Nacional do Cinema Brasileiro, celebrado em 19 de junho, reforçou o cenário de valorização da sétima arte no país. A data refere-se à primeira filmagem realizada em território nacional, em 1898, quando Afonso Segreto registrou a chegada de um navio francês à Baía de Guanabara. Neste ano, a comemoração ganhou ainda mais significado diante do momento de destaque vivido pelo cinema brasileiro. No dia 24 de maio, o filme “O Agente Secreto”, dirigido por Kleber Mendonça Filho, conquistou dois importantes prêmios no Festival de Cannes: Melhor Direção e Melhor Ator, com a performance de Wagner Moura. Ovacionado por cerca de 13 minutos após a exibição, o longa reforçou o protagonismo do Brasil no cenário mundial. Poucos meses antes, em 2 de março, o país já havia sido reconhecido com o Oscar de Melhor Filme Internacional pelo longa “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles.

Na UFJF, iniciativas voltadas ao estudo e preservação do cinema brasileiro acontecem há anos. O projeto “Minas é Cinema”, criado em 2013, tem como objetivo mapear a atividade cinematográfica em Minas Gerais. Foi a partir desse trabalho que surgiu a publicação de “Histórias de Cinemas de Rua de Minas Gerais”, organizada pelos professores Alessandra Brum e Ryan Barbosa. A obra vai além da análise dos filmes e foca em temas como circulação, consumo e o papel social e cultural das salas de exibição. O livro busca compreender as diferentes dimensões que envolvem o cinema de rua, contribuindo para uma reflexão mais ampla sobre a sociedade e suas relações culturais.

Imagem da autora Alessandra Brum

Alessandra Brum (Foto: GulGalembeck)

O processo de pesquisa, no entanto, enfrentou diversos desafios. Segundo a professora Alessandra Brum, um dos principais obstáculos foi a própria extensão territorial de Minas Gerais, que dificultou o deslocamento das equipes. Ela também aponta a falta de arquivos organizados em muitas cidades do interior e o pouco investimento público na preservação da memória cultural como entraves para o levantamento de informações. Entre as dificuldades, está ainda o fato de que muitos documentos históricos sobre as salas de cinema estão sob a guarda de particulares. Mesmo nos municípios que possuem arquivos públicos ou espaços de memória, boa parte do acervo carece de tratamento arquivístico adequado.

Buscando amenizar essas adversidades, o projeto “Minas é Cinema” se destaca por democratizar o acesso à história do cinema mineiro, procurando romper com a centralização das produções e pesquisas nos grandes centros, como Rio de Janeiro e São Paulo. Além do livro, o projeto mantém o site minasecinema.com.br, que reúne parte do acervo e informações sobre os trabalhos desenvolvidos.

Para Alessandra Brum, o apoio da Editora UFJF foi fundamental para transformar a pesquisa em um produto acessível ao público: “o apoio da Editora ao projeto é fundamental, pois os livros ajudam a organizar e possibilita dar visibilidade a pesquisas que são desenvolvidas na universidade. Muito importante deixar claro, que a universidade tem como pilares o ensino, a pesquisa e a extensão. Acreditamos que a editora é essencial para nos ajudar a cumprir a nossa missão.”


Matéria: Maria Angélica Costa
Edição: Andréia Sixel e Nathalie Reis