Maria Teresa Barbosa
(Foto: Arquivo pessoal/Maria Teresa Barbosa)
A professora Maria Teresa Barbosa, organizadora de “Ambiente Construído e Estratégias Sustentáveis” fala sobre como incentivar o aumento da presença feminina na área.
Desde 2014, no dia 23 de junho é celebrado o Dia Internacional das Mulheres na Engenharia. A data foi criada pela Sociedade de Mulheres Engenheiras do Reino Unido (Women’s Engineering Society) com o intuito de celebrar a presença feminina na área, assim como incentivar seu aumento. No Brasil, as engenheiras correspondem a 20% dos registros no Conselho Federal de Engenharia e Arquitetura (CONFEA), um número ainda baixo, mas que mostra um avanço em um campo historicamente dominado por homens.
Maria Teresa Barbosa é professora titular do curso de Engenharia Civil e vice-coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ambiente Construído da Faculdade de Engenharia da Universidade Federal de Juiz de Fora (FEng/ UFJF.) Primeira engenheira professora da FEng, ela conta que quando estava na graduação de Engenharia Civil, o número de mulheres não chegava a 10% dos estudantes, já atualmente como docente observa que a presença feminina chega a 50%.
“Acredito que o crescimento da presença feminina nos cursos de engenharia decorre do apoio oferecido às futuras engenheiras através das que já se encontram no mercado de trabalho, principalmente no ensino, incentivando-as a buscar novas oportunidades e possibilitar a concretização dos sonhos pessoais em prol da melhoria da vida humana e da sociedade.” opina.
Maria Teresa fez parte da comissão organizadora do I Simpósio Nacional de Mulheres na Nanociência, realizado no Instituto de Ciências Exatas (ICE/UFJF) entre os dias 3 e 5 de junho. O evento teve como principal objetivo incentivar a presença feminina nos cursos da área de ciências, tecnologia, engenharia e matemática, chamados de STEM, sigla em inglês referente aos nomes das áreas. O simpósio contou com oficinas, palestras e minicursos ministrados majoritariamente por pesquisadoras.
Segundo dados da agência Nexus, baseados na pesquisa realizada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), em 2023, somente 23% dos ingressantes dos cursos STEM eram mulheres, mas são eventos que demonstram o sucesso de mulheres na área que podem incentivar o maior ingresso feminino em graduações STEM.
Outra importante ferramenta para esse fomento é o “Programa Mulher”, iniciativa do CONFEA criada com o objetivo de promover o aumento da participação feminina na área e nas entidades representativas, como os conselhos regionais da instituição, chamados de CREA. A professora opina que o programa é um grande passo nessa jornada. “O CREA possui hoje um setor dedicado a esse incentivo e que muito tem contribuído pela presença feminina na área, acredito que uma maior divulgação, valorização da profissão, que muito está associada à economia do país, tende a aumentar a presença feminina nos cursos de engenharia.”
Às futuras gerações de engenheiras, a professora Maria Teresa aconselha a seguir na área apesar das dificuldades, pois a engenharia é fundamental para a humanidade. “O curso de engenharia nos permite concretizar os sonhos das pessoas, somos excêntricos por possuímos ideias grandiosas, podemos inovar, possibilitar o desenvolvimento de uma região, estado, país. Somos coadjuvantes do crescimento de um país.”
Ambiente Construído e desenvolvimento sustentável
Capa da obra “Ambiente Construído e Estratégias Sustentáveis”
(Foto: Editora UFJF)
Maria Teresa Barbosa é uma das organizadoras dos livros “Ambiente Construído e sua sustentabilidade” (2014) e “Ambiente Construído e Estratégias Sustentáveis” (2019) publicados pela Editora UFJF. As obras fazem parte de uma coleção sobre ambiente construído e desenvolvimento sustentável, e teve como objetivo reunir um grupo de pesquisadores atuantes na área de sustentabilidade na construção civil para divulgar as pesquisas desenvolvidas nas engenharias sobre a sustentabilidade do Ambiente Construído.
O termo “Ambiente Construído” se refere ao espaço físico planejado e construído pelos seres humanos com o objetivo de alterar o ambiente natural para se adequar às necessidades humanas. Os estudos de engenharia e arquitetura relacionados tendem a buscar soluções inovadoras e sustentáveis em prol do bem-estar humano.
Matéria: Clara Silveira Gomes
Edição: Andréia Sixel e Nathalie Reis