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Selo editorial da UFJF lança e-books sobre religião, gênero e resistência cultural

O Selo Editorial Estudos de Religião, em parceria com a Editora UFJF, disponibilizou dois novos títulos em formato de e-book, gratuitamente: “A verdade os libertará!? Autoprodução de um sistema religioso confessional” e “Mulheres na encruzilhada: a médium e sua pomba-gira cigana”.

A verdade os libertará?

Culto em comemoração aos 113 anos da Ielb, em 2023 (Foto: Divulgação)

O livro “A verdade os libertará?!” investiga a história da Lutheran Church Missouri Synod (LCMS) e sua filial brasileira, a Igreja Evangélica Luterana do Brasil (Ielb), com foco na construção e manutenção de seus sistemas religiosos confessionais.

Em sua análise, o autor Elvio Nei Figur analisa como essas igrejas confrontaram influências internas e externas, preservando as doutrinas ortodoxas, e aborda as dinâmicas e tensões que marcam o desenvolvimento dessas instituições.

Figur conta que imaginou um trabalho envolvendo a temática da verdade religiosa, inspirado pela passagem bíblica do livro de João (8:32): “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. Inicialmente explorada na dissertação de mestrado do autor, o tema foi aprofundado em sua tese de doutorado, defendida na UFJF. O livro, resultado dessa pesquisa, questiona a imagem – sustentada pelo próprio grupo religioso – de uma igreja ortodoxa, inabalável em suas doutrinas. Figur ainda adiciona que essa lógica é aplicável a outros sistemas religiosos.

Clique aqui para acessar a obra na íntegra.

Combate ao racismo religioso e à misoginia

Representações de entidades da Umbanda (Foto: Fernando Podolski / Canva)

Organizado pela professora Sônia Lages, o livro “Mulheres na encruzilhada: a médium e sua pomba-gira cigana” discute questões de gênero no universo religioso afro-brasileiro. A pesquisa, realizada entre os anos de 2004 e 2008 em um terreiro de Umbanda em Juiz de Fora (MG), analisa como o campo religioso e a comunidade podem promover formas de empoderamento feminino. Além disso, a obra aborda o racismo religioso – fenômeno que, conforme a autora, está enraizado na lógica colonial que historicamente minimiza a relevância da cultura negra na formação do país.

A autora aponta que a religião pode tanto reforçar formas de violência estrutural — física, psicológica, emocional e sexual — quanto atuar como promotora de igualdade, “como acontece na Umbanda, quando muitos terreiros recebem as pomba-giras, entidades femininas sagradas, empoderadas e transgressoras”. De acordo com Lages, essas entidades expressam “símbolos ligados à sensualidade, à liberdade, à solidariedade entre as mulheres e à resistência aos valores morais construídos pelo patriarcado e pelo cristianismo, que tentam controlar seus corpos e mentes”.

Já no que diz respeito à área da Ciência da Religião, a pesquisadora, que é professora no Instituto de Ciências Humanas da UFJF, afirma que a obra é um “instrumento rico” para pesquisadoras e pesquisadores interessados nos temas da espiritualidade, experiência religiosa de mulheres, resistência cultural e em discutir as relações de gênero na sociedade.

Clique aqui para acessar a obra na íntegra.


Matéria: Paulo Henrique Costa Totti

Edição: Laís Cerqueira