A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) estará representada em um dos festivais mais importantes de cinema LGBTQI+ da Europa, o Chéries-Chéri, realizado em Paris, na França entre os dias 16 e 26 de novembro. O curta “Queer I”, dirigido pelos alunos Ciro Cavalcanti e Danielle Menezes em parceria com o diretor Antony Hickling, participa na categoria de curtas-metragens com temática queer, concorrendo com filmes dos Estados Unidos, Bélgica e França.
O filme surgiu a partir de uma oficina realizada na III Semana Rainbow pelo diretor franco-inglês, Antony Hickling. O curta aborda as relações entre a natureza, o orgânico e os corpos diversos, buscando responder à questão sobre “o que é queer?”. A ideia original foi se desenvolvendo para além do evento e da atividade, consolidando-se de fato como um curta em outubro, quando os participantes da oficina decidiram pelo formato e concepção final da produção.
O curta foi gravado inteiramente com o uso de celulares, ideia proposta para desafiar a criatividade dos diretores e também para reduzir os custos da produção. Para o coordenador de produção do filme e professor do departamento de Turismo da UFJF, Marcelo Carmo, a participação do diretor anglo-francês foi fundamental por permitir que “o filme pudesse ser gerado, produzido e finalizado totalmente através do uso de aparelhos celulares. Foi um exercício de equipe que não poderia ter sido feito sem a visão dele.”
Aprendizado e oportunidade
A idealização da produção de um curta foi abraçada pelos participantes da oficina tão logo foi proposta. A ideia, que iniciou com uma forma de abordar a multiplicidade e a diversidade da natureza humana e do meio-ambiente, se expandiu ao longo da elaboração do filme, abordando questões como a liberdade e a presença de corpos diversos na sociedade atual.
A produção do curta mostrou-se cada vez mais presente no cotidiano dos diretores, como afirma Danielle Menezes, co-diretora do curta. Para ela, o contato com a profissionalização exigida de um processo de criação como esse foi essencial para o resultado final. “No começo, entramos com a cabeça de que seria uma coisa muito simples. Mas quando tivemos contato com o Antony e com o que ele esperava, pudemos perceber que era um grande volume de trabalho. Foram mais de 15 versões até chegarmos no produto final que temos hoje, o que ampliou muito nossas perspectivas de produção.”
Para o outro diretor de “Queer I”, Ciro Calvacanti, a participação do filme em um festival como o Chérie-Chéri foi uma oportunidade impensável antes da oficina. “A oportunidade de participar e viajar para um festival como esse, enquanto aluno de graduação e representando a nossa Universidade, é uma chance única para nós. Em um contexto de falta de recursos públicos, a produção de um curta como esse é um desafio muito grande. Foi uma carga profissional de intercâmbio maravilhosa para a nossa construção enquanto alunos e diretores.”
Sobre o festival
Criado em 1994 com o nome de Cinema de Gays e Lésbicas de Paris (FFGLP), o Chéries-Chéri é um festival anual realizado em Paris entre outubro e novembro. A ideia é exibir produções de filmes LGBTQI+ originais e inéditos, oferecendo um local de expressão para artistas da comunidade poderem divulgar e exibir seus trabalhos. O nome atual vem da expressão “Querida, querida”, repetida pela atriz Alice Sapritch, na peça “Chéries-Chéris”, de 1980.
O festival, que está em sua 25ª edição, acontece entre os dias 16 e 26 de novembro. A programação conta com a exibição de longas-metragens, curtas-metragens, documentários e mostras de cinema internacional, além de premiações para as competições diversas presentes no festival. Os alunos estão se mobilizando para viabilizar recursos para a viagem.
O projeto é viabilizado com recursos de emenda parlamentar da deputada federal Margarida Salomão (PT-MG).
Outras informações: (32) 98866-7801 ou semanarainbowufjf@gmail.com