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Cograd discute condições no Ensino Superior para pessoas com deficiência

A inclusão e a permanência de pessoas com deficiência nas instituições de ensino superior foram o tema de discussão desta sexta, 28, último dia do encontro regional do Colégio de Pró-reitores de Graduação (Cograd) da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes).

A reunião, que recebeu representantes de 14 instituições na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), começou na quinta, 27. Durante os dois dias de evento foram discutidos três grandes temas: condições de verificação de negros e indígenas na universidade, políticas de acompanhamento acadêmico e políticas de ingresso e permanência de estudantes com deficiência.

O pró-reitor adjunto de Graduação da UFJF e coordenador do Cograd/Sudeste, Cassiano Caon Amorim, destacou que a troca de informação com outras universidades é fundamental para desenvolver ações que atendam melhor a comunidade acadêmica. “Nós já temos uma política de verificação de pessoas com deficiência, mas a UFJF ainda não tem uma política sistemática de acompanhamento acadêmico e acabou de aprovar a comissão de verificação das pessoas negras e indígenas. Então ver a experiência de outras universidades nos ajuda tanto a criar modelos quanto a aprimorar o que já temos”,  afirmou Amorim.

A mesa de discussão recebeu os professores Waleska Giannini Pereira da Silva, da Pró-reitoria de Graduação da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Adriana Maria Valladão Novais Van Petten, diretora do Núcleo de Acessibilidade e Inclusão (NAI) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Ademir Donizeti Caldeira, da Pró-reitoria de Graduação da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar).

Conscientização
Os profissionais falaram sobre os desafios de garantir a permanência de pessoas com deficiência na universidade, ressaltando a necessidade de mais recursos financeiros e de fornecer mais capacitação. Walesca lembrou as dificuldades específicas da UFRRJ para realizar obras arquitetônicas, visto que os prédios da instituição no Campus de Seropédica (RJ) são considerados patrimônio cultural – o que contrasta com a realidade do outro campus da Universidade, o de Nova Iguaçu,construído pensando na acessibilidade. Ela também destacou a falta de empatia de parte da comunidade acadêmica, reforçando a necessidade de realizar campanhas de conscientização com docentes; e o fornecimento de uma bolsa de auxílio acessibilidade.

Adriana apresentou as ações desenvolvidas pelo NAI, núcleo criado em 2015 e vinculado ao gabinete da reitoria na UFMG. A professora enfatizou que o primeiro passo deve ser buscar informações sobre o público para elaborar estratégias que atendam às demandas e, para isso, é essencial informatizar os dados dos estudantes e servidores. Como resultado dessa análise, notou-se que a média de idade das pessoas com deficiência que ingressam na UFMG é de 28 anos e que o tempo entre a conclusão do Ensino Médio e o ingresso no Ensino Superior é de aproximadamente oito anos. “Nossa expectativa é poder consolidar a Universidade como pública, diversa e inclusiva.” Adriana lamenta, ainda, que nem todas as vagas disponibilizadas para pessoas com deficiência são preenchidas na instituição.

Esta também é a realidade na Ufscar, que neste ano reservou 326 vagas e teve 52 preenchidas. De acordo com Caldeira, a instituição se preocupa em garantir o acolhimento das pessoas com deficiência desde a matrícula, quando tenta concentrar todas as etapas em um único dia. Ele ressalta que a Universidade possui há dez anos a Secretaria de Ações Afirmativas, Diversidade e Equidade, que é ligada ao gabinete da reitoria e contempla a Coordenadoria de Inclusão e Direitos Humanos. O professor lembrou também algumas ações desenvolvidas na instituição, como a adaptação de matérias de estudo de acordo com a necessidade do aluno, em projeto realizado junto com a Secretaria de Educação a Distância.