A reunião da Regional Sudeste do Colégio de Pró-reitores de Graduação da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Cograd/Sudeste-Andifes) teve início na manhã desta quinta-feira, 27, na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Participam do encontro, que termina nesta sexta-feira, 28, gestores de graduação de todas as universidades federais dos estados do Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, e dos centros federais de Educação Tecnológica do Rio de Janeiro (Cefet-RJ) e de Minas Gerais (Cefet-MG).
Nesses dois dias, o grupo debaterá processos e dinâmicas próprios dos cursos de graduação, especialmente questões relacionadas às comissões de verificação de pessoas com deficiência, pretas, pardas e indígenas. Outra temática a ser abordada será o acompanhamento acadêmico dos graduandos.
As atividades da reunião regional do Cograd foram abertas pelo reitor da UFJF, Marcus Vinicius David, e pela vice-reitora, Girlene Alves da Silva. “Sejam todos bem-vindos. Gostaria de reafirmar nosso compromisso com uma Universidade mais justa e mais democrática. Os temas a serem debatidos por vocês são muito importantes para nós. A Graduação tem nos colocado questões desafiadoras e tenho certeza de que as reflexões em conjunto e as trocas de experiências serão muito proveitosas para todas as instituições”, disse Girlene.
Também deram as boas-vindas aos convidados a pró-reitora de Graduação, Maria Carmen Simões Cardoso de Melo, e o pró-reitor Adjunto e coordenador do Cograd/Sudeste, Cassiano Caon Amorim.
Análise da conjuntura
Na abertura do Cograd/Sudeste, o reitor Marcus Vinícius David – que é doutor em Administração e graduado em Economia – realizou uma análise da conjuntura, especialmente do cenário econômico do país a partir de 2014, enfatizando os impactos para as universidades públicas brasileiras. “Com o agravamento da crise de 2014 em diante, houve uma perda de receita pelo Estado. Em momentos de crise, a atividade econômica é menor e, sendo assim, o Estado arrecada menos impostos. Isso provocou um desequilíbrio das contas públicas.”
David acrescentou que todas as intervenções visando ao equilíbrio orçamentário do país foram focadas no corte de gastos públicos, ou seja, não houve enfoque nas possibilidades de ampliação das receitas do Estado. “A aprovação da PEC do Teto de Gastos é um exemplo claro. Mas as economias mais desenvolvidas do mundo não usam teto. Por que o Brasil usa? A minha teoria é que não se trata de uma medida econômica, mas sim política, para se chegar a um determinado modelo de Estado. A proposta é reduzir o tamanho do Estado.”
O reitor salientou que a discussão acerca do modelo de Estado é legítima. Todavia, na avaliação de David, é fundamental que haja um amplo debate sobre o assunto com toda a sociedade. “O debate deveria ter sido feito antes da aprovação da PEC do Teto. Até os economistas liberais sabem disso. A proposta era eliminar o SUS, inviabilizar as Universidades? Isso deveria ter sido apresentado à sociedade brasileira, para que a sociedade decidisse. Fazer esse debate agora é como um médico abrir um paciente, sem exames prévios, e durante a cirurgia, com o corpo aberto, tentar resolver com a equipe qual é a melhor alternativa para cura.”
Segundo David, as universidades públicas já sofrem os efeitos da medida e tiveram seus orçamentos reduzidos em, no mínimo, 30% na comparação com os anos anteriores. “Vale destacar que o Ministério da Educação fica com apenas 2%, 2,5% dos recursos da União e as instituições federais de ensino (Ifes) com 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB). Por conta dos cortes, na UFJF, estamos usando receita própria para pagar conta de luz, por exemplo, em vez de desenvolver projetos. Se compararmos os custos das Ifes com os de uma instituição privada de ponta, nossos gastos são menores. É um equívoco pensar o contrário. Refiro-me aos custos de universidades privadas de qualidade, porque não podemos nos pautar pela má qualidade do ensino. As universidades públicas são o principal centro crítico de pensamento da sociedade brasileira. Atacá-las, na minha avaliação, é menos uma questão econômica e muito mais uma questão política.”
Confira a programação completa da reunião do Cograd
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