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Meios de comunicação viram ferramentas para jovens de escola pública

Expressões culturais do bairro Borboleta são registradas pelas lentes do projeto (Foto: Divulgação)

Ao falarmos de uma cidade violenta, lembramo-nos da Cidade Maravilhosa. São Paulo é a primeira resposta quando imaginamos um trânsito caótico. É comum que esses estereótipos sejam reforçados pelos meios de comunicação, o que pode causar revolta àqueles que vivem nas metrópoles e sabem que esses problemas são comuns em outros lugares.

Em 2010, chegou aos cinemas a produção brasileira “5x Favela – Agora por nós mesmos”, na qual jovens cineastas, moradores de favelas, abordam temas como ética, educação, amizade, amor e tolerância, sem deixar de lado a violência e as dificuldades do dia a dia. A proposta, como diz o subtítulo do filme, é dar chance a pessoas da própria comunidade de contarem histórias de seu mundo a sua maneira.

Ideia semelhante é desenvolvida pela professora da Faculdade de Comunicação, Iluska Coutinho, por meio do projeto “Telejornalismo e Fotografia: novos olhares”. O objetivo é trabalhar com o exercício crítico e a produção audiovisual de estudantes do ensino médio da rede pública de Juiz de Fora. “As imagens ocupam lugar central nas notícias veiculadas. Com a iniciativa, os jovens têm a chance de retratar sua própria realidade ao mostrar o que é feito no seu bairro”, afirma a coordenadora.

A iniciativa surgiu a pedido dos bolsistas que faziam parte do projeto “Comunicação para a Cidadania”, no qual oficinas com foco no exercício político da cidadania foram realizadas. De acordo com a docente, as comunidades não buscam somente ter direito à informação. “Existe também uma procura pelo direito à comunicação, na qual os grupos podem se expressar e produzir suas próprias imagens.”

Voos mais altos

Neste ano, os alunos da Escola Estadual São Vicente de Paulo participam do projeto. O diálogo com os jovens e as formas que enxergam o mundo são apontados pelo bolsista Diego Rezende, graduando do curso de jornalismo, como as principais contribuições que são proporcionadas pelo projeto. O universitário acredita que a iniciativa apresenta uma nova realidade para ele. “O contato com pessoas que vivem e estudam em um ambiente social diferente do meu é uma maneira de se livrar de conceitos pré-estabelecidos enquanto acadêmico e ser humano.”

De acordo com a professora Iluska, a iniciativa permite aos jovens resgatarem a própria realidade (Foto: Angélica Simeão/Proex)

Os estudantes colocaram em prática, sob o ponto de vista de cada um deles, o conhecimento adquirido com a gravação de um vídeo, que aborda as questões do transporte público do bairro Borboleta, onde está localizada a escola. Segundo Iluska, o próximo passo é o envio do material e a possibilidade de exibição no quadro “Outro Olhar” do telejornal Repórter Brasil, da TV Brasil.

Além do vídeo, outras ações já estão programadas. “Pretendemos publicar um jornal mural com reportagens feitas pelos alunos, realizar uma exposição de fotos e exibir as produções realizadas no ano passado e neste ano”, ressalta Diego.

Com os trabalhos desenvolvidos desde 2009, a professora estuda a elaboração de um levantamento para contar a história do projeto e analisar as atividades já realizadas. Atualmente, a iniciativa conta com o apoio de bolsistas de extensão e do Programa de Educação Tutorial (PET) da Faculdade de Comunicação e do professor Paulo Roberto Figueira Leal.

Escolas dos bairros Dom Bosco e Santa Cândida já foram atendidas pela ação em anos anteriores. Os colégios públicos interessados em participar do projeto devem entrar em contato com a coordenadora pelo e-mail iluskac@globo.com.