Fechar menu lateral

Semana Nelson Silva resgatou cultura negra no último final de semana

Cortejo saiu da Câmara Municipal em direção ao Centro Cultural Bernardo Mascarenhas (Foto: Willian Oliveira/Proex)

O início da noite da última sexta-feira (29) começou de uma maneira diferente no centro de Juiz de Fora. Em clima de festa, o cortejo que marcou o início da semana Nelson Silva desceu o calçadão da rua Halfeld. A ação teve o intuito de dar visibilidade para o evento e para o movimento negro da cidade.

Durante o percurso, a população parou para ver o cortejo e muitos aproveitaram para tirar fotos. Uma dessas pessoas foi Natália Paganini. Segundo ela, o evento foi importante para chamar atenção da sociedade e da mídia, além de motivar o público a comparecer às mesas e, assim, conhecer mais da cultura africana.

Evento depertou a atenção das pessoas que passava pela Avenida Rio Branco (Foto: Wilian Oliveira/Proex)

Além do cortejo, a Semana contou com mesas redondas, realizadas no Centro Cultural Bernardo Mascarenhas, que discutiram temas como: “o Negro na Mídia” e a “Importância da Religião da Matriz Africana para a Cultura Brasileira”, e a presença de convidados do Rio de Janeiro, São Paulo e São Luís.

O evento foi promovido pelo Batuque Afro-Brasileiro de Nelson Silva, pelo Instituto Cultura do Samba e pela Associação de Reciclagem e Artesanato Lixarte. A ação surgiu do trabalho realizado pelo professor do curso de Geografia, Leonardo Carneiro, no Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (Neab) da UFJF.

Visibilidade
Segundo o professor do curso de Geografia, Leonardo Carneiro, eventos como este tem dupla função. A primeira como manifestação cultural. “É um encontro da cultura popular de raiz africana que existe não somente em Juiz de Fora, mas em toda Zona da Mata”. Além do caráter festivo, Carneiro aponta a presença de um viés político e a necessidade do cumprimento do estatuto da igualdade racial. “É uma festa, mas também um manifesto”, completa o docente.

Para Carneiro, o evento também é uma espécie de manifesto (Foto: Angélica Simeão/Proex)

O professor e membro da comissão de cultura popular, Antônio Carlos, parafraseou a famosa frase do poeta Murilo Mendes ao dizer que Juiz de Fora é um “trecho de terra cercado de piano por todos os lados, e os pianos por tambores.” A frase tem como finalidade mostrar que a cidade não é feita somente de cultura erudita, mas também popular, composta em grande parte por uma produção periférica e negra. “No meio dessa cultura de pianos, que é erudita e branca, existe um grupo de negros por fora desse eixo, celebrando, vivendo e sofrendo”, explica Antônio Carlos.

 

Confira a galeria de fotos do evento no nosso Facebook.