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Cursos de extensão promovem a difusão da Língua de Sinais em Juiz de Fora

Faced oferece dois cursos de Libras para a comunidade

Promover o ensino da Língua de Sinais Brasileira (Libras) por meio da interação entre falantes de Libras e aprendizes. Esse é o objetivo do curso de Libras, promovido pelo professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora (Faced/UFJF), Carlos Rodrigues. A iniciativa, gratuita, é voltada a estudantes, professores, surdos oralizados, familiares de surdos e demais interessados.

O curso é composto de oficinas que, de forma dinâmica e interativa, buscam desenvolver, em nível básico, as habilidades de compreensão, expressão e comunicação em Libras. “A intenção é que os alunos construam referências e significados do uso da Língua de Sinais sem ter que, necessariamente, passar pela Língua Portuguesa”, explica o coordenador.

Nas atividades propostas, os alunos são convidados a participar e interagir com as situações temáticas apresentadas. Para tornar mais fácil a compreensão da mensagem, são utilizados materiais visuais. “Nós sempre usamos métodos que permitam introduzir a Língua de Sinais de uma forma que seja mais clara. Usamos vídeos, imagens e sequência lógica, sempre tentando criar situações cotidianas”, conta a professora do curso e, também, intérprete da UFJF, Carla Couto.

Segundo a professora, as aulas possuem uma continuidade, cujo aprendizado é retomado a cada semana. Dessa forma, os alunos não somente se familiarizam com o vocabulário, mas aprendem com a prática. “O que ensinamos na primeira aula, estamos sempre usando nas seguintes. Não tem como você trabalhar em blocos. É preciso trabalhar o conjunto todo.”

Além de Carla, o curso conta com a colaboração de Sônia Leal, também intérprete da UFJF, e da mestranda da Faculdade de Educação, Érica Barbosa. As atividades acontecem toda terça-feira, às 16h, na sala 16 da Faced, no campus.

Difusão do conhecimento

Curso utiliza recursos visuais para introduzir a Libras

O curso, que iniciou suas atividades em abril, conta com a participação de 20 alunos. Entre eles, está a estudante de pedagogia Daiana Senra, que viu na iniciativa uma oportunidade de aprimorar seu conhecimento. A universitária já fez outros cursos de Libras, mas nenhum, segundo ela, conseguiu proporcionar a aplicação do vocabulário em situações do dia-a-dia. “Nesse curso colocamos os sinais no contexto. Então, você consegue ir muito além de simplesmente decorar. Você entende a gramática e a lógica da Libras”, explica.

A jovem, que é professora do ensino infantil, acredita que o papel do educador é de ensinar na língua dos alunos, seja ela qual for. “Para o professor ser completo, ele tem que saber a língua dos estudantes. Do mesmo jeito que você conhece o universo das crianças que falam o português, você também tem que se informar daquelas que se comunicam por meio da língua de sinais.”

Satisfeita com a iniciativa, Daiana espera, com o término do curso, ter uma base para prosseguir com seus estudos. “Vou conseguir subir mais um degrau no aprendizado dessa língua. Depois pretendo continuar, pois precisamos estar sempre nos atualizando.”

Curso de Intérpretes
Já aqueles que desejam se capacitar profissionalmente encontram no curso “Interpretação Libras-Português” a formação para atuar como intérprete na educação de surdos. Realizado com o apoio da Prefeitura de Juiz de Fora e da Secretaria de Estado de Educação, a iniciativa visa à qualificação de profissionais que atuam na rede estadual e municipal de ensino.

Para Rodrigues, é um direito do aluno ter acesso à interpretação em Língua de Sinais

De acordo com Rodrigues, o curso atende a uma demanda do processo educacional na cidade, já que tanto o ensino da Libras quanto a atuação dos intérpretes são regulamentados pelo decreto 5.626. “É um direito de o aluno ter a interpretação em Língua de Sinais. A Universidade e outras instituições de formação de professores devem, obrigatoriamente, promover a difusão desta língua. Assim, além de promover a inclusão dos surdos, estamos cumprindo com as novas diretrizes educacionais estabelecidas no país.”

Ainda segundo o coordenador, Juiz de Fora possui uma carência de profissionais qualificados para atuar como intérpretes educacionais, o que o motivou a promover um curso capaz de agregar conhecimento e experiência àqueles que já trabalham na educação de pessoas com surdez na cidade. “Estamos conseguindo promover uma qualificação e formação desses profissionais.”

O curso oferece uma base pedagógica, que permite a compreensão do papel do intérprete no ambiente educacional e de suas funções. Segundo Carla, as aulas têm fundamento teórico e são ministradas em português. “Os participantes já precisam conhecer a língua de sinais, pois o foco é a tradução e a interpretação. Estudamos quais as competências necessárias para fazer essa transferência do português para Libras e vice-versa.”

A iniciativa é oferecida pela primeira vez na cidade e, segundo o coordenador, superou as expectativas. “Conseguimos reunir os profissionais que atuam nesta área para uma formação. Temos quebrado barreiras entre os grupos que não tinham nenhum tipo de contato ou que atuavam isoladamente. Com essa interlocução, temos promovido um intercâmbio entre esses grupos, criando uma nova identidade profissional do intérprete de Libras na cidade”.

As aulas são realizadas todas as segundas-feiras, às 17h, na sala 14 da Faced, e contam com a participação de cerca de 40 alunos. As atividades de ambos os cursos têm como previsão de término o mês de julho.

Outras informações: 2102-3667